Conhecida por seus diversos símbolos, a Escócia possui um mito como seu símbolo nacional
A Escócia possui diversos símbolos populares que, à primeira vista, nos remete ao país, como o kilt, os tartans e o uísque. Todos esses possuem um significado muito lógico para o século XXI, porém, no século em que lendas e mitos fazem parte apenas de livros infantojuvenis, o unicórnio, o símbolo nacional do país, parece algo surreal e sem noção. Para compreender essa figura, é necessário conhecer o significado por trás desse ser mítico e sua importância para o povo escocês.
A primeira citação a respeito de unicórnios é datada em 4 a.C., na Grécia Antiga, por Ctesias, médico e historiador grego, em sua obra Indica, na qual menciona a criatura como um “asno selvagem”, com um chifre brotando de sua têmpora. Essa descrição é similar ao do animal pré-histórico denominado de Eslamotério (Elasmotherium sibiricum), também conhecido como unicórnio siberiano, essa espécie seria um ancestral do rinoceronte. Além de Ctesias, o filósofo grego Aristóteles, teria citado tal criatura em algumas obras, descrevendo-o como um animal robusto e dócil.
A crença ao animal se fortalece com a aparição de um ser muito semelhante no Antigo Testamento, mas não é possível afirmar se o que é descrito é a figura mitológica que conhecemos. Para alguns historiadores, pode ser uma má tradução do hebraico para outros idiomas, ou uma interpretação errônea do animal. Atualmente, bíblias mais recentes trocam a palavra unicórnio por “boi selvagem” ou búfalo, para que não haja confusão entre o animal mágico e o bíblico.
Durante o período medieval, lendas a respeito de unicórnios se tornam populares, tornando-se muito popular, principalmente, pelos povos europeus. Neste período, adquire um significado que perdura até hoje, como um animal forte, puro e casto, que só poderia ser domado por mulheres virgens e grandes reis.
No século 12, Guilherme I, conhecido como Guilherme, o Leão, adota o unicórnio como parte do brasão real escocês. Porém, foi James II que abraçou as lendas e significados que rondavam tal criatura, popularizando a imagem do ser mitológico entre o povo. Para os escoceses ele representa suas almas, fortes e puras, com um rei capaz de prender tais criaturas.
Sendo assim, o Brasão Real da Escócia era representado por dois unicórnios acorrentados, que se posicionavam lado a lado ao leão escocês, como servos.
Para alguns, o unicórnio já é o símbolo do povo escocês há muito tempo. Povo originado por povos celtas, conhecidos por sua ligação e relações mágicas, o unicórnio já seria um animal conhecido pela cultura escocesa e já era, há tempos, sua força mágica.
Para os ancestrais dos que habitam atualmente a Escócia, a ligação mágica dos escoceses seria o real motivo para o unicórnio os representar, além de ser puro e forte, está relacionado a forças míticas que cercam o território. Após a União das Coroas, em 1603, o Brasão escocês incorporou elementos do brasão inglês, mostrando a união entre os reinos, um representado pelo leão inglês e o outro pelo unicórnio escocês.
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Por Luiza Nascimento Lopes – Fala! PUC