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Entenda a série brasileira ‘Coisa Mais Linda’ da Netflix

A série brasileira, original da Netflix, que já conta com 2 temporadas disponíveis na plataforma, se passa por volta do ano de 1960, no Rio de Janeiro, do qual relata a sociedade brasileira em suas diversas facetas: ricos, pobres, negros e brancos. O drama criado por Heather Roth e Giuliano Cedroni apresenta temas fortes, como a luta contra o machismo, racismo e outros preconceitos latentes presentes até hoje na sociedade.

A história tem 4 mulheres como personagens principais, as quais enfrentam diariamente os obstáculos de um mundo a favor dos homens. Assim, a abertura de um novo negócio, a criação de um filho e a independência sobre suas decisões eram inimagináveis sem a presença dos esposos, porém, a série demonstra o contrário dessa figura passiva que a mulher representava na sociedade.

Dessa forma, se a existência de Malu, Adélia, Lígia e Thereza fossem reais, as mulheres do ano de 2020 ainda teriam muito o que aprender. O machismo que rodeava as personagens não é apenas um exagero ficcional, nele, se traz a realidade de conviver com a ideia de uma desigualdade por ser quem é, por ser mulher e que, por esse motivo, devem ser passivas às decisões, falas e situações que os homens fazem. Nessa visão, a ideologia é combatida na série ao demonstrar o caráter, a força e a coragem das personagens que solucionam seus problemas e vão atrás das suas independências.

Coisa Mais Linda 2ª temporada
2ª temporada de Coisa Mais Linda é lançada na Netflix. | Foto: Reprodução.

Valores que envolvem a série

Além do machismo, há também a questão do preconceito racial, pauta essa que é muito destacada na série pela personagem negra Adélia (Pathy Dejesus), a qual encara dificuldades como o julgamento por sua cor, pela criação independente de sua filha e por administrar um negócio sem a presença masculina.

Apesar disso, os preconceitos vivenciados pela personagem Adélia continuam sendo a realidade para muitos homens negros, por conta do racismo, mas, principalmente, pelas mulheres negras, que ainda lidam com o machismo.

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Adélia. | Foto: Reprodução.

Em Coisa Mais Linda, outros fatores são levantados pela personagem Lígia (Fernanda Vasconcellos), como o aborto, que tanto no século 20 quanto no século 21 ainda é visto com semelhança pela sociedade, e a violência doméstica, essa que persiste e fortalece os casos de feminicídio, morte por ser do gênero feminino. Somado a isso, a personagem ainda tem a complexidade de escolher entre a carreira almejada e o casamento, pois, para a época, o sinônimo de mulher no trabalho era um homem falido.

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Lígia. | Foto: Reprodução.

Ademais, a personagem Thereza (Mel Lisboa) é a que mais representa o feminismo entre as outras mulheres, a perspectiva dela acaba guiando e inspirando o desejo de independência feminina. Logo, o intelecto da escritora é expandido às pessoas ao seu redor, dando ao drama uma personagem que ensina e intriga homens e mulheres de todas as épocas.

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Thereza. | Foto: Reprodução.

Somada a essas personagens, temos a Maria Luiza (Maria Casadevall), a paulistana, que se muda para o Rio de Janeiro em busca de uma vida de sucesso com o seu marido. Contudo, sua história ganha, para além de decepções, uma conquista que, ao passar da série, é explorada, a sua liberdade, principalmente quando decide administrar um clube de música com Adélia, onde a paixão pela música une todas as pessoas.

Dessa forma, sem as restrições de um marido e um pai, Malu descobre as responsabilidades e a independência, que nunca sonhava ter, agora em suas mãos.

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Malu. | Foto: Reprodução.

Diante dessa visão, o compreender de Coisa Mais Linda passa de uma simples série da Netflix para um ensinamento do empoderamento feminino, a mistura das diferenças e a perspectiva social.

Com isso, a ficção proporciona momentos de reflexão sobre os papéis em sociedade e o quanto as mudanças são necessárias para as pessoas, mas não direcionando os telespectadores a uma visão estática do século 20 e, sim, uma dinâmica de confronto entre o nascimento de novos valores e os conceitos preexistentes da época. 

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Por Amanda Marques – Fala! UFPE

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