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Entenda tudo sobre as eleições americanas

A corrida eleitoral na maior economia do globo já começou e, como de costume, o mundo observa atento ao desenrolar do pleito. A eleição deste ano conta com Donald Trump (atual presidente e candidato pelo partido republicano) e Joe Biden (ex-vice presidente e candidato do partido democrata). Hoje, vamos fazer uma apuração das principais informações até agora na corrida, além de explicar um pouco sobre a agenda defendida pelos candidatos.

Entendendo o sistema eleitoral americano

Casa Branca
O candidato que ganhar esta eleição ficará por quatro anos na Casa Branca. | Foto: Unsplash.

Antes de falar sobre a eleição de 2020, em específico, é importante explicar as particularidades do sistema eleitoral norte-americano. A primeira característica é que, nos EUA, o voto é facultativo, isso faz com que o candidato tenha uma dupla função: convencer quem já está disposto a votar e atrair para as urnas quem está indeciso se quer ou não participar do pleito.

A segunda (e mais polêmica) especificidade das eleições americanas é que os eleitores não votam diretamente para o presidente. O presidente é escolhido por delegados que, por sua vez, são escolhidos através da vitória distrital de cada candidato (se o candidato X ganha em um certo distrito ele leva todos os delegados daquele distrito, a única exceção à regra são os estados do Maine e Nebraska). Para se eleger um candidato à presidência precisa obter ao menos 270 dos 538 delegados, mesmo que ele obtenha um número menor de votos diretos (vindos do eleitorado americano) que seu adversário.

Essa questão do voto indireto já fez com que candidatos que perderam as eleições, em número de votos diretos, ganhassem a eleição. Pois mesmo com um número de votos menor, eles haviam ganho em distritos que possuem mais delegados e, consequentemente, obtiveram mais votos no colégio eleitoral. Foi o caso, por exemplo, das eleições que elegeu o George W. Bush (2000) e o próprio Donald Trump (2016).

Conhecendo os candidatos:

Quem é Donald Trump?

Donald Trump
Foto do atual presidente e candidato a reeleição nos EUA, Donald Trump. | Foto: Unsplash.

Talvez seja o candidato mais conhecido do público geral nesta eleição, justamente por ser o atual presidente dos Estados Unidos. O empresário milionário do setor imobiliário antes de concorrer à Casa Branca tinha seu próprio programa e era conhecido pelo público americano como um exemplo de sucesso e do ideal americano.

Contudo, o presidente chega à corrida com uma imagem muito mais negativa do que no pleito anterior. O seu fracasso em lidar com a crise sanitária do Covid-19 e a recente matéria do The New York Times que traz informações tributárias de Trump, acabaram por dificultar a defesa do que seriam seus maiores trunfos na campanha: a melhoria de alguns indicadores econômicos durante o seu governo (como, por exemplo, a redução da taxa de  desemprego nos EUA) e a imagem de empresário bem-sucedido (que ele sempre gostou de exaltar e parece ter surtido efeito no passado).

Outro fator que pode dificultar o Trump é que ele não poderá se utilizar da narrativa empregada na eleição passada: questionar o establishment político americano. Pois ele já não é o empresário que decidiu se aventurar na política para “fazer a América grande novamente”. Hoje, ele é que receberá críticas e perguntas ásperas acerca de seu governo e o não cumprimento de promessas.

Quem é Joe Biden?

Joe Biden
Foto do ex-vice presidente e candidato nas eleições deste ano nos EUA, Joe Biden. | Foto: Wikimedia.

Por mais que o rosto de Trump seja o mais familiar da campanha, Joe Biden não é um nome desconhecido na política norte-americana. Ele tem uma longa jornada no Congresso americano, além de já ter concorrido à presidência em outras oportunidades. Porém, seu cargo mais memorável foi o de vice-presidente na administração Obama.

Biden é conhecido por sua fama de moderado, algo que, inclusive, foi criticado nas prévias democratas por seus adversários. Durante sua trajetória no Congresso ele conseguiu arrancar elogios até de republicanos, chegando a ser amigo de congressistas conservadores e até segregacionistas. Esses fatos voltaram à tona durante as prévias democratas e foi usada por seus partidários mais radicais para criticar o candidato. No entanto, seu discurso conciliador parece estar funcionando com o eleitorado (até o momento ele aparece na frente em intenções de voto).

Veterano na política, já concorreu nas eleições de 1988 e 2008. Na primeira, desistiu após a revelação de que um de seus discursos era, na verdade, o plágio de um discurso de outro político. Outro ponto delicado da vida de Joe e que pode ser utilizado por seu adversário para lhe atacar é sua atuação no caso Anita Hill (uma professora universitária negra que acusou, em 1991, o candidato a uma vaga no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, Clarence Thomas, de tê-la assediado sexualmente), já que ele presidiu a audiência que avaliaria a culpa de Clarence (audiência composta totalmente por homens brancos e que acabou permitindo a nomeação do juiz). Em tempos de #MeToo esse episódio, com certeza, será algo delicado para a campanha de Biden.

As questões urgentes nesta eleição e o posicionamento dos candidatos

A crise sanitária atual e o sistema de saúde americano

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Navio usado como hospital para os pacientes de Covid-19 durante o período crítico da pandemia em Nova York. | Foto: Unsplash.

