Tornou-se recorrente entrar no Instagram, no final de tarde, e ter a página inicial bombardeada de transmissões ao vivo, principalmente de artistas famosos e grandes marcas. A falta de perspectiva e a imprevisibilidade de tudo voltar ao normal em meio a esse mundo pandêmico, faz dessa rede social o principal refúgio, quase uma válvula de escape para aqueles que procuram entreter-se, ensinar, aprender, ou apenas distrair.
O Instagram foi criado em 2010, numa parceria entre o brasileiro Mike Krieger e o norte-americano Kevin Systrom. Inicialmente, o aplicativo chamava-se Burbn, mas, no final do mesmo ano, foi repensado para Instagram, que é a junção de Instant Camera (câmera instantânea) e Telegram (telegrama).
Dois anos depois, já com mais de 20 milhões de usuários, o Instagram ganha uma expansão para versão Android e, ao final do mesmo ano, é comprado pelo Facebook num valor estimado de 1 bilhão de dólares. A partir de então, o sucesso só aumentou e a empresa se viu na necessidade de expandir as funcionalidades do aplicativo – surge então o ”direct”, basicamente a função do snapchat, enviar uma foto ou vídeo de forma privada para uma pessoa específica, podendo manter ainda um rápido bate-papo. Pode-se resumir em uma junção simples de Snapchat com WhatsApp.
No entanto, as verdadeiras inovações dentro do app vieram em 2016. No início de agosto, é criado o Instagram Stories, mais uma remodelagem do que fazia o Snapchat, compartilhamento em tempo real de imagens e vídeos que desaparecem após 24 horas, com a possibilidade de incluir emojis e gifs. Foi muito adotada pelas empresas, por estabelecer uma relação mais intimista com o cliente.
O fenômeno das lives
Atualmente, o story é o recurso mais utilizado pelos usuários, ganhando novidades a cada atualização. Já no final do mesmo ano, o Instagram anunciou o recurso do vídeo ao vivo, as famosas lives. De início, não fez tanto sucesso como os stories, uma vez que o Facebook e o YouTube já possuíam tal recurso. Mas, ao passar dos anos, foi ganhando mais popularidade, principalmente com o desenvolvimento da opção de duas pessoas estarem ao vivo na mesma tela.
Nada se compara à utilização desse recurso nos dias de hoje, pessoas que nunca tiveram Instagram, e até nem sabiam da existência, criaram uma conta apenas para produzir conteúdo e fazer as lives. Exemplo disso, foi o cantor Toquinho, que precisou aderir ao aplicativo no intuito de divulgar sua live, que ocorreu no dia 9/5. A música é uma das principais categorias no universo das lives, muitos artistas tiveram seus shows cancelados, então, tornou-se uma maneira de proporcionar esse ‘show à distância’ para os fãs.
Algumas lives se destacam por conta da enorme visibilidade e do alcance. Um exemplo disso é o caso do empresário e educador financeiro Thiago Nigro, que durante o mês de abril desenvolveu um projeto de desenvolvimento pessoal e financeiro com lives noturnas diárias. Em determinados dias, seu alcance chegou ao de 150 mil pessoas simultâneas acompanhando o workshop. Diversos são os casos de pessoas que fizeram das lives seu compromisso diário, seja por simples prazer ou como forma de levar algum conteúdo gratuito para as pessoas.
Professores estão se disponibilizando, também, para levar algum tipo de conteúdo gratuito, num momento em que a busca por esclarecimentos e informações está cada vez maior.
O humorista Fábio Porchat, de segunda a sexta, recebe um convidado ao vivo, normalmente algum famoso para debater temas e questões atuais. Políticos também são recorrentes nas lives do Porchat, já passaram por lá Fernando Henrique Cardoso, Marcelo Freixo, João Amoedo, entre outros.
Já o ator Lúcio Mauro Filho, outro adepto ao aplicativo, criou o LouçaLive, após o almoço, em torno de uma da tarde, ele faz lives lavando a louça, ouvindo música e interagindo com o público que varia de 100 a 150 pessoas simultâneas, um uso mais descompromissado que visa, simplesmente, a interação com os espectadores.
Isso é a prova de que público procura, principalmente, ocupação, seja ela da maneira que for e, sem dúvida, o Instagram está conseguindo proporcionar isso. E por mais que possa ser um desafio para muitos, a iniciativa de tentar transformar e se adaptar é muito valiosa. Vivemos num momento sem precedentes, a criatividade e a inovação são as chaves para se tornar apto a receber um futuro cheio de mudanças.
Como o brasileiro criador do aplicativo disse:
A grande lição que aprendi é que você nunca estará preparado para os desafios que vão surgir…o importante é aprender rápido e poder consultar pessoas que já passaram por coisas parecidas.
Mike Krieger
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Por Pedro Tavares – Fala! UFRJ