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Top 3 livros de John Green para aproveitar na quarentena

O autor John Green é conhecido, principalmente, pela obra A Culpa é das Estrelas, por isso, ela não poderia ficar de fora do Top 3, mas também não ocupará o 1° lugar dessa pequena lista.

Em geral, os livros de Green são bastante prestigiados, tanto que alguns já ganharam adaptações para o cinema como: Cidades de papel, Deixe a neve cair, A Culpa é das Estrelas e Tartarugas até lá embaixo – o qual estava previsto para começar suas gravações em 2020 e ser lançado em 2021, entretanto, com a pandemia do vírus Covid-19 se alastrando pela população na atualidade, a produção do filme deverá ser adiada – e a obra Quem é você, Alaska? que foi, recentemente, lançada como uma série de 8 episódios pela plataforma de streaming Hulu.

Uma das críticas que tenho ao autor, após ler alguns de seus livros, é a padronização de seus personagens. Sinto que são profundos e muito interessantes, mas quase as mesmas características são colocadas na maioria das figuras principais de suas obras como, por exemplo, Colin Singleton (O Teorema Katherine), Miles Halter (Quem é você, Alaska?) e Quentin Jacobsen (Cidades de Papel) que possuem personalidades bastantes parecidas.

Com a opinião acima não tento tirar sua vontade de ler os livros a seguir, muito pelo contrário, digo que mesmo com esse fato, os livros conseguem prender sua atenção e me fazer escolher essa pauta para aconselhar vocês a terem essa experiência. 

No cenário de calamidade pública em que vivemos com a necessidade de um distanciamento social, a fim de garantir a prevenção ao conronavírus, aproveitar esse momento para mergulhar no mundo da leitura pode ser um grande escape. Sendo assim, indico os livros a seguir:

3 – O Teorema Katherine

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O Teorema Katherine.

Esse exemplar conta a história de Colin Singleton, um garoto prodígio que acabou de se formar no ensino médio e sonha em se tonar um gênio, pois acredita que prodígios só absorvem com facilidade o que outras pessoas já descobriram. Já ele quer ser o tipo de pessoa que desvenda o que ainda não foi explicado.

A trama do livro gira em torno, também, da vida amorosa de Colin, ele já namorou 19¹ garotas e todas elas se chamavam Katherine (com o nome escrito com essas exatas 9 letras). 

Conforme a história se desenvolve, ele resolve sair em uma viagem de carro com seu melhor e único amigo, Hassan, para tentar esquecer o “pé na bunda” que levou da Katherine XIX.

O prodígio descobre que talvez fosse possível criar fórmulas matemáticas que mostrassem o início, o fim e uma aproximada base da duração do tempo em que ficou junto com as meninas que namorou. Sendo assim, ele poderia ampliar sua descoberta para fazer previsões futuras dos relacionamentos de qualquer outra pessoa por meio de gráficos. O nome seria “Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines”.

Nessa viagem, Colin e Hassan acabam se instalando numa cidade no interior do Tennessee e conhecem Lindsey, uma garota engraçada e interessante que ajudará na conclusão do teorema e na agitação da vida dos garotos. O resultado do teorema é imprevisivelmente previsível e se você quiser entender melhor sobre essa fugging1 afirmação, leia a obra.

OBS:1 você também saberá o significado do “suposto19” e do “figging”” assim que ler o livro.

2 – A Culpa é das Estrelas

ler A culpa é das estrelas
A Culpa é das Estrelas.

A Culpa é das Estrelas fala sobre a vida de Hazel Grace e Augustus Waters, ambos tiveram câncer; ela sofre de câncer na tireoide e ele de osteossarcoma, fato que o fez precisar amputar uma de suas pernas.

Os dois se conhecem em um centro de apoio cristão, que visava a interação de pessoas com a mesma vivência em torno da doença, com o objetivo de que uns apoiassem os outros e externalizassem suas problemáticas com o câncer. 

John Green conseguiu escrever sobre esse tema sem romantizar a doença e sendo bastante realista, mas também não fez a história absorver um drama excessivo. Ao invés disso, o autor trouxe muito humor ao longo da narrativa principalmente por meio do personagem Isaac, melhor amigo de Augustus, que perde a visão no início da obra, mas permanece com seus momentos engraçados até o fim dela. 

