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Em tempos de cólera, Prêmio Vladimir Herzog impulsiona jornalismo

O Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, celebrado no dia 24/10 no espaço Tucarena, mobilizou e emocionou estudantes.

Jornalista Vladimir Herzog em seu trabalho
Jornalista Vladimir Herzog em seu trabalho (fonte: Instituto Vladimir Herzog)

     Com relação à sua primeira edição, em 1978, a premiação obteve o maior número de inscrições este ano, totalizando 692 trabalhos enviados ao longo de todas as categorias — Arte, Fotografia, Produção Jornalística em Áudio, Produção Jornalística em Multimídia, Produção Jornalística em Texto e Produção Jornalística em Vídeo.

     Além dessa premiação, o Tucarena comemorou também o Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, o qual foi idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog em 2009. O objetivo dessa criação pauta-se em oferecer aos estudantes de jornalismo a oportunidade de realizar um trabalho prático e reflexivo desde a escolha do tema até a conclusão final da reportagem, por meio da orientação de um professor da instituição de ensino e de um jornalista mentor indicado pela organização do prêmio. 

Cartaz da 41ª edição
Cartaz da 41ª edição (fonte: Isabela Fonseca Cagliari, panfleto criado por Bianca Baderna)

     Sobre Fernando Pacheco Jordão, foi diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e autor do livro “Dossiê Herzog — prisão, tortura e morte no Brasil”, importante documento histórico brasileiro. Além disso, teve uma trajetória respeitosa como jornalista com passagens por grandes imprensas como “O Estado de S. Paulo”,  “BBC” de Londres,  “Jornal Nacional” da TV Globo e “Globo Repórter”. Em setembro de 2017, aos 80 anos de idade, faleceu em decorrência de uma falência múltipla dos órgãos.                            

Fernando Pacheco Jordão
Fernando Pacheco Jordão (fonte: Instituto Vladimir Herzog)
Cartaz da 11ª edição
Cartaz da 11ª edição (fonte: Isabela Fonseca Cagliari)

 8ª Roda de Conversa com os ganhadores do 41º Prêmio Vladimir Herzog

     Debate ministrado pelos jornalistas Aldo Quiroga e Angelina Nunes, teve início às 14:00 e foi encerrado por volta de 17:30. Nessa conversa, entrevistaram alguns dos vencedores que puderam comparecer. Dentre as perguntas realizadas, as principais consistiram no como a ideia de pauta havia surgido e no como elas haviam sido executadas. 

Roda de Conversa
Roda de conversa (fonte Isabela Fonseca Cagliari)

Premiação Vladimir Herzog

          A Cerimônia de Premiação teve início com a fala da curadora Ana Luisa Zaniboni Gomes que faz uma homenagem à alguns premiados, como Perseu Abramo, cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Audálio Dantas, Claudio Weber Abramo, entre outros. A música “Parceiros” de Chico Buarque, Francis Hime e Milton Nascimento foi tocada logo após a introdução do jornalista Juca Kfouri, escolhido para conduzir a cerimônia.

     Juca começa agradecendo por estar apresentando o Prêmio e chama à arena os representantes das 14 instituições que atualmente integram a Comissão Organizadora, sendo eles: Cristina Zahar, secretária-executiva da Abraji; Ricardo Carvalho, diretor da Associação Brasileira de Imprensa; Antônio Funari Filho, presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidioces de São Paulo; Leonardo Medeiros, coordenador de comunicação da Conectas Direitos Humanos; Felipe Santa Cruz, presidente do Conselho Federal da OAB; Ricardo Alexino, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP; Márcia Quintanilha, diretora da Federação Nacional de Jonalistas; Rogério Sottili, diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog; Benedito Mariano, ouvidor geral das polícias do estado de São Paulo; Maria Amélia Mascarenhas Camargo, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB da sessão de São Paulo; Aline Rodrigues, dirigente do Coletivo Periferia e Movimentos e Paulo Zocchi, presidente do Sindicato de Jornalistas de São Paulo.

