quinta-feira, 12 dezembro, 24
HomeEntretenimento​Escândalo na Activision Blizzard: Tudo sobre a crise na empresa

​Escândalo na Activision Blizzard: Tudo sobre a crise na empresa

​Empresa é processada com acusações de apoiar a cultura do machismo em seus interiores

A Activision Blizzard está sendo processada após denúncias internas. | Foto: Reprodução.
A Activision Blizzard está sendo processada após denúncias internas. | Foto: Reprodução.

A gigante publicadora de videogames americana Activision Blizzard (Call of Duty; Diablo; Overwatch) sofreu um processo pelo Departamento de Justiça do Trabalho e Moradia da Califórnia (DFEH, em inglês), após ser alvo de uma série de acusações sobre assédio e machismo no interior da empresa.

Essas acusações ocorreram através de ex-funcionárias da empresa que relataram um ambiente de trabalho extremamente desigual e machista. Dentre muitas acusações feitas pelo DFEH, algumas delas incluem salários desiguais entre homens e mulheres, demitir ou forçá-las a sair da empresa com mais frequência, promovê-las a cargos melhores com menos frequência que homens da empresa e de episódios de assédio físico e moral.

No relatório do DFEH, foi citado que a empresa tinha uma cultura de frat boys, que em português é “meninos de fraternidade” e homens ficavam bêbados e assediavam funcionárias em grupos, além de manter uma cultura de assédio e de machismo constantemente: um lugar fértil para o assédio e para a discriminação contra as mulheres, está escrito no documento. Cerca de 20% dos funcionários da empresa são mulheres. Ainda assim, quase todos os altos cargos são ocupados por homens (em sua maioria, brancos).

Também no relatório, foi mostrado que muitos funcionários se dirigiram à área de Recursos Humanos para denunciar esses comportamentos por parte de alguns colegas de trabalho. Entretanto, vítimas que foram ouvidas pelo departamento alegam que o RH ignorou essas denúncias e não tomou nenhuma atitude em relação a elas, o que evidencia o quão pouco se importam com esse tipo de comportamento na indústria.

Diversos funcionários, conforme o caso foi tomando maiores proporções, compartilharam suas experiências na empresa, que antes de tamanha proporção, negava as acusações, alegando que os relatórios do DFEH estavam distorcidos e que sempre cooperou com as investigações. Essa fala da Activision Blizzard perdeu toda a credibilidade depois que o caso começou a atrair os holofotes da mídia. Cerca de 3000 funcionários da empresa fizeram uma carta aberta à gerência, pedindo um esclarecimento oficial sobre os ocorridos, além de pedir um posicionamento contra o assédio e machismo presente na empresa.

O caso ficou ainda mais sério quando descobriu-se que uma funcionária teria cometido suicídio por conta dos problemas na publicadora de videogames, segundo o site Kotaku. A empresa, tentando desviar das acusações, afirma que as informações, presentes no relatório do DFEH, assim como o acontecimento do suicídio, estavam distorcidas e que a menção ao suicídio foi algo desrespeitoso à vítima e à família.

Não somente dentro da empresa, o machismo dentro da Activision Blizzard causou revolta em toda a indústria dos videogames. Na quarta-feira, 28 de julho, funcionários da gigante francesa Ubisoft (Assasin’s Creed; Far Cry) fizeram uma carta aberta apoiando os funcionários da empresa. Isso mostra que, mesmo que a indústria dos videogames cultive essa cultura de machismo, a resistência está muito presente para defender os direitos das minorias, sejam elas raciais ou de gênero.

Quando pensávamos que esse assunto estava perdendo seu fogo, o diretor da Activision Blizzard, Allen Brack, nome que foi citado nas delações por permitir que os assédios ocorressem, deixou o cargo no dia 3 de agosto, alegando que estava em busca de “novas oportunidades”. Em seu lugar, ficaram na co-presidência Mike Ybarra, diretor geral, e Jen Oneal, vice-presidente executiva e primeira mulher a assumir o cargo de presidência na história da empresa. Nunca saberemos o verdadeiro motivo de sua saída, mas com certeza nos deixa muito curiosos, não?

Esses infelizes acontecimentos deram muito o que falar, mas com certeza não é algo novo na indústria dos videogames. A grande maioria dos trabalhadores nesse meio é constituída por homens e as mulheres ainda sofrem muito com a cultura do machismo, que muitas vezes é estimulada nos interiores das empresas, o que estimula situações como as ocorridas dentro da Activision Blizzard, sobre as quais muitos fatos haverão de ser revelados e muitos culpados de serem julgados. 

________________________________________________________

Por Pedro Henrique Pugliese Cemin – Fala! Cásper

ARTIGOS RECOMENDADOS