Na semana passada, eu e meu amigo, Ueré Romano, tivemos o prazer de conversar com o experiente Fauze Abdouch, que é, dentre suas várias atividades no ramo do entretenimento, sócio-fundador do Laroc Club. Este completou agora, em outubro, 5 anos de vida recheados, com a presença de vários grandes artistas, diversas inovações e quebra de barreiras a cada abertura e, sem nenhuma dúvida, noites e memórias inesquecíveis.
Apesar da vida curta, o club já se consolida como um dos maiores e mais relevantes da música eletrônica no Brasil e no mundo, atingindo o ranking #18 do Top 100 Clubs da DJ Mag 2020.
Laroc Club comemora 5 anos de vida
Em 24 de outubro de 2015, o mais novo club de música eletrônica brasileiro baseado a mais de uma hora da capital de São Paulo, abria as suas portas pela primeira vez, com a proposta de promover uma experiência completa a cada abertura. Este último é talvez a chave para o sucesso do Laroc.
Como o próprio sócio-fundador disse, não há apenas um único fator que explique a brilhante jornada percorrida e o êxito conquistado até aqui, mas sim, um árduo trabalho em diversas frentes para proporcionar uma experiência completa e profunda.
Se o Laroc trouxesse big names, mas a estrutura fosse muito ruim, não daria certo. Se tivéssemos um atendimento muito bom, mas atrações não muito interessantes, também não daria certo.
Para os frequentadores do lugar, a frase acima, nos traz à memória, de forma automática, diversos acertos de atendimento, estrutura, comunicação e line-up do club. O grande desafio, portanto, foi desenvolver e orquestrar cada uma dessas faces.
O primeiro turning point da casa, na concepção de Fauze, foi logo após o segundo aniversário. O começo foi de certa instabilidade, com variações de público a cada abertura e sold outs não tão rotineiros. Ao passar do tempo, a curva de aprendizado amadureceu e os sócios passaram a fazer as adaptações necessárias de acordo com a reação do público, afinando a escolha de artistas e de outros fatores essenciais. “Os acertos passaram a ser recorrentes”, lembra o empresário.
Conversamos ainda sobre o Ame, vertentes em ascensão e possíveis futuros para a cena. A criação do Ame Club, um segundo espaço ao lado do Laroc, foi um outro ponto-chave para a trajetória. O espaço aspira absorver um movimento mais underground, que ascende no Brasil nos últimos anos e flerta com o foco das atenções de ouvintes e contratantes. Mesmo se tratando de um outro organismo independente, que aparenta não influenciar o seu irmão mais velho, o Ame concede uma liberdade para a curadoria do Laroc ao hospedar representantes do tech house e techno, mas, ao mesmo tempo, induz e abre ainda mais espaço para o club principal trazer grandes nomes nacionais e internacionais.
Com a pandemia, o club, assim como todas as empresas do ramo de entretenimento, foi pego de surpresa e foi obrigado a se adaptar e se reinventar para continuar ligado ao seu público. O momento foi de intensificar e expandir o trabalho on-line que já estava sendo realizado, por meio de livestreams de DJ Sets transmitidos diretamente de seu palco, o Ame Laroc Festival – Live Edition, com direito à presença de Vintage Culture, Chemical Surf, Liu e outros e até mesmo um álbum com 10 musicas exclusivas para comemorar os 5 anos.
Apesar da infinidade de ações que o canal nos permite, a experiência presencial nunca será substituída por completo, ainda mais quando falamos de festas de música eletrônica, onde o essencial é sentir a energia da pista e compartilhar o momento com as pessoas ao seu redor. “A experiência física nunca será substituída. A pressão do som, por exemplo… não dá para sentir pela Internet”, afirma Fauze. A estratégia, pelo que se pode perceber, consiste em manter o público conectado e proporcionando um vislumbre do Laroc, ainda se preparando para a retomada das atividades presenciais.
A capacidade de se adaptar a novos cenários e tendências, somadas à personalidade rapidamente estabelecida do club, coloca o Laroc na posição de um nome sólido mas também, curiosamente, ainda promissor na cena nacional e mundial de música eletrônica.
Em um momento em que festivais se tornam expoentes do entretenimento musical e clubs encolhem em representatividade, o atual #18 do mundo conseguiu rapidamente firmar os pés, cultivar público do Brasil inteiro e mover barreiras em meio a uma cena carente de inovações.
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Por Bruno Mendez – Fala! ESPM