O jornalista Juca Kfouri faz a leitura de um texto de introdução, falando sobre a origem do nome do Prêmio Vladimir Herzog, o qual foi criado por Perseu Abramo na intenção de reverenciar o jornalista morto durante a Ditadura Militar no Brasil. O pronunciamento oficial da Cerimônia, em nome da Comissão Organizadora, foi realizado pelo Doutor Felipe Santa Cruz e, logo após, tem início as premiações:

Categorias

– Arte: Nathalia Fonseca recebe o Prêmio da reitora da PUC-SP, Ana Amália, e Thales Molina recebe a Menção Honrosa da Doutora Raquel Preto, diretora da AOB;

Fotografia: Fábio Teixeira recebe o Prêmio do ouvidor-geral, Benedito Mariano, e Ana Amália recebe a Menção Honrosa, no lugar da Fabiane de Paula que não estava presente, das mãos de Aline Rodrigues;

– Produção jornalística em áudio: Gabriela Viana e equipe recebem o Prêmio da cartunista Laerte e Sarah Fernandes recebe a Menção Honrosa da Márcia Quintanilha, diretora da Fenaj;

– Produção jornalística em multimídia: Adriana Barsotti e equipe recebem o Prêmio de Leonardo Medeiros, diretor do Conectas Direitos Humanos, e Leonardo Vasconcelos recebe a Menção Honrosa de Antônio Funari Filho;

– Produção jornalística em texto: Antônio Melquíades Júnior que recebe o Prêmio de Paulo Zocchi e Bernardo Esteves que recebeu a Menção Honrosa de Norma Cury, diretora da ABI;

– Produção jornalística em vídeo: Betina Anton e equipe recebem o Prêmio de Cristina Zahar, secretária-executiva da Abraji, e Aline Beckstein recebe a Menção Honrosa de Ricardo Alexino, professor da ECA.

Após a entrega dos Prêmios é feita uma pausa para o anúncio dos ganhadores do 11º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, com o tema “A face humana dos movimentos imigratórios e de refúgio e seus reflexos na sociedade brasileira”.

As três universidades premiadas foram:

– Universidade do Vale do Itajaí (Univale)

Título: Além das barreiras – O recomeçar de haitianos em terras catarinenses
Alunos: Artur Bezerra e Juniétty Mônica Hugen.
Professor e jornalista orientador (respectivamente): Almeri Cezino da Silva e Marcelo Soares.

– Faculdade Cásper Líbero:

Título: Fuga e Morada
Alunos: Maurício Miranda Abbade e Matheus Goto de Noce.
Professora e jornalista orientadora (respectivamente): Maria Cândida Almeida de Castro e Bianca Vasconcellos.

– Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG):

Título: Nossa vida no teu seio – O recomeço de imigrantes venezuelanos em Belo Horizonte.
Aluno: Gabriel José Soares Faleiro.
Professora e jornalista orientadora (respectivamente): Sônia Caldas Pessoa e Angelina Nunes.

• Categoria especial:

– Universidade de São Paulo (USP):

Título: Costura de ideias
Alunas: Beatriz Gomes Fortunato e Rebecca Gompertz.
Jornalistas mentoras: Arlete Taboada e Terlânia Bruno.

– Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP):

Título: Como a falta de conscientização da indústria têxtil atinge crianças em trabalho insalubre.
Alunos: Artur de Oliveira Ferreira e Gabriela Neves Vasques.
Jornalistas orientadoras: Arlete Taboada e Terlânia Bruno.

Depois da entrega o jornalista Juca Kfouri volta ao palco para dar continuidade à Cerimônia de entrega dos Prêmios da Categoria Especial, chamando Zé Amilton Ribeiro para entregar a homenagem à família do jornalista Hermínio Sacchetta. Para fazer a entrega do Prêmio à Patrícia Campos Mello, Juca chama Hélio Campos Mello, fotógrafo e pai da jornalista.

Patrícia agradece pelo Prêmio e faz um discurso onde fala sobre os processos judiciais que sofreu do presidente Bolsonaro que exigiu que ela e a Folha de São Paulo abrissem as fontes usadas nas matérias, fora o processo de Luciano Hang, proprietário da Havan.

As alunas representantes dos Centros Acadêmicos Benevides Paixão da PUC-SP, Vladimir Herzog da Faculdade Cásper Líbero e da Lupe Cotrim da USP, fizeram a entrega do Prêmio para o jornalista Glenn Greenwald. Após a entrega as alunas fizeram a leitura de um texto que refletia sobre a atual situação do Brasil, sobre o jornalismo na contemporaneidade e Vladimir Herzog. Glenn Greenwald inicia sua fala logo em seguida, agradecendo pela oportunidade e por ter ganhado o Prêmio, dizendo o quanto ele acha importante receber essa premiação.

O encerramento da noite foi dado por uma apresentação de alguns estudantes em torno do palco do Tucarena. Todos unidos, os alunos formaram uma roda e vestiram camisetas brancas com algumas letras do alfabeto. Ao girarem em círculos e mirarem com as faces para a plateia, as letras formaram os dizeres “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!” sob o acompanhamento do Hino da Proclamação da República. No fim da apresentação, a maioria dos integrantes abaixaram, enquanto o restante permaneceu em pé formando a palavra “Brasil”. 

