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Grande literato negro: Machado de Assis

Em comemoração ao dia da Consciência Negra, 20 de novembro, comentaremos de um dos maiores, senão o maior nome da literatura brasileira: Machado de Assis.

A data é dedicada para homenagear e trazer uma reflexão sobre a inserção do povo preto na sociedade brasileira e a influência africana na formação cultural do Brasil.

Machado de Assis
Conheça a história de Machado de Assis. | Foto: Montagem/ Reprodução

O romancista, contista, poeta, cronista, tradutor, crítico literário e teatral foi por muitos anos tomado como branco pela elite intelectual de sua época. O embranquecimento de Machado de Assis trata-se de uma “errata histórica feita para impedir que o racismo na literatura seja perpetuado” e consequentemente suas obras seriam bem aceitas se seu tom de pele fosse claro, por isso em fotos divulgadas, o escritor tinha seus traços negróides suavizados para “disfarçar” sua cor. Inclusive em suas certidões de casamento e óbito é declarado que o literato era branco. 

Diante disso contaremos um pouco de sua história…

A história de Machado de Assis

Infância

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 1839, no Rio de Janeiro. Filho de Maria Leopoldina e Francisco José de Assis, desde a infância demonstrava ser curioso e disposto a aprender coisas novas.

Quando criança, ajudava nas missas de seu amigo padre Silveira Sarmento, onde teve contato com o latim. Tempos depois, durante as noites ia para uma padaria onde aprendera francês com o forneiro. Nessa época Machado já escrevia suas primeiras poesias.

Carreira

Em 1855, no jornal “Marmota Fluminense” foi publicado o primeiro poema escrito por Joaquim – o poema “Ela”. Desde então o carioca passou a escrever poesias para o jornal e criou um círculo de amizade entre políticos e literatos.

No ano seguinte entrou para a Imprensa Oficial e foi apresentado a importantes figuras do jornalismo: Francisco Otaviano, Pedro Luís e Quintino Bocaiuva. Em 1858, migrou para o “Correio-Mercantil”, mas colaborava também em outro jornais, e logo começou a escrever para revista “Espelho” críticas teatrais.

Quintino Bocaiuva anos depois convidou Machado de Assis para trabalhar na redação do “Diário do Rio de Janeiro”, onde mantinha uma coluna de crítica literária e escrevia sobre todos os assuntos, em pouco tempo tornou-se o representante do jornal no Senado.

Seu primeiro livro de poesias foi publicado em 1864, trata-se de uma coletânea de seus poemas e leva o nome de “Crisálidas”. A obra foi dedicada a seus pais, Francisco e Maria.

Anos mais tarde lançou seu primeiro livro de contos e seu primeiro romance – “Contos Fluminenses” e “Ressurreição”-, nessas obras ficaram evidentes o grande domínio da língua portuguesa e sua preferência por relatos psicológicos.

Em 1873 no “Arquivo Contemporâneo” a foto de Machado de Assis foi posta ao lado do, até então, maior romancista do Brasil, José de Alencar. Mesmo antes de ter publicado outras obras, o literato era considerado a maior expressão da literatura brasileira.

Juntamente com outros intelectuais da época, em 1896, fundou a Academia Brasileira de Letras. Foi nomeado para ocupar a cadeira n. 23º, e em 1897 se tornou o primeiro presidente da academia, cargo que exerceu até sua morte. Em homenagem a ele, a instituição é apelidada de “Casa de Machado de Assis”.

Obras de Machado de Assis

O ponto alto de toda sua carreira ininterrupta foram seus contos e romances, que por sua vez são observados em duas fases: Fase Romântica e o Realismo. 

Fase Romântica

As obras pertencentes a essa fase possuem características do Romantismo, porém com algumas peculiaridades. Como por exemplo a falta de exagero sentimental e uma linguagem menos descritiva e adjetivada. As personagens também são movidas pelo interesse e ambição, não apenas pelo amor como no Romantismo.

Os principais romances escritos por Machado de Assis nesta fase são: Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia.

Realismo

Teve início com uma de suas maiores obras, Memórias Póstumas de Brás Cubas, é nesse momento que foram escritas os sucessos do escritor diferente de tudo que o Brasil conhecia até então, Joaquim principiou o Realismo no país.

“O estilo realista de Machado de Assis difere de seus contemporâneos, porque ele aprofunda-se na análise psicológica dos personagens desvendando a fragilidade existencial na relação consigo mesmo e com os outros personagens.” Dilva Frazão

Os romances publicados nessa fase são: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires – escrito após a morte de sua esposa Carolina. 

Os últimos anos de Machado de Assis

Machado de Assis faleceu em 1908, quatro anos após sua esposa partir, ela, além de companheira de vida, revisava as obras do marido e exercia a função de sua enfermeira, pois o mesmo sofria de epilepsia.

 Em seu velório muitas figuras importantes do país estavam presentes, e Rui Barbosa discursou em despedida do falecido. Como uma personalidade brasileira notável, sua biografia compõe o artigo “A biografia das 20 pessoas mais importantes para a história do Brasil”.

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Por Bianca Rebernisek – Fala! São Judas

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