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O papel de importância da Ancine no audiovisual nacional

No dia 19 de julho, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que, caso não consiga colocar um filtro nas produções nacionais feitas pela ANCINE, a agência será extinta. Tal declaração repercutiu no Brasil e em diversos jornais internacionais, como o “The New York Times” e o “Washington Post”, e gerou dúvidas em diversas pessoas sobre qual a função da ANCINE.

A Agência Nacional de Cinema (ANCINE) é uma agência reguladora que tem como função a fiscalização, a regulamentação e o fomento do audiovisual nacional. A agência foi criada no ano de 2001 no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, e segundo dados mais recentes, até o ano de 2014, já injetou 24,5 bilhões de reais na economia brasileira.

Ao se tratar de audiovisual, estão inclusos materiais como longas metragens, curtas, séries e desenhos. A ANCINE nasce com o objetivo de pensar e consolidar o audiovisual como um mercado. Para isso, existe um fundo monetário, sendo selecionados, através de editais, projetos que serão financiados. Após selecionados, há uma preocupação de divulgação e difusão, e parte do retorno da produção volta para este fundo, gerando sustentabilidade do sistema. A ANCINE é um único órgão que pensa o audiovisual como um todo, desde leis nacionais para estimular a produção até a distribuição e aumento de salas e de público. 

Os lançamentos nacionais no cinema passaram de 30 filmes em 2001 para 143 em 2016. Esse salto na produção também reflete no aumento do público, que no ano da criação da agência era de 6.9 milhões, e em 2016, ano em que a agência completou 15 anos, cresceu para 30.4 milhões. Algumas produções foram premiadas em eventos e festivais conhecidos internacionalmente, como o documentário “Cinema Novo”, que ganhou o Olho de Ouro, prêmio de melhor documentário no Festival de Cannes no ano de 2016, e a animação “O menino e o mundo” que foi indicado ao Oscar no mesmo ano e que, no ano de 2014, conquistou o prêmio máximo no maior festival de animação do mundo, o Festival de Cinema de Animação de Annecy, na França.

Sede da Agência Nacional de Cinema, Ancine, no Rio. Foto: José Lucena/Folhapress)

Segundo Tatiana Giovannone Travisani, coordenadora e docente do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi, a ANCINE assegura a diversidade das produções nacionais: “Nos últimos anos, vem criando-se um panorama de perspectivas diferentes e democráticas. Conseguimos ter uma gama de construção de histórias diversas, e isso só é permitido porque tem um fundo que é independente de outras coisas. Um problema com a possível extinção da ANCINE é que a partir do momento que isso se extingue você valoriza a produção somente pelo seu caráter funcional, ou seja, ele vai ser funcional a quê? E isso para a cultura de um país é o pior que pode acontecer porque é um país sem voz.”

A possível extinção ou aplicação de um filtro na ANCINE não mobilizou apenas profissionais da área. Para demonstrar apoio a agência, internautas compartilharam nas redes sociais suas produções nacionais favoritas. Filmes como “Aquarius”, “Era uma vez”, “Central do Brasil”, “O Auto da Compadecida”, “Fala sério Mãe”, “A que horas ela volta”, “Minha mãe é uma peça” e “Era o Hotel Cambridge” foram citados. Alguns compartilhamentos podem ser vistos aqui

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Por Daniela de Jesus – Fala! Anhembi Morumbi

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