Por Letícia Ventura – Fala!Anhembi
Até meados dos anos XX, as funções de trabalho das mulheres não iam muito além do papel de mãe e dona de casa. Ter uma profissão era coisa reservada aos homens. Mas com o passar dos anos e graças às conquistas das lutas feministas, a mulher entrou no mercado de trabalho, e vem ganhando cada vez mais espaço.
Mesmo assim, ainda hoje, mais de 50 anos depois da introdução da mulher no meio profissional, muitas profissões ainda são consideradas “masculinas”. A luta daquelas que decidem entrar em uma área predominada por homens é diária, e os desafios vão desde mostrar sua competência até ser levada a sério no ambiente de trabalho.
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Pensando nisso, convidamos Nubia Ferri para bater um papo com a gente. Núbia é uma artista de 25 anos que começou a trabalhar com a pintura aos 17, se formou em um projeto social como “cenotécnica” e hoje tem a pintura como profissão.
Esculturas, telas, cenários, produção de objetos e adereços, figurino, tudo dentro do segmento artístico e até pinturas residenciais fazem parte dos seus talentos. Isso mesmo, você não leu errado, uma mulher pintando e decorando sua casa inteira, já imaginou?
Para divulgar seus trabalhos ela usa as redes sociais, cartões de visita e o próprio boca a boca de seus clientes. No Facebook, a pintora divulga seus trabalhos em grupos como o Feministrampos, onde mulheres oferecem serviços para outras mulheres, buscando fortalecer e apoiar o trabalho feminino.
Fala!: Qual a importância dos grupos de divulgação de trabalhos de mulheres para mulheres?
Nubia: Acho os grupos feministas importantes para que nós mulheres possamos trocar informações e divulgar uma para as outras seus trabalhos e aptidões. Hoje, se a mulher é autossuficiente e segura de si, é “feminazi”, “mal amada”, “quer ser homem”. Eu, por exemplo, trabalho fora, moro sozinha, cuido dos meus bichos, da minha casa, das minhas roupas, contas, alimentações e de tudo. Muitas mulheres são isso, são tudo e se dedicam a tudo, muitas vezes esquecendo-se delas mesmas, e não são vistas quando deveriam. Não têm as oportunidades que lutam para ter. A vozes soam como gritos, por vezes silenciosos, que não encontram ouvidos atentos para absorver a mensagem e ajudar. E isso deve mudar!
Fala!: O fato de uma mina dar preferência à outra na realização de um trabalho, é um passo socialmente importante? É disso também que se trata a tal sororidade?
Nubia: Sim, geralmente as pessoas têm um senso de estética, perfeição, crítica e padrão muito formado. Julgam pelo que vêem aparentemente e de maneira bem superficial, julgam a pessoa pela profissão que ela desempenha e não pelo que realmente ela é. Acho que falta união, sororidade e compreensão, falta mais humanidade e empatia para com o outro, as pessoas dão muito valor ao trabalho, e pouco valor a troca e a vida.
Fala!: As mulheres estão conquistando cada dia mais espaço em muitas áreas que eram ditas como “masculinas”. Você já passou por alguma situação machista na sua área?
Nubia: Sim, homens sempre me julgam pelo meu porte. Quando falo coisas sobre ser pintora e usar ferramentas, geralmente eles sorriem de maneira sarcástica.
Fala!: Qual foi o trabalho que te deu mais orgulho de ter feito?
Nubia: Eu me orgulho de tudo que fiz, sendo com arte ou não, pois tenho um lema que levo comigo: de que tudo que eu me propor a fazer, de desempenhar o mesmo com dedicação e amor, independente do que seja.
Fala!: O feminismo vem se tornando um movimento cada vez mais forte e compreendido. Você tem alguma dica para meninas que estão aprendendo e ingressando em áreas que encontramos poucas mulheres?
Nubia: A dica que eu dou é mais amor e menos julgamento. Cuidado ao querer levar tudo na base do intelecto, do diploma ou do status dos lugares dois quais já passaram – não a fazem maior ou menor que outrem, apesar do sistema e a sociedade nos impor e nos ensinar isso todos os dias. Deveríamos nos ajudar e sermos mais amenos com as limitações e dificuldades dos outros, compreender que estamos em constante evolução para ser “alguém” e para chegar a algum lugar, para se ter reconhecimento e ser aceito. Mas mais importante do que tudo isso, e fazer o que você ama com dedicação, afinco e amor, se exigindo e se cobrando menos.
Fala!: Você tem alguma rede social que podemos acompanhar seu trabalho?
Nubia: Eu criei uma página, mas ainda não postei meus trabalhos lá, quero fazer com tempo e detalhadamente. Nunca fui muito boa em comercializar minha arte, apesar de ser bem comunicativa. Viver dentro do sistema sempre foi um assunto delicado pra mim, rs.
Fala!: Quem quiser entrar em contato com você, onde pode te procurar?
Nubia: Pelo meu Facebook: Nubia Ferri ou telefone para contato: 011 95982-3743
Assim como a Nubia, muitas mulheres estão se tornando cada vez mais independentes e ajudando umas as outras. Se vira, mulher é um projeto que oferece mini-cursos de manutenção residencial exclusivamente DE e PARA mulheres que querem autonomia para fazer pequenos reparos e instalações em casa.
Elétrica Básica, Marcenaria Básica, Hidráulica Básica e Jardinagem – Hortinhas são os cursos oferecidos por 150 reais. Para mais informações acesse o site ou no Facebook: Se vira, mulher.
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