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Fake news em tempos de pandemia do coronavírus

A grande disseminação de notícias sobre o novo coronavírus também é uma ameaça

O novo coronavírus assusta o mundo inteiro com mais de 3,5 milhões de casos confirmados, número que aumenta a cada dia. A doença assombra todos com sua rápida disseminação que põe em risco os sistemas de saúde e pressiona pesquisadores quanto a criação de uma vacina. Desde o início da pandemia, líderes mundiais tomaram medidas de prevenção como o isolamento social, recomendado como medida essencial pela Organização Mundial da Saúde. 

De fato, obter informações sobre a pandemia é crucial. Mas, as autoridades de saúde já alertam que existe também uma “infodemia” em curso. A grande quantidade de informações disponíveis abre espaço para as notícias falsas se misturarem entre as verdadeiras. Assim, a Covid-19 também está sendo acompanhada por muita desinformação. 

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Em meio à pandemia, muitas notícias falsas são disseminadas.

Fake news na pandemia

As chamadas fake news já são debatidas desde muito tempo. Porém, atualmente, preocupam ainda mais por conta da gravidade da pandemia. Diversas notícias falsas sobre fatos relacionados à doença circulam nas redes sociais e são repassadas sem checagem acerca de sua veracidade. Muitas informações são apenas rumores ou são completamente manipuladas. Na era das redes sociais, essa disseminação de mentiras é rápida e traz muitas consequências.

Pesquisas e relatórios já estudam a dimensão das fake news no Brasil e no mundo, assim como mostrou a reportagem do Fantástico do dia 03 de maio. Dados de relatórios recentes da Avaaz revelam que, no Brasil, cerca de 94% dos entrevistados viu pelo menos uma afirmação falsa sobre o coronavírus. Nos Estados Unidos, o número é 83% e, na Itália, 95%. Revela ainda que, em comparação com os outros dois países, são os brasileiros que mais acreditam neste conteúdo. 

No dia 30 de abril de 2020, o portal G1 publicou que, em apenas três meses, a equipe do Fato ou Fake, agência de checagem de notícias criada pelo grupo Globo, realizou 150 checagens de textos, áudios e vídeos sobre o novo vírus. Algumas possuem até mesmo falas e imagens manipuladas ou antigas. 

São exemplos de fake news, divulgadas amplamente em diversos lugares da mídia e em redes sociais, como WhatsApp e Facebook:

  •  Novo coronavírus foi fabricado em laboratório chinês

Tal sentença foi replicada inúmeras vezes, como se fosse verdade, mas é completamente falsa. Pesquisas já indicaram que o vírus não poderia ter sido criado geneticamente.

  • Covid-19 não tem efeitos de ordem respiratória e é como qualquer gripe

Já se sabe, por meio de diversas pesquisas, que o vírus acomete o sistema respiratório e causa sintomas como falta de ar e tosse. Casos graves da doença não podem ser tratados em domicílio, logo que muitas pessoas necessitam dos respiradores. A Covid-19 é grave e, com certeza, não é apenas uma gripe. 

  • Tratamentos e técnicas alternativas

Chá de jambu, água tônica, café, vinho, alho, bicarbonato e até mesmo técnicas com secadores de cabelo por conta do ar quente. Há diversos boatos sobre curas e prevenção para a doença. Contudo, é necessário reforçar que não existem medicamentos, alimentos e qualquer outro método comprovado que possa ser eficaz contra o novo coronavírus. E, do mesmo modo, ainda não existem vacinas para a prevenção a doença. 

Além destas há ainda muitas outras informações enganosas sobre hospitais sem pacientes, imagens sem contexto de caixões vazios e notícias falsas sobre as máscaras e o álcool em gel. Existem também falsas denúncias acerca de medicamentos estocados e rumores envolvendo o grupo de risco da doença e até mesmo profissionais da linha de frente. Tais boatos já foram até mesmo compartilhados e sustentados por políticos, expondo a população a inúmeros riscos. 

