Era uma vez…Hollywood, filme dirigido por Quentin Tarantino e estrelado por Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie, chegou aos cinemas brasileiros no dia 15 de agosto. É o nono filme dirigido por ele e marca um momento mais maduro em sua carreira.
Era uma vez em…Hollywood: O nono filme de Quentin Tarantino
A trama se desenvolve muito bem nas telas, sendo um filme atípico na carreira de Tarantino, não possui reviravoltas e nem as ocasionais cenas violentas e extremamente exageradas que sempre nos ajudou a distinguir seus filmes, ou seja, a “fórmula Tarantino” não foi usada a risca dessa vez.
O filme se desenvolve apresentando as personagens criadas e como pano de fundo podemos observar a “família Manson” se formando. A personalidade das personagens se desenvolve no decorrer da trama e no final sentimos que chegamos ao fundo de quem elas são, a personalidade dos atores ajuda a moldar as personagens em cena.
DiCaprio, Pitt e Robbie em Cena
Não só o talento e imaginação de Tarantino são responsáveis pela boa trama, a atuação dos protagonistas é essencial para isso. Leonardo DiCaprio desenvolve a personagem Rick Dalton de maneira espetacular, toda a excentricidade do ator é passada para a personagem, um ator de filmes sobre o Velho-Oeste, em decadência e inseguro, que busca resgatar seus tempos de glória na renovada Hollywood das décadas de 60 e 70.
O ator prova mais uma vez que é um merecedor do Oscar, entre piadas e melancolia Dalton entra para história de sua carreira. Enquanto Dalton é um ator decadente, Cliff Booth é seu duble e melhor amigo, mais que isso a personagem é apresentada como o fiel escudeiro do ator.
Brad Pitt trabalha de maneira simples porem fascinante na personagem, utilizando de toda sua simpatia e charme, ele prende o espectador desde sua primeira aparição nas telas. Mesmo com um passado obscuro, nada é capaz de quebrar a empatia com Booth.
Além da história de dois amigos inseparáveis, Tarantino trabalhou com a história de Sharon Tate, uma atriz hollywoodiana e esposa de Roman Polanski, diretor do filme “O bebe de Rosemary”.
A moça ficou conhecida por ser uma das vítimas de Charles Manson e seu culto. Quem interpreta a atriz é Margot Robbie, que traz uma sutileza para a personagem e cativa aqueles que assistem o filme.
Tarantino e Robbie trabalham na humanização da atriz utilizando pequenos detalhes que podem passar despercebido, como os óculos grandes e esquisitos que usa para ver seus filmes no cinema, os pés sujos sobre as poltronas e o leve ronco da moça enquanto dorme. A personagem se torna bela em diversos sentidos.
Usando realidade e ficção o diretor e seu elenco moldam a histórias e as personagens de maneira simpática e melancólica, cada um com seus pensamentos, problemas e dilemas.
Sharon Tate e os Manson
Como em todo filme nada é perfeito, e isso não poderia ser diferente neste. Vários furos ocorrem na trama de Tarantino, como por exemplo a verdadeira importância da família Manson. O grupo aparece em vários momentos do filme, porem não se desenvolve sua história e nenhum outro aspecto das personagens apresentadas.
Em diversos momentos o diretor abre alguns pontos na história desse núcleo, porem eles continuam abertos até o fim e fica a cargo da imaginação do espectador de preencher esses buracos. Diversos fatos foram alterados pelo diretor na história, tais alterações são as responsáveis por esses furos na trama.
O desfecho de Sharon Tate também foi alterado, esse deve ser o ponto mais surpreendente do filme e mesmo com diversos momentos de alivio cômico é possível enxergar a beleza do final conferido a Tate.
Outro ponto fraco no filme são as poucas aparições da jovem atriz. É dada muita importância a ela e as pessoas ao seu redor, porem suas aparições são esporádicas e a trama se desenvolve quase que por completa ao redor de Dalton e Booth. A moça faz falta no filme, pois Robbie torna a personagem cativante e nos faz ansiar pelas suas aparições.
Mesmo com falhas o filme é memorável, como a maioria dos filmes de Quentin Tarantino. Ele traz humor de uma maneira bem construída como só o diretor norte americano sabe fazer, com piadas bem elaboradas, humor ácido e cenas deslumbrantes, esse é o trabalho mais sério de sua autoria, focado apenas em conectar personagens e espectadores.
Além disso é possível ver belas referencias a outros filmes dirigidos por ele, como Bastardos Inglórios, Kill Bill e A Prova de Morte. Ele elevou sua maneira de escrever e dirigir um filme, provando que é possível sair de sua zona de conforto e continuar prendendo aqueles que assistem e amam seus trabalhos.
Era uma vez em…Hollywood é a prova de que Tarantino é apaixonado pelo cinema, principalmente pelas produções norte americanas. Ele desenvolve seu amor nas telas com duas personagens que representam toda a mentalidade da época de ouro de Hollywood, e muito mais representam o povo norte americano.
Mais uma vez ele soube nos apresentar uma boa história e soube nos fazer desejar por mais uma de suas obras de arte nas telas dos cinemas.
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Por Luiza Nascimento – Fala! PUC