Quando tinha nove anos, me perguntaram se eu realmente sabia jogar futebol. Chutei com toda minha força a bola e fiz um gol. Só havia homens. Eles ficaram impressionados e disseram que eu era “uma menina diferente das outras” por ter ousado entrar em um espaço considerado masculino na escola.
Com doze anos, ganhei uma partida de tênis contra um menino da minha idade. Ele bateu a raquete e chorou até o colo do pai. O pai, com um sorriso, disse: “ele não está acostumado a perder de mulheres”.
Com quinze anos, joguei FIFA com dois meninos olhando minha performance, que fazia com muita vontade e diversão. E, rindo, falaram: “não esperávamos que jogasse bem”.
Aos dezessete anos, fiz meu primeiro texto de indignação, pois não havia sido cumprimentada por dois homens depois de ganhar deles na quadra. Meu pai disse que fui muito contundente, que deveria ser mais leviana.
Provavelmente, quem for ler esse texto, poderá interpretar que estou com os olhos brilhantes de orgulho enquanto escrevo cada parágrafo. Mas a verdade é que não estou.
Aos vinte anos, descobri que ser diferente por fazer coisas que são consideradas “masculinas” não eram elogio, eram um afronte. Eles não acreditavam, eles se assustavam, eles queriam que eu mostrasse até onde eu era capaz quando, na verdade, só queria ralar o joelho e rir dos meus erros como eles faziam.
Eu queria terminar meu texto dizendo que somos capazes de tudo, e que não há lugar que não possamos entrar, mas prefiro deixar registrado o que Sofia, uma menina de aproximadamente dez anos, hoje, disse rindo enquanto meu primo chorava por se ver perdendo no esconde-esconde de duas meninas.
Veja, por que ele ficou triste? Aqui não somos homens ou mulheres. Somos seres humanos.
Afirmou Sofia
Isso é ser mulher. Algumas entraram em lugares perigosos e outras ainda não se permitiram entrar. Mas são mulheres.
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Por Eduarda Smilari – Fala! Mack