Diante de tantas fake news, são claras as consequências dessa replicação. Por conta de sua rápida transmissão, muitas pessoas passam a ter acesso a tais informações. E, com isso, tomam atitudes por acreditarem em falsos e perigosos dados e que foram replicados, colocando em risco a própria saúde e dos outros. 

Como evitar a disseminação de notícias falsas

A fim de frear a disseminação em massa das notícias falsas, o WhatsApp adotou uma nova política no início de abril deste ano referente ao encaminhamento de mensagens. A nova regra reduziu de cinco para apenas um contato ou grupo o limite para que um usuário pode enviar uma mensagem já compartilhada muitas vezes. Segundo a empresa, já pode-se observar uma redução de 70% no número de mensagens que eram frequentemente encaminhadas para vários contatos no aplicativo. 

Outras redes sociais, como YouTube e Facebook, também arcaram com novas providências e políticas para frear a divulgação dos boatos em meio à pandemia. Ambos dizem excluir usuários que compartilham falsas informações e excluem conteúdos duvidosos que geram desinformação e expõem os usuários a um risco. Além destas, outras grandes plataformas e redes influentes na sociedade também trabalham para conter essa epidemia de fake news. 

A constante replicação de boatos a respeito da pandemia levou o próprio Ministério da Saúde a utilizar uma página para realizar a checagem dessas notícias recebidas. Possuem, inclusive, um número de telefone que recebe as informações duvidosas para avaliação. 

Como mais uma medida, no dia primeiro de maio, o governo do Ceará sancionou uma lei contra fake news para evitar a disseminação. A lei prevê multa de até R$2 mil para quem divulgar informações falsas sobre a pandemia.

Projeto Comprova, uma coalisão entre diversos veículos diferentes de comunicação brasileiros, também atua no combate às fake news. São 24 parceiros, contando com veículos de grande alcance, entre estes Folha de S. Paulo, Estadão, Nexo, Band News FM, A Gazeta, UOL e outros.

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Projeto Comprova atua no combate às notícias falsas. | Reprodução.

Desde o dia 25 de março, a equipe de jornalistas monitora redes sociais e aplicativos para esclarecer enganos sobre o coronavírus e ainda aumentar a disseminação da verdade. Há um canal e até mesmo um número de telefone para que os usuários possam enviar os boatos a serem verificados. 

Existem também demais agências que podem realizar a checagem e evitar a desinformação. Algumas são: Agência LupaFato ou Fake e Aos Fatos.  

Como se prevenir?

Para evitar tanta desinformação, é importante, primeiramente, a conscientização da população acerca dos riscos das fake news. Tantos rumores geram efeitos graves e colocam todos em risco, podendo, inclusive, agravar a pandemia da Covid-19.

Além de sempre buscar fontes confiáveis, como jornais digitais e seus sites de notícias, é necessário estar atento ao modo de veiculação da notícia divulgada. Recomenda-se dar atenção ao vocabulário utilizado e ao formato da notícia recebida, a detalhes e à fonte, se ela veio de órgãos oficiais. Imagens também pode ser manipuladas ou estarem fora de contexto. 

Diante da situação mundial, a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e alguns governantes sempre fazem atualizações por meio de pronunciamentos e canais oficiais. Sites de diversos jornais mundiais já possuem páginas destinadas à cobertura da doença, com notícias recentes, números atualizados e até mesmo mapas e infográficos.

O melhor método é sempre buscar a confirmação do fatos duvidosos antes de acreditar e, principalmente, antes de repassar para outros via qualquer meio. Fazer uma pesquisa ou enviar a informação recebida para checagem são meios de evitar a propagação de enganos e mentiras. 

A pandemia do novo coronavírus é uma grande ameaça mundial, mas também é necessário atenção à epidemia das falsas informações. Buscar contê-las é uma ação contra a Covid-19. Por isso, ter acesso às notícias corretas, evitar a desinformação e seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde são caminhos importantes para evitar o agravamento da doença no mundo.  

Fontes: Exame, G1 – Fato ou Fake, Estadão, Uol, BBC, CanalTech, Ministério da Saúde, Projeto Comprova.

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Por Karina Almeida – Fala! Cásper

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