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Mulheres ainda enfrentam obstáculos dentro do meio esportivo

Todos os dias, em diversos lugares do mundo, mulheres se deparam com dificuldades simplesmente por serem mulheres. Elas são colocadas em posições inferiores em relação aos homens em, praticamente, todos os âmbitos da sociedade. Dentro do esporte, essa realidade não é diferente. A seguir, saiba quais os obstáculos enfrentados pelas mulheres todos os dias no meio esportivo.

mulheres no esporte.
“Inequality Balls”: Campanha de 2018 contra a desigualdade de gênero. | Foto: Reprodução.

Mulheres no esporte: Os desafios entre essa relação

Pesquisas atuais e de anos anteriores demonstram que as mulheres sofrem com a falta de representatividade em algumas modalidades esportivas e a ausência da valorização do talento, esforço e trabalho femininos dentro desse cenário. Segundo o relatório “Movimento é Vida”, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a realização de exercícios físicos por parte das mulheres é 40% inferior comparada aos homens.

Já o estudo da “Beyound 30 per cent: Workplace Culture in Sport”, que no português significa “Além dos 30%: a cultura do local de trabalho no esporte”, divulgado em 2018, apontou uma conclusão a respeito da discriminação de gênero. De acordo com essa pesquisa, que foi conduzida pela ONG britânica Women in Sport, 40% das mulheres que fazem parte da indústria esportiva já sofreram algum tipo de discriminação de gênero. Tais resultados evidenciam que, estruturalmente, o meio esportivo é preconceituoso e ainda apresenta muita desigualdade.  

Porém, o país teve um cenário novo e animador em 2021. Mesmo que autoridades e a sociedade, no geral, não incentivem a participação de mulheres no esporte, nos Jogos Olímpicos de Tóquio a delegação brasileira contou com uma novidade. Em meio aos 302 atletas que foram ao Japão competir nas Olimpíadas defendendo o Brasil, quase metade eram mulheres, a maior participação feminina.

Homem e mulher representando a ideia de igualdade de gênero.
Homem e mulher representando a ideia de igualdade de gênero. | Foto: Freepik.

Nos Jogos, as mulheres fizeram história não só no número de participantes nas disputas, mas também nas conquistas. Em Tóquio 2020, elas subiram ao pódio 9 vezes, correspondendo, portanto, a 43% do total de medalhas do país. As atletas, de diferentes idades, marcaram presença e fizeram parte desse importante recorde.

Apesar desse resultado positivo e da busca e interesse incessantes das mulheres pelo esporte, elas ainda enfrentam obstáculos que comprometem seu desenvolvimento e sua representatividade nesse meio.

Desafios

Entre as dificuldades encontradas pelas mulheres ao longo da carreira dentro do esporte, pode-se apontar algumas das principais: salário, patrocínios, visibilidade, confiança e incentivo. Isto é, jogadores e jogadores, mesmo praticando a mesma modalidade, recebem tratamentos bem diferentes dentro dos pontos citados.

Tomando o futebol como exemplo, esporte mais famoso no Brasil, atletas masculinos e femininos não recebem o mesmo salário. Apesar de desempenharem a mesma função, o salário das mulheres ainda é bem mais baixo do que o dos homens.

Marta usa chuteiras sem patrocínio.
Marta usa chuteiras sem patrocínio. | Foto: Reprodução.

Na questão de patrocínios, por sua vez, as mulheres enfrentam as mesmas dificuldades. Marta, por exemplo, seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo e maior artilheira de todas as Copas, já disputou campeonatos sem patrocínio algum. Esse tipo de situação não é recorrente com os atletas masculinos. Muito pelo contrário, a maioria é patrocinado por inúmeras marcas de grande porte.

As mulheres enfrentam ainda uma escassez de visibilidade e confiança. Um problema antigo, estrutural e que influencia diretamente a sociedade atual faz com que a grande mídia, no geral, foque e transmita mais as disputas esportivas masculinas. A população, por sua vez, moldada a partir do pensamento da sociedade patriarcal, ainda deposita mais confiança nos homens do que nas mulheres.

Somando-se a esses fatos, as atletas brasileiras, em sua maioria, não recebem incentivos, tanto por parte das autoridades quanto por parte dos clubes esportivos brasileiros para manter sua carreira. Dessa forma, os números das Olimpíadas, competição mundial mais recente por isso pode ser tratada como base, demonstram dois cenários completamente diferentes, evidenciando como é a realidade feminina dentro do universo esportivo.  Se por um lado as talentosas atletas estão se esforçando e conquistando medalhas, por outro lado, elas fazem isso sem incentivo e com pouca credibilidade. 

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Por Maria Eduarda Vieira – Fala! UFF

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