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Opinião: Quem confia em Deus, não reverencia Pablo Marçal

Coach instrumentalizou a linguagem religiosa para manipular e lucrar

Charlatões se escondem atrás de falsas crenças que sustentam seus impérios de manipulações. Professam nomes que desconhecem, Deus é apenas o coadjuvante da egolatria financiada pelos sectários que integram o movimento coach brasileiro. Sim, é um movimento sectário porque não é uma religião institucionalizada, mas sustenta um arcabouço de dogmas e doutrinas que ensinam o fiel, neste caso o cliente, a pensar e agir de acordo com o messianismo do líder.

Entenda como Pablo Marçal instrumentalizou a linguagem religiosa para ascender como coach.
Entenda como Pablo Marçal instrumentalizou a linguagem religiosa para ascender como coach. | Foto: Getty Images.

Crítica a manipulação instrumentalizada por um coach em nome da religião

Recentemente, Pablo Marçal ganhou espaço na mídia tradicional por colocar em perigo a vida de 32 pessoas, as quais subiram o Pico do Marins, na Serra da Mantiqueira, no Estado de São Paulo. Tal empreitada lembra-nos, na medida proporção, do Massacre em Jonestown, na selva da Guiana em 1978, quando 918 pessoas morreram em um suicídio coletivo, obedecendo a ordem de Jim Jones. Felizmente, ninguém morreu na ação no Pico do Marins, apesar de ter sido realizada em condições perigosas, com fortes chuvas e ventos, sob coação do autodenominado coach, contudo, não podemos permitir que os indícios de uma iminente tragédia fiquem impunes, sem que a sociedade brasileira seja alertada do crescente perigo do radicalismo proclamado pelos sacerdotes do culto de si mesmo, que glorificam o Homo Economicus.

Nos vídeos gravados e divulgados na rede social do coach, podemos analisar a liturgia estabelecida para reforçar o desejo dos clientes, e minimizar as críticas recebidas ao longo do caminho. Em determinado momento ao ser questionado por uma mãe, que se recusou a subir o Pico do Marins, preocupada com os seus filhos, declarou “Você não confia em Deus?”. Certamente, o coach instrumentalizou a fé cristã para ameaçar todos aqueles que têm o discernimento de que quem confia em Deus, não reverencia e nem obedece aos falsos profetas. Marçal usa a Bíblia como um livro fantoche que emite suas opiniões e convicções pessoais, mas que não traduz a mensagem de abnegação do Evangelho.

Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. 

Mateus 16.25.

Em outro evento, realizado em Goiânia, o líder da seita pousou em um helicóptero, próximo ao local, e se dirigiu ao ginásio em um carro de alto padrão, enquanto os participantes aguardavam cantando uma música gospel, Marçal entra e é ovacionado.

Toda estética e a liturgia do evento impulsionam os participantes para a apreensão e exaltação das estratégias anunciadas pelo hipnoterapeuta, ambição e ostentação são o mote do showman. Jesus, o Deus encarnado, louvado pelos participantes, está mais próximo das pessoas fracassadas do que deles, pois quando se aproximou da cidade de Jerusalém, conforme ensinam os Evangelhos, antecedendo sua entrada triunfal, enviou emissários para solicitarem um jumento emprestado, mesmo assim foi aclamado pelo povo, ensinado que não é preciso ter pompa para devotar e celebrar o Eterno Ser.

Urge a pergunta para aqueles que foram seduzidos pelo coach que instrumentalizou a linguagem religiosa para lucrar: Jesus tolera quem usa o nome dele para manipular? Em certa ocasião, no Sermão do Monte, Jesus declarou:

Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Mateus 6.24.

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Por Guilherme Matheus Damasceno – Fala! PUC-SP

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