Países detectaram infecções recentemente; endêmica na África, a PSA não afeta humanos
A Peste Suína Africana (PSA), causada por um vírus de DNA fita dupla da família Asfarviridae, do gênero Asfivirus, é altamente contagiosa. Entretanto, essa doença, que não induz produção de anticorpos neutralizantes, não atinge humanos, apenas suínos e javalis.
Como surgiu a Peste Suína Africana?
Essa peste é vista desde o século 20 no sul e leste da África, onde é endêmica. O contágio começou entre suídeos selvagens e carrapatos. Depois de suínos domésticos serem contaminados, no Quênia, a Peste Suína Africana entrou em Portugal por restos de alimentos de aviões com produtos derivados de suínos infectados. Da década de 1920 a 1990, a doença era endêmica na Espanha e em Portugal.
No Brasil, o vírus foi detectado no Rio de Janeiro, em suínos de Paracambi, em 1978. Esses animais tinham sido alimentados com restos de alimentos de um avião oriundo de Portugal.
Em 1982, o vírus apareceu na Sardenha, Itália. Em 2007, a PSA surgiu na Geórgia, sudeste europeu. Sete anos mais tarde, a doença alcançou Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia; em 2017, República Tcheca e Romênia. No ano seguinte, o vírus foi notado em suínos da China e da Romênia e em javalis da Bélgica.
Como o vírus se espalha?
O principal meio de transmissão é pelo contato (secreções, ferimentos e injeções) entre suínos contaminados ou pela ingestão de alimentos derivados infectados. Também pode ser transmitido por carrapatos, quando sugam o sangue de suínos infectados. O período de incubação é de 4 a 19 dias.
Sintomas
Os principais são:
- Febre
- Hemorragia
- Vômito
- Diarreia
- Úlcera
- Perda de peso
- Dificuldade respiratória
- Necrose da pele
Prevenção
Não há vacina disponível. Assim, precisa-se de políticas de importação severas para travar o contágio: descarte adequado de restos de alimentos de aviões e navios, além de medidas de higiene e segurança nas fazendas. Se detectada a doença em sua criação, o produtor deve notificar o Serviço Veterinário Oficial Estadual.
China
Entre 2018 e 2019, o surto de Peste Suína Africana reduziu em um terço os suínos da China (de 428 milhões para 310 milhões). Com a baixa do rebanho, caiu a demanda de soja (ração animal/ alimento para os suínos), aumentando a procura por carnes, beneficiando seu maior parceiro comercial, o Brasil.
Hoje, um novo surto da doença preocupa autoridades chinesas. No início deste ano (pela primeira vez, depois de três meses), uma variante da peste suína africana foi detectada no país. A informação foi divulgada pelo Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais, no dia 21 de janeiro.
O analista Fernando Iglesias, ao Canal Rural, comenta a situação:
Isso aconteceu no 4° principal produtor do país, então as medidas sanitárias são mais exigentes. Além disso, a China já teve problemas sérios, por isso vai buscar controlar de maneira mais eficiente essa nova variante.
Conta Iglesias.
Alemanha
De setembro do ano passado ao dia 8 de janeiro de 2021, a Alemanha (maior produtora de suínos da União Europeia) havia detectado 480 casos de peste suína africana em javalis selvagens, interrompendo a exportação de carne suína alemã para a China.
Em setembro, os seguintes países proibiram importações de carne suína da Alemanha: China, Coreia do Sul e Japão. Com quase 500 animais contaminados, a ministra da Agricultura alemã, Julia Kloeckner, pediu aos produtores que evitassem o contato de seus animais com javalis e alertou: “um surto na população de animais domésticos teria consequências devastadoras e milhares de animais teriam que ser sacrificados”.
Em 20 de janeiro, autoridades alemãs anunciaram novos casos de PSA em javalis no Estado da Saxônia (oeste da Alemanha) e no Estado de Brandemburgo (leste). Ao todo, nessa data, já eram 544 animais infectados no país.
Brasil
Por outro lado, o Brasil pode sair ganhando com esse quadro: analistas projetam abertura de mercados à carne brasileira. A peste suína africana chegou ao País em 1978, por suínos alimentados por restos de comida de um voo de Portugal, mas foi erradicada em 1984. Atualmente, a PSA é considerada doença exótica no Brasil.
O que diz a Embrapa sobre a Peste Suína Africana
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) afirma que os órgãos oficiais de controle de saúde animal devem notificar, obrigatoriamente, a PSA, visto que ela tem potencial para rápida disseminação e notórios impactos socioeconômicos. Até o momento, ainda segundo a Embrapa, não existe vacina ou tratamento para a peste suína africana.
Referências: Canal Rural, Embrapa, Money Times, Notícias Agrícolas, Super Interessante.
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Por Ana Paula Jaume – Fala! UFRJ