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O futuro para quem luta

A dificuldade encontrada por lutadores jovens de categoria não profissional na busca de patrocinadores de seus sonhos

O M.M.A. (mixed martial arts ou, no português, artes marciais mistas) é uma modalidade esportiva que exige a habilidade combinada de diversas artes marciais, como jiu-jitsu, karatê e judô. No Brasil, José Aldo, Demian Maia e Vitor Belfort são grandes referências do esporte e servem de inspiração para lutadores que ainda não alcançaram o considerado topo da profissão. 

Chegar ao patamar de reconhecimento e premiações desses lutadores não é tarefa fácil. O filme Mais forte que o mundo – A história de José Aldo, por exemplo, retrata toda a trajetória de dificuldade e humilhação enfrentada pelo lutador até que conseguisse se firmar dentro da profissão.

Tal realidade permeada por dificuldades é presente também na vida de Gustavo Henrique: potiguar, de 17 anos, e praticante jiu-jitsu há três anos e meio. Embora vitorioso, o caminho para ele ainda é longo dentro do esporte das artes marciais.

mma luta
Gustavo Henrique. | Foto: Acervo pessoal

Muitas vezes queria competir aqui no Rio Grande do Norte, mas estava sem grana, meus pais estavam apertados. Fui atrás de um patrocínio e ele falou que no momento não tinha como ajudar e aí não fui competir. 

Gustavo explica sobre o percurso e as barreiras impostas

Entrevista com Gustavo Henrique

Larissa Carvalho: Quais as dificuldades que você enfrenta enquanto atleta de arte marcial?

Gustavo Henrique: A maior dificuldade é a falta de patrocínio. Buscar patrocínio é pedir a uma empresa ajuda para pagar passagem, hospedagem e inscrição. E, às vezes, eles não aceitam essa proposta, a gente fica triste, de cabeça baixa, mas tem que seguir em frente, não desistir e sair pedindo nas empresas, fazendo rifa para ajudar.

Por exemplo, eu estava querendo ir para um campeonato mundial e uma passagem para fora do Brasil é cara, sabe? Muitos atletas não têm condições de pagar a passagem, a inscrição do campeonato, a hospedagem…fica difícil para o atleta. 

LC: Quando você vai em busca desses patrocínios, você acha que recebe mais “não” do que “sim”?

GH: Ah, muitas vezes a gente recebe mais não, sabe? Mais não aqui em Natal. Recebo mais não do que sim, infelizmente.

LC: Você já perdeu alguma competição por falta de patrocínio?

GH: Já sim. Muitas vezes queria competir aqui no Rio Grande do Norte, mas estava sem grana, meus pais estavam apertados. Fui atrás de um patrocínio e ele falou que, no momento, não tinha como ajudar e aí não fui competir.

LC: Mesmo com as dificuldades para achar patrocínios, quais competições você já ganhou?
GH
: Então, aqui no Nordeste já fui campeão quatro vezes da Copa RN, uma competição importante; já fui campeão do Nordeste Open, que é uma das competições maiores daqui do nordeste; fui vice também no Nordeste Open; fui campeão do meu interno aqui da academia que eu treino, que é a Kimura; fui campeão do JERNs; fui campeão de uma luta casada também, entre outras. Várias competições, eu tenho vários títulos e tento pegar mais títulos importantes aqui no Brasil e fora do Brasil.

LC: Dentro das artes marciais em geral, em quem você se inspira?
GH: Minha inspiração no jiu-jitsu primeiro é o Tommy Langaker que, é da minha academia da Noruega, um atleta que eu gosto muito do jogo dele, do estilo de luta dele, sabe? E também do Muhammad Ali que é um cara bastante humilde, eu gosto muito de atletas bastante humildes que tem o pé no chão. Não sou muito afim de atletas orgulhosos não. Nem acompanho.  

LC: O que te motiva a continuar lutando?
GH: É o amor pelo esporte que eu pratico. Olho para trás e vejo vários títulos que eu conquistei e boto sempre na minha cabeça que irei conquistar mais e mais os títulos que eu desejo e vou chegar lá mantendo o pé no chão, com muita fé em Deus. 

O caminho para se tornar um lutador profissional é árduo. Não basta apenas fazer a própria arte: é preciso contar com instituições, empresas e pessoas que patrocinem sonhos.

Atualmente, é possível encontrar marcas e empresas dispostas a patrocinarem atletas por meio de aplicativo. A Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu promove campeonatos no decorrer do ano, inclusive a nível mundial. Esses campeonatos são de grande visibilidade e proporcionam aos lutadores a oportunidade de receberem convites para torneios de M.M.A, daí a importância de se fazer presente.

Ao Gustavo, toda a sorte do mundo e uma carreira vitoriosa. Por fim, fica a pergunta: quem garante o futuro de quem luta? 

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Por Larissa Carvalho – Fala! UFRJ

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