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Professor Fernando Salinas: Uma vida na área audiovisual

É de fato um prazer conhecer certas figuras, principalmente aquelas que se baseiam no compartilhamento de percepções como a arte. Fernando de Jesus Giraldo Salinas é um deles. Mesmo se definindo como uma pessoa “associal”, o professor e doutor Salinas (como é conhecido), não se limita a assuntos, sejam eles de seu conhecimento pessoal, ou acadêmico, principalmente para aqueles que se interessam em ouvi-los.

Não nego ajuda a ninguém, mesmo a um aluno que nunca olhou diretamente na minha cara. Um bom professor deve tratar todos de maneira respeitosa e paciente. Se fiz o meu melhor a alguém, cumpri o meu papel

Atualmente é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui graduação de comunicação social pela Universidad Pontificia Bolivariana (PUC), mestrado e doutorado em ciências da comunicação pela Universidade de São Paulo (USP).

Professor Fernando Salinas: Uma vida na área audiovisual

O professor aborda nessa entrevista um pouco sobre seu vasto conhecimento pela área audiovisual. Também diferencia o que considera cinema artístico e cinema de entretenimento. Além do mais, nos conta porque escolheu o tema “Sons na telenovela” como tese de seu doutorado, que rendeu em um dos primeiros trabalhos sobre sons em novelas do Brasil.

Fala! Universidades: Segundo sua entrevista à revista “Vaidapé”, você considera que a grande massa gosta de filmes “pão e circo”. A grande massa, porém, recentemente aprovou o filme Coringa, que superou as bilheterias de Malévola 2. Como você explicaria essa difusão da ficção para o real?   

Salinas: O Coringa não deixa de ser uma ficção, porque o personagem vem dos quadrinhos, e, na minha opinião, Coringa não sai dos parâmetros “pão e circo”. Ele é pensado estrategicamente como um filme de entretenimento, e há uma preocupação com esse filme muito grande; De ser divertido, e não no sentido do espectador dar risadas, e sim ficar 2 horas no cinema desligado do mundo real, e sair sentindo que foi divertido e legal.

O que não considero “pão e circo” é um filme que não têm essa preocupação com o espectador. Quase todo cinema de arte é feito de forma a não ligar com o público – ele pode te incomodar intelectualmente e pode fazer até se sentir mal. Coringa não faz isso, ele é um filme até fácil de entender, mesmo muito bem feito.

Fala!: Seu doutorado rendeu em uma tese sobre “Som na telenovela”. Poderia explicar os principais objetivos da escolha do tema? 

Salinas: Desde o primeiro semestre da faculdade, por conta de um professor, descobrimos (eu e o grupo em que fiz os trabalhos), que um dos temas menos estudados era o áudio, ao ponto que meu mestrado e doutorado foram os dois primeiros do Brasil a estudar o áudio no audiovisual. Ninguém pesquisava sobre isso. E a televisão era pelo número maior de gêneros. Já a novela escolhi especificamente porque sempre gostei, e porque o professor que me orientou era especialista na narrativa de novelas. Hoje, já existe um numero bem maior de pesquisas nesse âmbito.

Fala!: Quais as principais características do cinema Novo Brasileiro? 

Salinas: Na realidade, o Cinema Novo não é um movimento único. Não é sobre um movimento que aconteceu de repente. Os diretores nacionais, basicamente, se juntaram a fim de mostrar a vida como ela é, sem muitos efeitos, saindo dos padrões hollywoodianos, mostrando a pobreza como um todo e as dificuldades do pais, e, no lugar de mostrar a sociedade de cima para baixo, (as riquezas e depois a pobreza), era de baixo para cima, (a pobreza e a riqueza em segundo plano), focando, assim, mais nos problemas sociais.

Fala!: Por que escolheu ser um docente em cinema? Nunca pensou em trabalhar na área de produção?

Salinas: Eu cheguei a trabalhar na área de produção, mesmo na Colômbia. Quando eu comecei a faculdade virei monitor de audiovisual, e também acabei adquirindo o gosto de dar aulas. Quando saí da faculdade, dava aulas e era produtor de vídeo (Filmava; Editava; Produzia). Acabei vindo para o Brasil no meu mestrado e doutorado, e acabei focando mais na área acadêmica, mas também fiz algumas produções aqui (Brasil). Mas a produção não é meu mundo. Sou uma pessoa associal, logo, pessoas como eu não costumam gostar muito da área de produção. 

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Por Eduarda Smilari – Fala! Mackenzie

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