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Hábitos de consumo alimentar: o que mudou e o que permanece?

Diversos padrões alimentares se modificaram ao longo do tempo. A rotina de refeições do brasileiro é composta, principalmente, por produtos industrializados e carboidratos. Entretanto, dependendo da região, este consumo pode ser mais baixo.

Hábitos de consumo alimentar: o que mudou e o que permanece?
Hábitos de consumo alimentar: o que mudou e o que permanece?

Uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2009 avaliou mais de 30.000 indivíduos de todas as regiões do país. Com isso, foi possível perceber algumas diferenças urbanas e rurais, relacionadas aos diferentes locais analisados. Nas áreas rurais, as médias de consumo foram maiores para arroz, feijão, batata doce, mandioca, farinha de mandioca, frutas e peixes. Já nas cidades, destacaram-se produtos processados e prontos para consumo como pão, biscoitos recheados, sanduíches, salgados, pizzas, refrigerantes, sucos e cervejas.

Hábitos de consumo alimentar: o que mudou e o que permanece?
O pão é um alimento bastante consumido nos centros urbanos, de acordo com a pesquisa do IBGE

Segundo a Kantar, líder global em dados, insights e consultoria, foi observado um aumento no consumo de produtos prontos no Brasil de 2009 até 2019. Entre eles estão: molho de tomate, suco, refeições e empanados. A média de aumento foi 17% considerando todos os produtos. Além disso, a preferência por fast-foods não é uma realidade distante dos brasileiros: o país está entre os maiores consumidores do mundo, e só perde para outros cinco países, entre eles Japão e Estados Unidos.

Como começaram as mudanças no padrão alimentar brasileiro?

Inicialmente, os hábitos alimentares foram modificados pela Revolução Industrial em diversos aspectos, sobretudo devido ao desenvolvimento das indústrias alimentícias. Antes, muitos alimentos eram produzidos artesanalmente e passaram a ser produzidos então nas fábricas.

Hábitos de consumo alimentar: o que mudou e o que permanece?
Plantação de trigo

A alimentação mais atual tem traços muito diferentes dos hábitos alimentares da maioria dos idosos no país enquanto eram crianças ou jovens. Eles, muitas vezes, viviam em contato com a natureza, alimentando-se de animais abatidos na própria fazenda (carne bovina e frango caipira, por exemplo), frutas, folhas, raízes, grãos, doces caseiros (parecidos com geleias) e receitas típicas, como o pão de queijo, em Goiás e Minas Gerais.

Leny Reis, dona de casa que trabalha nas horas vagas com artesanato e avó de uma colaboradora do Fala!, de 70 anos, confirmou as afirmações acima. Quando questionada sobre qual era sua alimentação quando tinha entre 17 e 21 anos, disse que o café da manhã era composto por biscoito frito, chá ou leite tirado da vaca na hora, pão de queijo, bolo de fubá ou de mandioca. No almoço tinha banana ou mandioca frita, salada de verduras da época, batata doce cozida ou frita, cará ou omelete. Ela enfatizou o consumo das linguiças de carne de porco caseiras e o uso da banha suína no preparo dos alimentos, além de comentar a importância dos derivados do leite até hoje em suas refeições: “consumíamos muita coalhada com açúcar mascavo e, até hoje, gosto muito de queijo derretido com açúcar, como eu comia naquela época”.

Hábitos de consumo alimentar: o que mudou e o que permanece?
O ovo é um ingrediente presente em muitas receitas como bolos, biscoitos e quitandas em geral

A entrevistada ainda contou que costumava fazer uma receita chamada “tareco”, com a fécula da mandioca antes de virar polvilho, ovo, queijo e açúcar. É uma espécie de panqueca, que pode ser feita também com farinha de trigo. Como foi dito até agora, tudo caseiro e com ingredientes mais naturais. A comida era sempre fresca, e no jantar costumava ser feito um arroz novo com alguma carne. Antes de dormir, um copo de leite era o costume.

Diante das facilidades que a indústria alimentícia oferece, associadas à falta de tempo, é possível delinear e caracterizar os novos hábitos de consumo alimentício da maioria da população em território nacional e até mundial.

Referências: Mudanças dos hábitos alimentares provocados pela industrialização e o impacto sobre a saúde do brasileiro” – Centro de Estudos do Recôncavo – UEFS; “Consumo alimentar no Brasil e o desafio da alimentação saudável” – Revista de Pesquisas e Estudos Acadêmicos.

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