Inspirada na versão britânica que foi ao ar de 2001 a 2003, a série estadunidense de The Office foi desenvolvida por Greg Daniels e teve sucesso mundial. Com nove temporadas que duraram de 2005 a 2013, a sitcom é o que se chama de “mockumentary”, ou pseudodocumentário, já que acompanha a vida dos trabalhadores de um escritório fictício no formato de um documentário real.
As diferentes personalidades que convivem na fábrica de papel Dunder Mifflin são apresentadas de maneira que cativa quem assiste. Desde Michael Scott, o chefe completamente inapropriado, até Dwight Schrute, o colega de trabalho com dedicação total ao ofício e hábitos um tanto peculiares; cada um dos trabalhadores poderia, facilmente, ser uma pessoa real – e esse é o verdadeiro encanto dessa série.
The Office: confira a crítica da série
Na primeira temporada, seis episódios introduzem o ambiente e os personagens dessa divertida história, mas muitos dos espectadores têm dificuldade em atravessar essa apresentação inicial. O motivo para isso é que os produtores e roteiristas ainda não haviam acertado no tom da comédia, causando desconforto com piadas que quase cruzavam a linha entre o humor e a ofensa.
Nesses episódios iniciais, Michael Scott, o marcante personagem de Steve Carrel, interpreta bem até demais o papel de chefe inconveniente, sendo difícil desenvolver empatia por esse homem tão desagradável até o início da segunda temporada. A partir dessa, nos acostumamos ao humor ímpar da série, e finalmente delineamos quais os personagens que permanecerão na história, estabelecendo uma conexão com eles.
Ao longo das demais temporadas, acompanhamos mais do que a rotina monótona de uma empresa de papel, assistindo aos atritos entre colegas de trabalho, as muitas festas no escritório, a chegada e a saída de novos personagens, o surgimento de novas amizades e o florescimento de romances inusitados.
Romance na série
O principal romance da sitcom pode ser previsto desde o primeiro episódio, que nos apresenta aos grandes amigos Jim Halpert e Pam Beesley. A amizade entre a secretária e o vendedor de papel é cheia de sentimentos, especialmente pela parte de Jim, que não vê futuro profissional na empresa, mas, por algum motivo, não tem planos para sair de lá. Episódio atrás de episódio, nossas expectativas aumentam enquanto vemos o romance progredir, torcendo avidamente ao longo dos altos e baixos, até o momento em que finalmente temos a sensação de dever cumprido quando Jim e Pam tornam-se um casal – um dos mais invejáveis da ficção.
Para aproximar-se de Pam, no entanto, Jim teve de inventar pretextos, e um de seus favoritos também é o mais adorado pelos fãs: fazer pegadinhas com Dwight. O dedicado vendedor que senta à mesa ao lado de Jim é, no mínimo, peculiar e, assim como Michael Scott, é o tipo de personagem que amamos ver nas telas, mas ninguém suportaria se fosse uma pessoa real. Além de trabalhar na Dunder Mifflin, Dwight possui uma fazenda de beterrabas e faz parte de uma família que revela a origem de suas particularidades, como as roupas em tons de bege, a glorificação das autoridades, a falta de habilidades sociais e a inclinação à violência.
Outros personagens marcantes da sitcom
Todos os personagens trazem ao jogo suas próprias características de uma maneira jamais feita por nenhuma outra série: eles são como pessoas reais. Assim como o flerte entre Jim e Pam poderia facilmente acontecer em qualquer escritório fora da ficção, todos conhecem alguém como a Angela, que julga as pessoas ao seu redor com base nas próprias convicções; ou o Toby, que é desprezado em motivo aparente; o Andy, que faria qualquer coisa para ser aceito; o Stanley, que dorme no trabalho e corre para a casa ao fim do expediente; a Kelly, capaz de tagarelar por horas sem dar chance para ninguém mais falar; ou até mesmo o Creed, que nunca sabe o que está acontecendo e todos têm certeza de que é louco.
Enquanto alguns defendem que a série deveria ter chegado ao fim antes da nona temporada, preservando histórias e personagens cujos destinos não agradaram boa parte do público, é inegável que a conclusão de The Office foi emotiva na medida certa, trazendo mais profundidade ao relacionamento entre Jim e Pam, amarrando todas as pontas soltas possíveis, resgatando narrativas que pareciam esquecidas e deixando nos espectadores um vazio que só pode ser preenchido quando se reinicia essa história cativante.
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Por Bia Morrone – Fala! Cásper