Ao contrário de Augustus, Hazel sempre era muito pessimista quando se tratava do seu tempo de vida por conta dos problemas pulmonares e da sua dificuldade para respirar sem a cânula, mas a aproximação dos dois deu um novo recomeço para a história e o casal passou a viver intensamente o tempo que possuíam.

Uma história paralela que os leva a realizar certas aventuras é a obsessão de Hazel com “Uma Aflição Imperial” – livro fictício, mas que, na história, tem como autor Peter Van Houten -, ela busca respostas para o fim dele, pois possui como última linha uma frase incompleta que a deixa com muitas hipóteses do que poderia ter acontecido.

Tal fato leva o casal para Amsterdã embarcando em uma viagem cheia de perguntas, mas que em seu final são dadas respostas completamente diferentes do que esperavam.

1 – Quem é você, Alasca?

ler Quem é você, Alasca?
Quem é você, Alasca?.

O nome da obra em inglês é Looking for Alaska, que teria como tradução literal Procurando por Alaska, mas, na minha opinião, a adaptação feita pelos tradutores brasileiros ficou muito mais condizente com a história do que a original.

Esse foi o primeiro livro de John Green e possuiu uma edição comemorativa de 10 anos, em 2015, que continha uma entrevista com o autor sobre os temas mais curiosos abordados no livros, além de perguntas que não foram respondidas, propositalmente, na história e que enlouquecem os fãs até hoje de curiosidade, também possuía capítulos deletados. 

A série inspirada no livro foi lançada no fim de 2019 e foi, sem dúvidas, uma das melhores adaptações feitas de livros, possuiu muitas cenas com falas idênticas e as que precisaram ser deletas, adaptadas ou acrescentadas foram tão bem trabalhadas que o espectador sentia que era completamente possível aquilo ter acontecido na obra literária.

A história baseia-se na vida de Miles Halter ou “Gordo”, como é ironicamente chamado, que é um garoto apaixonado pelas últimas palavras das pessoas, especialmente pela de François Rabelais que foi “Vou em busca de um grande talvez”.

O jovem resolve se afastar de toda sua antiga vida pacata para estudar em Culver Creek, um colégio interno, a fim de encontrar o seu grande talvez; nessa jornada ele conhece quem vem a ser o seu melhor amigo, Chip Martin ou “Coronel”, Takumi e Alasca Young, uma garota extremamente profunda, misteriosa e muito à frente do seu tempo, que defendia com unhas e dentes causas de minorias sociais, principalmente sobre o movimento feminista – lembrando que a história se passa no início dos anos 2000.

Miles se encanta por Alasca, pelo seu modo rebelde e determinado de viver e pelos seus discursos sempre cheios de interpretações. Ela é apaixonada pelas ultimas palavras de uma pessoa específica: Simón Bolivar, o revolucionário morreu logo após questionar “Como sairei desse labirinto?” que, na interpretação de Alasca, seria o labirinto do sofrimento que ela mesma tentava se desvencilhar.

Ao longo da narrativa são abordadas bastantes questões religiosas e filosóficas, também há a prevalência do humor sarcástico de Miles e de seus amigos que fazem trotes pelo colégio e enlouquecem o reitor Hyde ou “Águia”, vivem intensamente e se entrelaçam cada vez mais no complexo drama de Alasca. 

O livro começa com uma contagem regressiva, que termina no meio dele, e recomeça quando a história toma um rumo completamente diferente. John Green deixou inúmeros questionamentos no fim do livro que aguçam a curiosidade do leitor ao ponto de ser perguntado inúmeras vezes por respostas. Na edição comemorativa do livro, Green respondeu:

Algumas perguntas que não respondi no livro são as que eu não quis responder ou achei que não deveria responder. Ao longo da nossa vida surgem questões, questões importantes, que precisam e merecem ser respondidas, mas que ainda assim ficam sem resposta. Alguns mistérios em torno de mortes, amizades, romances e religião jamais serão solucionados de modo que você ache satisfatório. Para mim a questão interessante é: você consegue continuar a viver uma vida de esperança diante da incerteza insolúvel? Precisamos encontrar uma maneira de conviver com a ambiguidade sem sermos consumidos pelas grandes ausências e respostas.

Por respostas como essa e pela reviravolta presente na metade do livro ao analisá-lo de forma aprofundada, considero um dos melhores que já li.

Espero que sua leitura seja produtiva, aproveite bastante esse universo!

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Por Meliah Cristina – Fala! UFPE

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