Patrícia Campos Mello em seu discurso acompanhada por seu filho, seu pai e o apresentador da premiação Juca Kfouri (esquerda à direita)
Patrícia Campos Mello em seu discurso acompanhada por seu filho, seu pai e o apresentador da premiação Juca Kfouri (fonte: Isabela Fonseca Cagliari)

Premiados da 41ª edição – Vladimir Herzog  

ARTE

Vencedor: “Tira” – Portal Leia Já | Recife, PE
Nathalia Fonseca e Eduardo Nascimento: apuração, roteiro e redação
Roberta Veras: ilustração e diagramação 

A história em quadrinhos de 30 páginas retrata a questão do aborto. Assim, relata sobre as clínicas ilegais, a condição financeira necessária ou a falta dela como motivações para o ato e situações de violência doméstica. 

FOTOGRAFIA

Vencedor: “Exército detém dez militares ligados a assassinato de músico no Rio” – El País | Rio de Janeiro, RJ
Fabio Alarico Teixeira.

Trabalho documental com sequência de 4 fotos que traz um pouco da realidade vivenciada pelos moradores de favelas. 

PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM ÁUDIO

Vencedor: “LGBTfobia: Medo de quê?” – Rádio CBN | São Paulo, SP
Gabriela Viana, Lucas Soares, Caroline Tamassia e Luiz Nascimento: editores
Claudio Antonio: sonoplasta
Bianca Kirklewski Herculano Baptista, Bianca Vendramini Santolin e Isabela Medeiros: produção 

A pauta surgiu em meio às notícias sobre a criminalização da homofobia pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Para que saísse de uma maneira mais intimista, a rádio buscou representantes de cada uma das siglas. No final, o resultado foi mais do que o esperado pela equipe e gerou grande comoção. 

PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM MULTIMÍDIA

Vencedor: “Sem direitos: o rosto da exclusão social no Brasil” – Projeto #Colabora, Amazônia Real e Ponte Jornalismo

Adriana Barsotti, Carolina Moura, Catarina Barbosa, Edu Carvalho e Fausto Salvadori: reportagens
Daniel Arroyo, Pedrosa Neto e YurI Fernandes: imagens e vídeos
Fernando Alvarus: infográficos 

Após o IBGE publicar um release sobre a pobreza no Brasil, surgiu a pauta. A produção começou quando Barsotti desconfiou desses dados na tabela, os quais realmente estavam equivocados. A partir disso, iniciou uma pesquisa acirrada de dados com a ajuda de outros profissionais.

PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM TEXTO

Vencedor: “Matança da PM em Milagres e a invenção da resistência” – Diário do Nordeste |Fortaleza, CE

Antônio Melquíades Júnior: investigação, produção, edição e reportagem 
Messias Vasconcelos Borges e Kílvia Muniz Silveira: reportagem 
Emerson Rodrigues da Silva: produção e edição 
Creuza Amorim Pitombeira: produção 
Thiago Gadelha e João Lucas Rosa: fotografia 
Abrahan Lincoln de Souza e Raimundo César Benevides: arte

Assaltantes estavam prestes a explodir um banco em Milagres e a polícia soube antes, tendo a ideia de surpreendê-los. No entanto, a operação policial não ocorreu da maneira como pensaram, uma vez que fuzilaram 14 pessoas, sendo 6 reféns. 

PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM VÍDEO

Vencedor: “70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos – conquistas e fracassos” – TV Globo | São Paulo, SP

Betina Anton: roteiro, edição e direção 
Renata Ribeiro: apresentação e reportagem 
Rodrigo Alvarez, Ilze Scamparini, Carlos Gil e Tiago Eltz: reportagem 
Rômulo Nunes, Adejair Graciano e Cláudio Perricelli: edição de imagens
Gabriel Larangeira e Diogo Dubiella: arte
Marcos Adair, Kunihiro Otsuka, Fabio Sermonti, Mario Câmera e Felippe Coaglio: produção 
Franklin Feitosa, Maurizio della Constanza e Chris Kosta: imagens 
Jeferson Ferreira: pesquisa acervo

 Total de 5 matérias elaboradas sobre essa temática para documentar melhor. Em sequência cronológica sobre: 1) holocausto, 2) como é feita uma declaração e os principais problemas, 3) refugiados, 4) aniversário do AI-5 e a questão da liberdade de expressão e 5) as diferenças dos direitos de ir e vir de um negro.   

Integrantes da Comissão Julgadora
Integrantes da Comissão Julgadora (fonte: Bianca Baderna)

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Por Isabela Fonseca Cagliari e Rafaela Thomaz Leite – Fala! PUC

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