A economia mundial foi afetada pela pandemia do novo coronavírus, inclusive o Brasil que, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), deve registrar um recuo de mais de 5% no PIB nacional
No início do ano, as projeções do governo para PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil era de um crescimento de 2,1%. No entanto, hoje, a expectativa é de que a expansão na economia seja de 0,02%.
Muito provavelmente esse valor calculado para o PIB será alterado novamente, dessa vez para um cenário de recessão. Visto que, até mesmo o secretário de política econômica, Adolfo Sachisida, reconheceu, na quarta-feira (15), que o PIB nacional encolherá, chegando a números negativos.
A projeção do PIB, somente não foi mudada ainda, pois a equipe econômica quer dispor de mais dados para ter uma previsão precisa antes de alterar o PLDO (Projeto de lei de diretrizes orçamentárias).
Fazer previsão no momento atual é um exercício que demanda muita confiança em dados que nós não temos. Ou seja, hoje fazer uma previsão do PIB, o melhor que vai acontecer é semana que vem ter que revisar. Em decorrência disso, foi a nossa decisão de manter a previsão original do cronograma e em maio vamos poder estimar melhor a previsão do PIB para esse ano.
A expectativa da equipe econômica para o próximo ano é de que o PIB volte a crescer 3,3%. Em 2022 e 2023, os cálculos mostram uma tímida recuperação da economia, com crescimentos de 2,40% e de 2,50%.
O FMI divulgou previsões econômicas no domingo (12), segundo o boletim do Banco Mundial, a economia global deve ter uma retração de 3%. A estimativa para o PIB brasileiro é de retração de 5,3%, uma vez que o país foi afetado por vários choques, entre eles, queda dos preços de commodities, em especial do petróleo e o abalo econômico sofrido por parceiros comerciais importantes, como a China.
Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, enfatizou que uma possível recuperação depende das medidas que os países adotarem para combater o novo coronavírus para que a incerteza diminua e a crise e não se prolongue. O Banco Mundial acredita que o Brasil tenha um crescimento na faixa dos 2% nos próximos dois anos.
Já o mercado financeiro se mostrou mais otimista, prevendo uma retração de 1,96% e divulgou, também, expectativas maiores de crescimento do PIB para próximo ano de 2,70%, ao invés de 2,50%, como foi projetado anteriormente.
Inflação
Durante a recessão ocorre uma desaceleração no consumo, com uma procura menor pelos produtos, os preços diminuem. Dessa forma, em fevereiro, a previsão era de que a inflação ficasse acima dos 3%.
Todavia, atualmente, o IPCA (O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) calcula uma inflação de 2,94%.
Desemprego
O efeito mais grave da crise do coronavírus será o aumento do número de desempregados, dependendo da extensão da pandemia o desemprego deve chegar a ser de 18 a 20 milhões.
Com um contingente elevado de pessoas sem renda, o consumo, um setor importante da economia brasileira, sofrerá impactos, podendo registrar quedas de até 60%.
Indústrias de bens duráveis
Com o emprego e o consumo prejudicados, os primeiros produtos que deixam de ser comprados são os duráveis. Em especial, eletrodomésticos e automóveis que, geralmente, são comprados quando há uma sobra no orçamento da população.
Outro problema, é que a indústria de bens duráveis emprega vários brasileiros, logo, a queda de produção provocará mais demissões. O setor automobilístico, por exemplo, integra várias cadeias de produções que, inevitavelmente, sentirão os efeitos da crise e responderão a ela com mais demissões.
Taxa de juros
Com atividade econômica em dificuldade a estratégia dos Bancos Centrais pelo mundo, inclusive no Brasil, é cortar o máximo possível a Taxa Básica de Juros (Selic) para que o consumo seja estimulado.
Além disso, o intuito da redução da taxa de juros brasileira de 4,25% para 3,5% é que fique mais barato emprestar dinheiro dos bancos, em um momento de recessão é comum que a população procure por empréstimos para completar a renda impactada pela crise.
Taxa de Câmbio
Em um momento de insegurança nos mercados mundiais devido a quedas no comércio e produção, é normal que ocorra uma fuga de capitas para economias mais seguras e sólidas como a norte-americana.
Por isso, o dólar, que estava previsto no fim de fevereiro para custar R$ 4,20 no final de 2020, porém, a moeda atingiu valores recordes em março e, hoje, ultrapassa a marca histórica de R$5,00.
As intervenções do Banco Central no mercado de câmbio não foram suficientes para evitar um aumento do preço do dólar, espera-se, então, que a moeda dos Estados Unidos, no final do segundo semestre, esteja custando R$4,50.
Contas públicas
O Estado brasileiro, há 7 anos, gasta mais do que consegue arrecadar, amargurando sucessíveis déficits nas contas públicas. À vista disso, o Brasil limita sua capacidade de investimento.
Mas, neste momento, é necessário liberar dinheiro para que economia consiga realizar programas de transferência de renda e dar crédito a micro e pequenas empresas, e para a saúde poder abrir mais leitos e comprar equipamentos. A fim de que a crise do coronavírus seja superada sem grandes perdas humanas e financeiras, protegendo a economia.
Para o PIB não ter perdas exorbitantes como o Ministério da Economia prevê, o governo precisará desembolsar quantias altas, deixando os cofres públicos com um rombo de R$200 bilhões, o maior da história.
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Por Camila Nascimento – Fala! Cásper