Por Luiza Granero – Fala!MACK
Pais e filhos falam sobre incentivo e superação
Também conhecida como Trissomia 21, a síndrome de Down é uma alteração genética caracterizada pela presença de um cromossomo extra nas células de um indivíduo. Ou, como Adelino, pai da chef Laura, costuma dizer: “as pessoas com Down não têm nada faltando, muito pelo contrário, elas têm algo a mais”. Foi com essa visão de capacitação e muito incentivo que Laura Basilio, hoje com 27 anos, se tornou a primeira aluna com síndrome de Down a se graduar em uma faculdade de gastronomia do Brasil.
A jovem conta que sempre gostou muito de cozinhar e que já pretendia seguir carreira na área. Foi quando, em 2012, aos 20 anos, conheceu o projeto Chefs Especiais, que oferece cursos profissionalizantes gratuitos para pessoas com a síndrome, e decidiu participar das aulas.
A ideia de fundar uma instituição para pessoas com Down surgiu do Marcio Berti e de sua ex-esposa Simoni, que em 2006 decidiram começar um trabalho voluntário focado em atividades gastronômicas. Na época, as aulas aconteciam nas cozinhas de restaurantes voluntários, somente aos sábados, através de doações.
“Quando chegou em 2012, nós tínhamos mais alunos do que tempo disponível”, diz Marcio. Nesse mesmo ano, os dois decidiram formalizar o instituto e a partir daí o sonho só cresceu. “A gente percebeu que nem todos gostavam de gastronomia, então expandimos as opções. Hoje temos cursos de atendimento de salão, dança, violão e massagem”.
Além disso, localizado na Rua Augusta, está o Chefs Especiais Café, onde os alunos do instituto passam por um período de estágio durante seis meses, atendendo e servindo os clientes. “Hoje, a nossa ideia é capacitar as pessoas para o mercado de trabalho”. Conta Marcio: “O Café é uma maneira de os alunos treinarem na prática tudo o que eles aprenderam nas aulas para depois conseguirem trabalhar”.
A história de vida de Laura, que hoje é chefe de uma loja virtual de confeitaria, inspirou inúmeras pessoas a seguirem seu caminho. Uma delas foi Guilherme Campos, que decidiu voltar para a escola e terminar o ensino médio para conseguir cursar gastronomia. Sua mãe Deise conta que no último ano, Guilherme se inscreveu sem ninguém saber para o vestibular da faculdade. “Um dia eu estava em casa quando entrei no quarto dele e vi um e-mail do vestibular. Eu perguntei sobre o que se tratava e ele me disse que ia fazer a prova”.
Em 2016, Guilherme estava formado em gastronomia e pouco tempo depois foi contratado por um restaurante em Pinheiros. Ele e Laura são apenas alguns dos muitos jovens que tiveram suas vidas mudadas pelo instituto. Com uma mensagem de muito amor e dedicação eles reafirmam a importância do apoio da família e, principalmente, a coragem que precisam para seguirem seus sonhos e terem um futuro mais que especial.