Enquanto que Trump foi manchete por passar informações conflitantes, divulgar fake news sobre o novo coronavírus e minimizar a necessidade de seguir os protocolos de segurança sanitária, Joe Biden se mostrou desde o começo como um defensor do isolamento social e do seguimento das regras de controle do vírus. Levando em conta que os EUA, hoje, possuem 7.262.630 de casos de Covid-19 e 206.852 de mortes provocadas pelo vírus, essa, com certeza, será uma questão levantada pelo eleitor durante o voto.

A pandemia também demonstrou outro problema, esse muito mais crítico e problemático: a inexistência de um sistema público de saúde. Os EUA não possuem um sistema gratuito de saúde, como o Brasil ou o Canadá, assim, todo americano que precisa de um serviço médico irá pagar por ele (no geral, um preço mais alto que em outros países). Joe Biden se mostra um grande defensor do Obamacare (programa do governo Obama que visa controlar os aumentos dos preços dos seguros de saúde e assegurar uma parcela maior da população com atendimento médico), enquanto que o Trump já fez várias críticas ao programa e tentou desmontar o mesmo diversas vezes.

Os protestos contra a violência policial e o ressurgir dos questionamentos raciais

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Imagem de um dos protestos contra violência policial que tomaram os EUA este ano. | Foto: Unsplash.

Com o advento dos protestos acerca da violência policial contra negros é provável que o Trump se veja em uma situação complicada. Muitos supremacistas brancos também tomaram as ruas armados, esses grupos se identificam como apoiadores do governo Trump.

O clima de violência cresce em muitas cidades americanas, onde os grupos divergentes se encontram, já existindo relatos de mortos. O presidente Trump é criticado por não conseguir controlar a escalada da violência, não repreender seus apoiadores supremacistas e não reconhecer a legitimidade dos protestos contra a violência policial e o racismo.

Neste tópico, Joe Biden parece estar muito mais alinhado com os questionamentos da população negra americana, no entanto, sempre ressaltando seu lado conciliador e defendendo uma resposta não violenta.

As queimadas na Costa Oeste e a questão ambiental

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Imagem aérea de um incêndio florestal perto de Los Angeles. | Foto: Unsplash.

Com a chegada de Trump à Casa Branca, ocorreu um claro retrocesso nas questões ambientais nos EUA. O país sob a administração Trump saiu do Acordo de Paris e investiu na exploração de recursos naturais. O atual presidente também foi responsável por propagar inverdades acerca do aquecimento global e a gestão ambiental americana.

Com os recentes incêndios na Costa Oeste a questão ambiental voltou para o debate político estadunidense. Enquanto Trump promete continuar com a “desburocratização” da legislação ambiental, Joe Biden promete investir em fontes de energias renováveis e trazer o país de volta para o Acordo de Paris.

Os caminhos para o desenvolvimento econômico

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O candidato que conseguir se eleger terá pela frente o desafio da crise econômica causada pela Covid-19. | Foto: Unsplash.

Talvez seja aqui onde as visões dos candidatos sejam mais divergentes, já que um dos candidatos (Trump) faz parte da elite econômica do país e o outro (Biden) vem de uma família de classe média americana. O atual presidente defende uma economia pouco regulada e com poucos encargos tributários, já o adversário acredita na taxação de grandes fortunas e no aumento de impostos para os mais abastados.

No cenário macroeconômico, Trump continua com sua política protecionista e voltada para a indústria nacional, reconhecida por taxar as importações de países como a China e até de países “amigos” como o Canadá e o México. Joe Biden acredita que os esforços econômicos devem estar voltados para aumentar os parceiros comerciais e criar laços interessantes para os EUA.

Trump e a narrativa de uma possível fraude eleitoral

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O maior desafio para a realização da eleição deste ano nos EUA é a pandemia. | Foto: Unsplash.

Diante da pandemia de Covid-19, muitos estados vêm ampliando a possibilidade de votar por correio. No entanto, o presidente Trump acredita que voto por correio pode levar a alguma fraude eleitoral que prejudicaria o andamento democrático da eleição. Entre seus apoiadores, é comum o discurso de desconfiança, reforçado pelo presidente, por esta modalidade de voto.

Os democratas, por sua vez, acreditam que o “medo” de Trump seria um número maior de pessoas inconformadas com suas ações votando, já que o voto por correio é mais atrativo do que o presencial, pois não há necessidade de enfrentar filas (o que poderia aumentar a adesão de eleitores que não iriam votar em outras circunstâncias).

Cabe ressaltar que não existem provas concretas que deem crédito à desconfiança de Trump e seus apoiadores, estando as autoridades eleitorais americanas convictas da segurança do método.

O primeiro debate presidencial

No dia 29 de setembro, o primeiro debate entre Trump e Biden foi ao ar pela Fox News. O debate foi marcado por um clima tenso e, em certos momentos, caótico. O atual presidente mostrou-se exaltado em vários momentos, interrompendo as falas do adversário, sendo necessário o moderador interferir. Por outro lado, Biden mostrou-se lento em rebater as investidas de Trump (mesmo que tenha conseguido respondê-las, sem cair em grandes contradições).

Em diversos momentos, ocorreram trocas de insultos entre os candidatos, além de acusações sobre as famílias de ambos os candidatos. Trump insinuou que Biden teria usado de sua posição para auxiliar os negócios de um de seus filhos, Hunter Biden, ao passo que Joe replicou falando que Trump também estaria privilegiando a filha ao contratá-la como assessora. Trump também falou sobre o vício em drogas do outro filho de Biden, Beau Biden.

Por todo o cenário que permeou o debate, é difícil definir quem saiu vitorioso para o público, posto que o debate já é considerado por muitos um dos piores da história eleitoral americana.

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Por Jefferson Ricardo – Fala! UFPE

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