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O que não te contaram sobre as queimadas

Um artigo por Izadora Del Bianco (@izadbr) – Faculdade Cásper Líbero

Que o “dia virou noite” em São Paulo ontem e que as queimadas estão acontecendo em vários estados do Brasil, entre eles Rondônia, Mato Grosso e Amazonas, a maioria das pessoas já sabe. Mas, será que a melhor forma de entender este processo é somente analisando as consequências, e não as causas do problema?

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais- INPE, orgão responsável pela divulgação do banco de dados sobre queimadas no Brasil, conta com recursos financeiros obtidos do Fundo Amazônia, este que recebia verbas de países como Alemanha e Noruega. É curioso pensar qual o interesse desses governos com as florestas e recursos naturais nacionais.

É possível que as organizações não-governamentais estrangeiras interfiram no planejamento federal e regional sem prestar contas à legislação brasileira. Por isso, o atual Ministério do Meio Ambiente decidiu reformular a gestão do Fundo e extinguir o Comitê Orientador do Fundo Amazônia- COFA (criado com o objetivo de estabelecer os critérios para aplicação dos recursos na região amazônica). Isso centraliza o poder decisório nas mãos do Executivo brasileiro e reduz a participação das ONG’s.

Utilizando-se de nomes relacionados com o humanitário, naturalista, malthusiano e revisionista, elas demonstram uma suposta preocupação com a nossa área verde. Com o ecoturismo e extrativismo em locais estratégicos, tornam-se grandes hospedeiras financiadas por bancos e agências do capital financeiro mundial.

As áreas de proteção: “reservas indígenas“, “parques nacionais” e “estaduais”, além das “florestas nacionais”, na realidade, podem ser reservas estratégicas do capital financeiro que chegam a proibir a presença de empresários nativos não-associados. São muitos quilômetros de solo, subsolo e espaços no ar, destinados ao “loteamento” do estado amazônico.

O mais novo processo de transferência de grandes áreas no campo, geralmente ocorre por meio de concessões de terras públicas para o chamado “manejo florestal sustentado“. Estaria assim o presidente errado ao afirmar: “Nós entendemos a importância da Amazônia para o mundo, mas a Amazônia é nossa. Não vai ter mais aquele tipo de política que era feita no passado”?

Velha política, esta demarcada por saque de recursos florestais e descaracterização do planejamento regional amazônico, o que pode ser constatado por matérias como essa, exibida na Rede Record. São muitas irregularidades que precisam ser avaliadas quando se trata de internacionalização do território nacional.

Flagrante de desmatamento foi feito em uma Área de Proteção Ambiental, em São Félix do Xingu, no Sul do Pará.

A Noruega era o principal doador do fundo (R$ 3,2 bilhões), seguida pela Alemanha (R$ 200 milhões), ambos não mais doadores. Assim, parece óbvio o motivo de dados relacionados ao possível, mas não comprovado, aumento das queimadas este ano, serem difundidos em atuais circunstâncias. Seria, no mínimo, uma forma de reação do INPE às atitudes do governo.

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