sexta-feira, 26 abril, 24
HomeLifestylePoema: Nada

Poema: Nada

Nada além de um fumante de flores

Abri minha boca apenas para encontrar aranhas que rastejam pelas paredes de escuta. Pareço uma porta de armário, você abre para encontrar beleza e conforto só para descobrir: eles não têm sentido na vida. Que luxo — me encaixo, caio, tropeço, minhas tentativas fracassadas de organização, por fora, por dentro, o que sou eu.

Perdida em uma ilusão distante, meus dedos respiram sangue e meus olhos estão rasgados. Em padrões de dor e perda, estou em branco, sou preto, sou o vidro quebrado. Aquele posto de lado por medo de machucar alguém quando já estava machucado. O vento noturno temido pelo sono. A folha caída, pisoteada, amassada, aquela com barulho interessante e adorada por sapatos.

O dedo inchado sufocado por uma linha ou cabelo quando entediado. O pé da cadeira gasto, depreciado por sons e substituído por instabilidade. O anel de noivado bem escolhido para ser apenas mostrado. A parede de gelo, ouvinte de segredos compartilhados. As cócegas no céu da boca.

Por mais imprudente que eu pareça, por mais cruel que seja minha fala, por mais confiante que eu prometa ser, não sou nenhuma dessas coisas.

Estou descansando no aperto da respiração. Sou um poema bem escrito para selvagens. Eu não sou nada.

nada
Ilustração. | Foto: Reprodução.

Em inglês

Nothingness

Nothing but a smoker of flowers

Opened my mouth just to find spiders who crawl walls of hearing. I look like a closet door, you open to find beauty and comfort only to discover: they have no meaning in life. What a luxury — I fit, I fall, I stumble, my failed tentatives of organization, outside, inside, what am I.

Lost in a far away illusion, my fingers breath blood and my eyes are ripped. In patterns of grief and loss, I’m blank, I’m black, I’m the broken glass. The one set aside because of the fear of hurting someone when it was already hurt. The night wind feared by sleep. The drooping, trampled, crushed leaf, the one with interesting noise adored by shoes.

The swollen finger smothered by a line or hair when bored. The foot of the chair worn, depreciated by sounds and replaced by instability. The engagement ring well chosen to only be shown. The icy wall, listener to shared secrets. The tickling on the roof of your mouth.

As reckless as I look, as ruthless as I talk, as confident as I promised to be, I’m none of those things.

I’m resting on the grasp of breathing. I’m a well written poem for savages. I’m nothing.

_______________________________
Por Isabela Aoyama – Fala! Mack

ARTIGOS RECOMENDADOS