Foi em um contexto de efervescência científica e estabelecimento da fotografia na cultura que o movimento artístico impressionista tomou forma.
Após a Revolução Francesa, durante a crescente industrialização, começa um processo de ruptura com a tradição vigente na Europa. Os artistas, agora, sentem-se mais livres para expressar suas posições políticas e retratar o cotidiano de forma mais realista.
Algum tempo depois, na França do século XIX, Napoleão III reconstrói Paris e todo o prestígio artístico passa a depender da Academia Francesa de Belas Artes (Académie des Beaux-Arts), havendo pouco espaço para a experimentação. Os júris dos seus Salões Anuais preferiam temas mais tradicionais, como a religião e a retratação histórica. E também impunham várias regras em questões de técnica.
Os impressionistas não se enquadravam nesse modelo, mas também não se identificavam com o Realismo, que tinha uma postura mais política, enquanto eles queriam ver a tela como a obra em si.
Influenciados pela fotografia, os artistas repararam que as obras – chamadas de “academicistas”- eram perfeitas demais e o campo focal humano não ia tão longe como nas pinturas.
Se por um lado, a fotografia copiava uma cena e não era mais papel exclusivo da arte retratá-la, por outro, na vida real, não acompanhamos os contornos de maneira marcante – as formas se perdem na luz e os nossos olhos não focam em uma cena como em um quadro, mas sim, em pontos específicos como recortes da nossa impressão.
Impacto dos impressionistas na arte
Os impressionistas expressavam a sensação de um momento através do contraste da luz, da cor, relevos de tinta e variações de ângulo, abolindo a estética da tela chapada e dos motivos super enquadrados. A cena é retratada pelos olhos do pintor.
Isso foi um divisor de águas entre a arte do século XIX e XX, que até então se concentrava muito mais na busca por um ideal.
Apesar de nunca ter se considerado parte do movimento, Édouard Manet, chamado por muitos críticos de pai da Arte Moderna, foi quem inspirou os primeiros impressionistas com seu contraste de luz e sombra, pinceladas simples e sua postura questionadora das técnicas e motivos acadêmicos. Manet teve uma série de quadros no Salão dos Recusados – salão de obras rejeitadas pelo salão oficial – antes de ter sua primeira tela exposta pela Belas Artes em 1861.
Em 1873, A Associação Cooperativa e Anônima de Pintores, Escultores e Gravadores formada por admiradores de Manet (Monet, Pissarro, Sisley, Renoir, Berthe Morisot, Cézanne e Edgar Degas) apresentam suas telas no estúdio do fotógrafo Félix Tournachon Nadar, trazendo também vários artistas convidados, formando ao todo 30 expositores.
É nesse estúdio que Claude Monet expõe Impressão: Nascer do Sol. Pintura que dá nome ao movimento, retirada da famosa crítica de Louis Leroy:
Impressão, nascer do Sol – eu bem o sabia! Pensava eu, justamente, se estou impressionado é porque há lá uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha.
Principais características do impressionismo
Os impressionistas não buscavam pintar um objeto exatamente como é, mas sim, a percepção visual de uma cena sob a luz.
Como muitas vezes exploravam a pintura ao ar livre e as mudança de cores no céu, os pintores tinham de ser ágeis, não sobrando muito tempo para acabamentos.
O preto era uma cor evitada. A sombra era percebida pelo contraste entre a adição de pinceladas de branco, como pontos de luz.
As figuras não possuíam contornos nítidos e as cores se misturavam através da percepção visual de quem vê a imagem. Há variação dos ângulos, registro dos movimento e a percepção do instante, herdados da fotografia.
O Impressionismo influenciou várias outras correntes que vieram a seguir, como o Pós-expressionismo, o Fauvismo e o Dadaísmo. Até hoje, os preceitos básicos do movimento influenciam a arte visual, a literatura, a música, produções gráficas e propaganda.
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Por Loara Tomaz – Fala! Universidade Federal do Tocantins