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Opinião: como o capitalismo afeta a alimentação e a vida das pessoas

Um breve questionamento a se pensar sobre o capitalismo vivenciado e seus malefícios à saúde mundial

Na era neolítica, o homo sapiens, ao descobrir a agricultura e o modo de vida sedentário, nem sequer imaginava o quão grande se tornaria o ato de arar, plantar e colher.

Com o passar dos milênios, a agricultura e o ato de comer foram totalmente monopolizados diante de sistemas injustos e cumulativos, com uma desigual distribuição que continua até aos dias atuais. Do “Se não tem pão, comam brioche” ao “não é problema meu” separam-se apenas os 200 anos de diferença.

Mesmo com diversas lutas, o sistema capitalista não mudou muito em relação ao que se lutava contra a priori. A burguesia tornou-se os Absolutistas contemporâneos, porém o pobre continua no terceiro estado. O sistema apenas mudou para o detentor do capital que antes possuía absurdo dinheiro, porém sem influência política. Hoje possui ambos, com o ramo político e empresarial andando de mãos dadas.

Agricultura transformada em negócio

Em relação aos alimentos, o sistema capitalista tenta, a todo custo, empurrar sua forma de agricultura altamente intensiva, escravista e comercial a fim de produzir em larga escala alimentos nocivos, com exagero de agrotóxicos, fertilizantes e pesticidas ou aqueles modificados geneticamente, chamados de transgênicos.

Tudo a fim de gerar mais lucro aos senhores de engenho atuais, que visam o crescimento empresarial acima da saúde humana. Alimentos estes que estão presentes diariamente na mesa do trabalhador, devido ao seu baixo custo, sem remorso nenhum das empresas em envenenar um indivíduo a longo prazo diariamente.

Saúde para quem paga

O sistema tornou-se ainda mais cruel com inviabilização dos produtos orgânicos, que se privaram a apenas à elite por serem extremamente superfaturados no mercado. A glamourização da vida saudável nas redes sociais também facilita esse abismo social criado pelo sistema, com a frustração causada ao indivíduo por não manter o padrão de vida alimentar desejado. Se antes reconhecia-se a elite pelo seu excesso de peso, hoje reconhece-se pela sua magreza e vitalidade, negada ao pobre que sofre com os efeitos maléficos ao corpo dos alimentos industrializados.  

Capitalismo: comida em larga escala, saúde escassa

Além de tudo, o capitalismo nos proporcionou a real banalização do alimento, anteriormente atrelado à sobrevivência, atualmente com exagero, decorrendo no surgimento das redes de fast-food. Com seu processo extremamente industrializado, produzem alimentos processados, que além de prejudicarem drasticamente a saúde, vão contra todas as leis da natureza. 

fast-food
Exemplo de fast-food. | Foto: Reprodução.

A obesidade é um dos problemas que mais afeta as potências mundiais e a desnutrição, os carentes, explorados e negados de sua própria terra.  A distribuição dos alimentos na sociedade atual é cruel, não faz sentido uma criança americana comer alimentos de uma rede de fast-food em refeições e outra maliana ter que viajar quilômetros por um saco de arroz.

A fome e a desigualdade são as grandes consequências do sistema. Dizem que todas as vidas importam, mas permitem que crianças, mães e jovens de países imergentes passem fome e ainda trabalhem, a fim de sustentar um sistema que beneficia apenas os mais ricos. 

Muitos não possuem condições financeiras para escolher sua alimentação. | Foto: Reprodução.

Terra como negócio

Ainda tratando-se de distribuição, entra a questão da terra. Nossos ancestrais dividiam a terra e a cultivavam como forma de suprir suas necessidades de sobrevivência, hoje em dia, ela é explorada a fim de acumular riquezas, com a destruição da floresta amazônica e do cerrado em prol de criar pastagem destinada a gado, causando diversos problemas ambientais.

Além de violar totalmente o caráter étnico ao invadir e desvalidar terras indígenas, tudo tem a finalidade de gerar mais lucro aos empresários. Além da falta de investimento na agricultura familiar, que conseguiria facilmente suprir as necessidades da população sem agredir o meio ambiente e de forma justa e equalizada aos produtores. 

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Ilustração sobre a distribuição de terras no capitalismo. | Foto: Reprodução.

O problema afunda ainda mais quando o sistema tem todos os recursos para alterar a situação porém se cala em prol de seu ego e acúmulo de fortuna. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a produção de alimentos mundial seria facilmente capaz de suprir toda a população mundial, porém, devido ao sistema capitalista, a  erradicação da fome se torna apenas um sonho distante.

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Por João Pedro da Costa – Fala! UFPE

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