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Quais as proibições consideradas mais estranhas da China?

Conhecida por exercer forte controle sobre sua população, a China apresenta jeitos curiosos de fazer isso. Proibir grandes astros do cinema, séries famosas, flores, sites e até o resgate de pessoas em perigo estão entre os artifícios usados para restringir o acesso à informação do povo. Medidas essas, segundo o governo, fundamentais para proteger a história, a política e a cultura chinesa.

proibições mais estranhas na China
Quais são as proibições mais estranhas na China? | Foto: Freepik.

Proibições mais estranhas na China

Brad Pitt, Harrison Ford e Richard Gere

Sim! O trio de sucesso do cinema está entre as estranhas proibições da China.

Brad Pitt teria sido impedido de entrar no país em 1997, ano de lançamento do filme Sete Anos do Tibet, do diretor Jean-Jacques Annaud. Nessa obra, o ator interpretou um alpinista austríaco em Lhasa (capital do Tibete). 

Na história, o personagem fez amizade com o 14° Dalai Lama (monge budista considerado a reencarnação da compaixão de Buda), porém, precisa fugir da invasão da China em 1950. O longa contrariou o governo chinês ao retratar a intervenção militar chinesa na região dos Himalaias.

Quase 20 anos mais tarde, em 2014, Pitt surgiu em Xangai. Ele acompanhava Angelina Jolie, na época, sua esposa, no lançamento de Malévola. No entanto, isso só foi possível pois as autoridades chinesas teriam “perdoado” Jean-Jacques Annaud.

No caso de Harrison Ford e Richard Gere, a proibição resultou do fato de ambos declararem apoio à autodeterminação do Tibete no episódio de 1950.

Da mesma forma, falar sobre a independência do Tibete é proibido. Entenda, ao final desta matéria, um pouco das divergências entre a China e o Tibete.

Avatar em 2D

O filme de ficção-científica, lançado em 2009, foi suspenso nos cinemas 2D da China, na tentativa de restringir o acesso à obra. Isso, porque o país conta com poucas salas de exibição 3D (comumente mais caras), o que impediria a massa populacional de assistir à produção.

O motivo foi a suposta comparação de aspectos políticos, presentes no filme, à história chinesa. Nesse contexto, cabe um adendo: de acordo com o jornal britânico The Guardian, apenas 34 filmes são lançados, anualmente, no país.

The Big Bang Theory, NCIS – Investigação Naval, The Good Wife

Por motivo desconhecido, essas séries, famosas em todo o mundo, foram banidas das plataformas de streaming pela Administração de Imprensa, Publicações, Rádio, Filmes e Televisão, órgão chinês que verifica se o conteúdo representa seu país ou população de modo negativo. Em poucas palavras, censura.

Apesar do mistério, rumores apontam uma provável causa: violação de regulações contra programas com conteúdo que ferem a soberania nacional e a integridade territorial.

Jasmim

Desde a Revolução do Jasmim (fator preponderante da Primavera Árabe), em 2011, na Tunísia, o cultivo e o comércio desta flor estão vetados. Houve especulações de que a situação poderia acontecer na China. Por isso, o governo decidiu eliminar, de vez, o risco.

Também foram proibidas músicas e mensagens com a palavra jasmim. 

Viagens no tempo

Filmes, séries ou desenhos com viagens no tempo contidas na narrativa estão fora de cogitação. A justificativa relaciona-se à ideia de uma visão errada da história transmitida por programas de TV.

Reencarnar

Apesar de assumidamente ateu, em 2007, o governo da China optou por criar uma lei de proibição à reencarnação. Monges tibetanos consideram a lei um gesto de diminuir o poder de Tenzin Gyatso, o 14° Dalai Lama, desafeto do país chinês e líder espiritual do Tibete.

Resgatar pessoas se afogando

Para a filosofia oriental, é imoral interferir no destino das pessoas. Para os conspiradores de plantão, a proibição é apontada como um meio de diminuir a população, sendo, portanto, mais uma aplicação do controle populacional chinês.

Mídias sociais

Facebook, Instagram, Twitter, YouTube e Linkedin são inacessíveis em terras chinesas. Vale ressaltar que, mesmo as plataformas permitidas à população sofrem fortes censuras. O Google, e os aplicativos ligados a ele, também estão indisponíveis no país. 

Entretanto, a China conta com redes sociais próprias, como: Weib, WeChat, Meipai, Renren. Essas ferramentas são uma espécie de Twitter, WhatsApp, Instagram e Facebook, respectivamente.

Irmãos

Este tópico está intimamente relacionado à política do filho único na China, visando ao controle populacional. Nesse sentido, mulheres grávidas do segundo filho são obrigadas a fazer um aborto ou, em algumas cidades do país, pagar uma alta multa.

Em virtude dessa prática, há um intenso desequilíbrio social: mães interrompendo gravidezes ou abandonando bebês femininos, por causa da preferência por filhos meninos – traço marcante da cultura do país.

Videogames

Durante 15 anos, eles foram proibidos de serem vendidos. Em 2015, contudo, a situação mudou e os jogos puderam ser comercializados livremente no território. A razão do banimento justificava-se pelo medo do governo chinês de os jovens passarem mais tempo jogando do que trabalhando.

Termos de pesquisa

Enquanto aqui, no Brasil, podemos navegar livremente pela Internet e digitarmos o que quisermos nos buscadores, na China, não funciona bem assim. Termos de pesquisa foram banidos desses sistemas, como: “protesto da Praça Tiananmen” e “Falun Goung”.

O primeiro termo refere-se à manifestação de estudantes em apoio à democracia no ano de 1989, em Pequim. No protesto, cidadãos foram massacrados pelas forças militares do regime. Já “Falun Gong”, trata-se de uma vertente espiritual perseguida pelo Partido Comunista desde 1999.

proibições da China
A China possui diversas proibições em seu território. | Foto: Unsplash.

Saiba mais: as desavenças entre a China e o Tibete

Após a vitória comunista na guerra civil chinesa, Mao Tsé-Tung, presidente do Governo Popular da China, exigiu que o Tibete aceitasse o governo de Pequim. Contudo, o governo tibetano não acatou e o exército chinês invadiu o país. Com isso, em 1950, o Partido Comunista chinês começou a controlar a província de Kham. E, aos 15 anos, o 14° Dalai lama assumiu o poder político tibetano. 

No ano seguinte, Lama e os integrantes de seu governo assinam o “Acordo de Dezessete Pontos”. Por meio dele, a China criaria medidas para libertar o Tibete, mas, na prática, isso significou a autoridade chinesa sobre ele, quadro que perdura até hoje.

Movimentos pela independência do Tibete dizem que o território foi anexado pela China em 1951, após a invasão militar do país.

O Tibete, historicamente disputado por potências nações, localiza-se em uma área estratégica do globo. Ele liga as planícies chinesas à Ásia Central e o subcontinente indiano e, assim como rios, importantes rotas comerciais passam pelo território. 

Atualmente, a presença chinesa no local conta com modernas bases aéreas e de mísseis. Nesse aspecto, a China não permite menções ao Tibete independente e à sua cultura.

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Por Ana Paula Jaume – Fala! UFRJ

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