A cerimônia de premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, conhecida como Oscar, teve seu início no ano de 1927, e passou a premiar anualmente filmes e profissionais da indústria do cinema com a estatueta de ouro, um dos prêmios mais importantes da cultura em geral.
Porém, muitos receptores das estatuetas, por diversos motivos, causaram indignação por parte do público e até mesmo da própria indústria. Veja aqui cinco vezes em que polêmicas tomaram conta da premiação:
1. Manchester à Beira-Mar (2016)
Não se pode negar que o ator Casey Affleck fez um ótimo trabalho em Manchester à Beira-Mar, interpretando Lee Chandler, um homem que precisa cuidar de seu sobrinho após a morte do irmão. Porém, a polêmica trata-se de motivos externos à produção do filme.
Em 2010, durante as filmagens do longa-metragem Eu Ainda Estou Aqui (dirigido por ele mesmo), Affleck foi acusado de assediar a produtora Amanda White, que exigiu 2 milhões de dólares.
Quando o ator recebeu a estatueta, um murmúrio geral em torno do fato começou nas redes sociais, com usuários criticando a Academia por “passar a mão na cabeça de um abusador”, conforme uma usuária do Twitter.
O filme também venceu o Oscar de ‘Melhor Roteiro Original’, entregue para Kenneth Lonergan.
2. O Pianista (2002)
Quando Roman Polanski foi anunciado como vencedor do Oscar de ‘Melhor Diretor’ pelo seu trabalho em O Pianista, percebeu-se que o cineasta não havia comparecido. Sua ausência devia-se a uma razão perturbadora.
Em 1977, Polanski foi acusado de drogar e abusar sexualmente de Samantha Geimer, uma adolescente de 13 anos de idade. Devido a esse motivo, o diretor não poderia entrar nos Estados Unidos sem o risco de ser preso, algo que lhe ocorreu algumas vezes, mas nunca com o cumprimento completo da pena. Anos mais tarde, o caso foi arquivado a pedido da própria vítima.
Mas as pessoas nunca se esqueceram do caso. No dia 28 de fevereiro de 2020, Roman Polanski foi premiado com o César, conhecido como o ‘Oscar Francês’, pela sua direção no filme O Oficial e o Espião. Como protesto, diversas pessoas deixaram a cerimônia, mesmo sem o diretor estar presente no local.
3. O Poderoso Chefão (1972)
Na cerimônia de 1973 do Oscar, Marlon Brando conquistou o segundo Oscar de ‘Melhor Ator’ de sua carreira, naquela que seria considerada uma das melhores performances feita por um ator.
Ao ser anunciado, porém, o intérprete de Don Vito Corleone não subiu ao palco. Quem apareceu, na verdade, foi Sacheen Littlefeather, uma indígena Apache que representou Brando. Na ocasião, Sacheen leu uma declaração em prol da inclusão indígena na indústria cinematográfica, sendo vaiada por muitos presentes naquela noite.
Foi a segunda vez na história do Oscar em que um ator negou a estatueta. A primeira ocasião ocorreu em 1971, quando o ator George C. Scott recusou o prêmio por seu papel em Patton.
4. Crash – No limite (2007)
Em 2008, até mesmo o ator Jack Nicholson, apresentador da categoria de ‘Melhor Filme’ naquela cerimônia, espantou-se ao ver que Crash – No limite havia levado a estatueta para casa.
A surpresa se deu ao fato do filme não possuir a mesma qualidade de outros indicados da temporada, como O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee.
Lee venceu o prêmio para ‘Melhor Diretor’ na noite. Logo, esperava-se a vitória do filme. Aliás, até mesmo o próprio diretor de Crash, Paul Haggis, admitiu que seu filme não merecia ter sido o grande vitorioso.
Houve uma outra polêmica, que foi muito discutida na época, de que a obra de Ang Lee não havia vencido o Oscar de ‘Melhor Filme’ devido a um complô realizado pelos votantes da área conservadora da Academia para impedir a vitória de Segredo de Brokeback Mountain, protagonizado por personagens gays.
5. Tiros em Columbine (2002)
A produção de Michael Moore venceu o Oscar de ‘Melhor Documentário’ na cerimônia de 2003, abordando o massacre de Columbine, uma temática sensível e polêmica, mas cuja discussão é necessária .
Em seu discurso recebido por vaias e aplausos, Moore criticou fortemente o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pelo envio de tropas americanas para lutar no Iraque, três dias antes da premiação. Enquanto falava, o diretor foi interrompido pela música tocada a mando da produção.
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Por Victor Livi – Fala! Cásper