Jovens de diversas instituições contam como estão lidando com o ensino a distância e quais são as dificuldades enfrentadas
Diante da chegada do coronavírus ao Brasil e de sua rápida dispersão pelo país, escolas, faculdades e cursinhos foram obrigados a suspender suas aulas presenciais. Para não perderem o semestre ou, até mesmo, o ano letivo, a maioria dos estabelecimentos de ensino adotou o Ensino a Distância, mais conhecido como EAD. Contudo, essa adaptação não foi homogênea. Letícia e Giovanna, estudantes de duas instituições diferentes, relataram as decisões das escolas em que estudam e as dificuldades enfrentadas.
Letícia Carpi Baggio, 17 anos, é aluna da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e está no primeiro ano de Relações Públicas, carinhosamente apelidado de RP. Ela relatou que a UFPR, desde o começo, foi a favor do isolamento, cancelando as aulas precocemente.
Entretanto, diferentemente de outras universidades e escolas pelo Brasil, a Federal do Paraná decidiu suspender seu calendário, uma vez que muitos de seus estudantes não teriam condições de acompanhar aulas ministradas remotamente por não terem acesso à Internet nem aos equipamentos necessários. “Existem dois tipos de mundo dentro da universidade”, explicou.
Já na Grande São Paulo, Giovanna Maria Panzoldo Imperato, 17 anos, aluna da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, contou que houve certa relutância em relação à suspensão das aulas presenciais, fazendo com que alguns professores não aderissem imediatamente ao novo modo de lecionar. Além da desconsideração de certos professores, ela disse, opinando sobre a ação de distribuição de computadores e redes de Wi-Fi para alunos que não os possuem: “Não acho que seja o suficiente para lidar com a situação”.
Estudantes revelam opiniões sobre o novo formato de aulas
Ao ser questionada sobre sua opinião quanto à decisão de suspensão do semestre, Letícia se mostrou defensora desse posicionamento, visto que não se está perdendo qualidade no ensino, não gostaria nem é adepta do EAD e, por fim, não é o que a faculdade tem a oferecer. “Sinto que estaria perdendo tudo que eu escolhi, sabe? Toda a minha experiência de morar fora, com o campus, com as pessoas, com professores da faculdade e com as aulas presenciais”, confessou.
Paralelamente, Giovanna, apesar de estar tendo aulas remotas, também acredita que está perdendo qualidade e, principalmente, a dinâmica de debates e divergência de opiniões – algo que ela considera importantíssimo em um curso de Direito. “A dinâmica EAD impossibilita ou dificulta muito isso, porque é basicamente o professor falando e os alunos só assistindo passivamente à aula, sem essa troca de informações e de conhecimentos”, afirmou.
A franciscana mencionou ainda que, com aulas mais teóricas do que nunca, os docentes estão passando uma quantidade excessiva de textos e solicitando análises e interpretações a fim de manterem os alunos estudando.
Embora esse novo modo de aula motive os discentes a manter o ritmo, Giovanna revelou que, com ela, está acontecendo o contrário, já que a quantidade exorbitante de materiais entra em conflito com o seu perfeccionismo nos estudos, comprometendo seu desempenho e diminuindo seu ritmo. “Nesse caso não é um menos é mais. Está sendo um mais é menos”.
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Por Júlia Pupo Mucha Fagá – Fala! Cásper