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Entenda um pouco mais sobre a ascensão da bruxaria pagã no Brasil

Como o público jovem das redes sociais criou uma rede de apoio e informações para os seguidores de religiões pagãs

Os termos “paganismo” e “bruxaria” podem remeter a tempos distantes, aulas de história sobre a inquisição ou mesmo à fantasia e aos contos de fadas. Mas as comunidades de bruxos pagãos nas redes sociais provam que a prática não apenas existe, como é completamente atual e traduzida para a realidade da década. 

bruxaria e paganismo
No Brasil, as religiões pagãs têm tido uma maior adesão atualmente. | Foto: Reprodução.

No TikTok, a quarta maior rede social em termos de usuários, extremamente popular entre jovens de 13 a 24 anos, a hashtag #witchtok possui 473 milhões de visualizações e nomeia a comunidade que produz conteúdo sobre bruxaria e paganismo na plataforma. Esses vídeos contêm instruções para novos praticantes, curiosidades e respostas a dúvidas sobre a prática, ou mesmo piadas e sketches de comédia sobre o dia a dia de uma bruxa no século XIX.

O mesmo acontece em outras redes sociais, como Twitter e Facebook: grupos de seguidores das várias frentes do paganismo postam cada vez mais sobre suas religiões, principalmente com o objetivo de conscientizar os leigos sobre as religiões pagãs e derrubar preconceitos construídos durante os acontecimentos da Inquisição.

Por parecer um fenômeno estrangeiro, com muitos termos em inglês e com a maior parte dos conteúdos sendo postados também na língua inglesa, não se percebe o crescimento que ocorre dentro do Brasil. O grupo de Facebook Bruxaria Natural, dedicado ao estudo da prática, possui mais de 38 mil membros; são pessoas que verdadeiramente se interessam pela religião e desejam aprender mais sobre essa prática religiosa ainda encoberta pelo cristianismo do país. 

A comunidade brasileira de bruxaria possui em sua maioria, jovens de origens católicas, que se sentiam descontentes e não acolhidos pela religião da família, e encontraram conforto nas práticas pagãs.

Japan, por exemplo, tem 12 anos, e segue a linha da Wicca (a mais conhecida e mais popular nas redes sociais), mesmo que seus pais sejam muito ligados à fé cristã. O garoto aderiu à esta religião por se identificar com a ligação com a natureza – pilar da prática Wicca – e pelo como o conceito de magia é apresentado. Ele conta que seu primeiro contato com a crença foi pela rede social Pinterest e, a partir disso, decidiu pesquisar e estudar, e se apaixonou pelos princípios. 

Pâmela, de 16 anos, e Anna, de 21, (nomes fictícios para proteger as identidades das entrevistadas) possuem histórias muito parecidas. Pâmela conheceu a bruxaria pagã pelo Twitter e, conforme estudava a religião, decidiu-se pela vertente eclética. Também filha de pais cristãos, foi forçada a fazer a catequese e se afirmar na religião da família, mas mantém em segredo a prática pagã (motivo pelo qual pediu pelo sigilo).

Já Anna, segue há seis anos a linha do Caoismo, que a permite praticar com privacidade, já que, segundo a própria, seus pais católicos se abalariam e seria mais difícil manter seu emprego, já que ainda há muito preconceito com quem segue uma religião pagã. A jovem foi apresentada à prática por um amigo, mas acredita que a bruxaria a escolheu, e que não foi um simples acaso.

Japan, Pâmela e Anna concordam que há uma ascensão nas comunidades brasileiras de bruxaria e paganismo, principalmente nas redes sociais, e possuem opiniões em comum sobre a coletividade pagã na internet. Os três citaram o Twitter como o grupo mais ativo nas mídias sociais, o que facilita a chegada da informação pelo país, e concordam que é um bom meio de aprender sobre as práticas, além do imenso suporte advindo da coletividade. Porém, ao mesmo tempo, os três alertam para que as informações adquiridas nas redes sociais sempre sejam checadas em fontes confiáveis.

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Por Giulia Deker – Fala! Cásper

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