Neste sábado (2), tiros vindos da Coreia do Norte foram detectados pela guarda militar sul-coreana numa das torres do condado de Cheorwon, a área desmilitarizada pelo acordo de armistício do fim da Guerra das Coreias. A última vez que troca de tiros aconteceram no local foi em 2017.
No âmbito internacional, nesta segunda-feira (4), segundo o Exército norte-americano, militares a serviço das Nações Unidas foram enviados para a zona de tensão com o propósito de investigar se houve ou não quebra do acordo pelo Norte.
Desde o acontecido, militares sul-coreanos tentaram contato com os nortistas através da recém-inaugurada linha de contato emergencial entre as duas Coreias. Porém, da parte de Pyongyang, não houve respostas até o presente momento.
Divisão e armistício entre Coreias do Sul e do Norte
A divisão em dois países se deu no contexto de fim da Segunda Guerra Mundial, quando a Coreia (colônia japonesa de 1910 a 1950) foi repartida como centro de influência da União Soviética e dos EUA, na Conferência de Postdam, a partir do paralelo 38°, tornando-se, então, importante epicentro de tensão entre as duas potências e também com a China durante a Guerra Fria.
O sul, seguindo princípios capitalistas e com Seoul como capital, em 1948, se autodeclarou a República da Coreia. Logo em seguida, o norte com capital em Pyongyang, influenciado pelo ideário socialista, também se autodeclarou, como República Democrática da Coreia. E, então, o não reconhecimento entre as duas partes das respectivas declarações gerou o combate direto a partir de 1950, por conta de uma invasão do Norte à Seoul, iniciando a Guerra das Coreias.
Em 1953 foi assinado o Armistício Panmunjon, entre Coreia do Norte, China e Estados Unidos, que manteve a divisão a partir do paralelo 38°. A Coreia do Sul se recusou a assinar, fazendo com que, tecnicamente, não exista acordo de paz da sua parte.
O questionamento sobre a atual situação
Os disparos foram feitos um dia depois do reaparecimento do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, depois de 20 dias sem ir a público. Além disso, segundo fontes da BBC News, militares sul-coreanos levantaram a suspeita de ter sido um ataque intencional.
A posição da Coreia do Sul, representada pelo presidente Moon Jae-in, no entanto, têm sido de aproximação nos últimos dois anos das relações diplomáticas. Contudo, sem respostas sobre o que se trataria o tiroteio e os recentes testes do Norte com lançamentos de mísseis na região da costa japonesa. Não se sabe por quanto tempo a relação, ainda muito frágil, entre as Coreias irmãs se baseará apenas num tratado de armistício, curiosamente, não assinado por uma delas.
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Por Raquel de Jesus – Fala! UFRJ