A reabertura de comércios no estado de São Paulo começou a partir da quinta-feira (11/6), a declarada fase dois, estabelecida pelo governador João Doria (PSDB), visando o restabelecimento da economia. Entretanto, a pandemia do novo coronavírus ainda persiste, continuando o isolamento de boa parte da população em casa e expondo em risco muitos trabalhadores ao circular na cidade.
O vereador e Presidente da Comissão de Orçamento e Finanças da Câmara Municipal de São Paulo, Antônio Donato (PT), aponta ser um erro a reabertura, pois ocorre maior circulação das pessoas, que ficam tumultuadas, e a curva do contágio aumenta.
Desde a abertura dos comércios, os transportes públicos encontram-se lotados. “Deveria ter uma ordem do prefeito para colocar toda a frota na rua e depois se vê como se revolve o problema financeiro, que é possível de resolver, não é uma coisa de outro mundo”, diz ele como solução.
Outro problema de não colocar toda a frota na rua é o desemprego de trabalhadores dos transportes públicos, que moram em zonas afastadas do centro e dependem do emprego. “À medida que caiu muito a demanda pelo transporte, as empresas retiraram sua frota e colocaram motoristas de ônibus naquela MP, que permite suspender o contrato e pagar só uma parte e o governo federal pagar a outra parte”, conta Donato, também ex-secretário de transportes.
Reabertura na pandemia e a economia
Assim, a população periférica que precisa trabalhar e colocar a comida na mesa de casa, mais uma vez, encara as dificuldades da cidade, sofrendo em dobro durante a pandemia. Eles, durante a reabertura, precisam encarar a jornada do ônibus, metrô e trem ou o desemprego e a chance de contrair a Covid-19.
Além do problema da mobilidade, a reabertura não resolveu a entrada de dinheiro nas lojas. As vendas nos shoppings foram de 25%, média comparada ao mesmo período do ano passado, durante o primeiro final de semana de abertura, segundo a ABLOS (Associação de Redes de Lojas Menores de Shoppings). Por outro lado, outras lojas registraram apenas de 15% ou 20% em relação ao ano passado.
A FecomercioSP, em levantamento, afirma que os atacados e varejos são os segmentos mais afetados no Estado de São Paulo. Ambos não puderam abrir na quarentena, somando 460.137 estabelecimentos que fornecem 1.326.473 empregos formais.
Essa Federação defende a aprovação da MP 936 pelo Senado, o quanto antes, como solução para a retomada das atividades para empresas e empregados com mais tranquilidade, pois sabe-se que a recuperação da crise não será rápida.
A medida é uma iniciativa do governo federal. Em São Paulo, na esfera municipal, ela será debatida pela Comissão de Finanças, que cria o Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda em Audiência Pública, que defende a redução do salário, jornada de trabalho e a possível suspensão de contratos trabalhistas. Essa foi a solução encontrada para evitar a demissão de trabalhadores durante a pandemia.
Desde o decreto de isolamento causado pelo novo coronavírus, empresas estão adotando os mesmos critérios dessa providência. Assim, os trabalhadores com salário de até R$ 4 mil não serão afetados, mas quem recebe mais, terá reajuste de 25%. Esta mesma porcentagem também está aplicada na redução de tempo de serviço.
Essa solução pode aumentar a desigualdade, ao contrário de não causar o efeito empregatício, aponta Donato.
A gente vai tomar muito cuidado para que esse benefício fiscal não tenha o efeito contrário concentrador de renda, ao invés de gerar o emprego, mas algum tipo de medida de retomada do emprego precisa ser feita e a gente vai ter que analisar o papel do município nisso.
Diz ele.
Na sua opinião, a melhor forma de estímulo econômico é a partir do crédito a empreendedores e primeiro investir o dinheiro que se tem em caixa da prefeitura, em projetos com efeito multiplicador. Por exemplo, a construção de moradia, a qual faz muitas contratações, e fortalecer a pequena e média empresa, que é a maior empregadora.
____________________________
Por Carina Gonçalves – Fala! Mack