Nos últimos dias, para quem acompanha as redes sociais e notícias do mundo do entretenimento, muito se falou sobre a artista Doja Cat. A cantora de 24 anos alcançou o sucesso com seu mais recente álbum, Hot Pink, lançado em 2019. Além disso, também participou da trilha sonora de um dos filmes mais esperado do Universo DC Comics, Birds of Prey – ou Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa no Brasil.
Mas, afinal, quem é ela e por que vem sem falando tanto sobre Doja Cat? De nome de batismo Amalaratna Zandile Dlamini, a rapper norte-americana acumula milhões de seguidores nas redes sociais. Seja por conta das músicas ou pelo seu conteúdo voltado ao humor, ela conquistou o nicho jovem da Internet.
O nome Doja Cat, segundo ela mesma, surgiu unindo suas duas paixões: seu gato de estimação e a Doja – um tipo de maconha. Seu primeiro single, So High, tem data de lançamento o ano de 2014 e mais de 4 milhões de visualizações apenas no YouTube. Ela já vinha chamando atenção.
Música
Chamada a atenção necessária, Doja Cat lançou, em 2018, o álbum Amala, com muito rap, trap, dance e R&B. Apenas um ano depois, veio o tal Hot Pink, segundo álbum que trouxe o sucesso e smash hit que foi Say So. Além disso, a cantora contou com o relançamento da produção Juicy, em parceria com o rapper Tyga, atingindo o top 50 da Billboard.
Mas foi Say So que verdadeiramente emplacou – seja pelo clipe repleto de belos looks e um storytelling simples, ou pela ajudinha do novo app sensação, o TikTok.
Com os desafios do aplicativo, uma dança presente no clipe se tornou mais do que viral e, assim, popularizando a canção. O feito chegou a tanto que um remix ao lado de ninguém menos que Nicki Minaj foi feito, atingindo ‘somente’ o top 1 da Billboard.
Cancelamento
Porém, a rapper não ficou livre do ávido tribunal da Internet. Nas últimas semanas, ela tem sido alvo de acusações gravíssimas – as quais já se pronunciou publicamente. Tudo começou no último dia 23, quando foi divulgada uma suposta participação de Doja Cat em um grupo de extrema direita.
Rapidamente, a rapper foi acusada de racismo – mesmo sendo uma mulher negra. No Twitter, uma conta divulgou um vídeo em que Doja Cat participa dessas conversas do grupo de extrema direita. Lá, a cantora não chega a falar nada, mas, supostamente, ri de algumas piadas racistas de outros integrantes da conversa.
Com a vida exposta, outros internautas se encarregaram de encontrar mais ‘erros’ da artista. Assim, encontraram a produção Dindu Nuffin, produzida em 2015, ainda antes da fama. O termo em questão é extremamente polêmico, já que se refere a uma sátira usada por pessoas racistas para ironizar o modo em que pessoas de cor dizem “didn’t do nothing” (não fiz nada, em português), por conta do sotaque.
No Twitter, a hashtag #DojaCatIsOverParty – Festa de Cancelamento da Doja Cat, em português – rapidamente bombou nos Trending Topics. Ao mesmo tempo, outro grupo de internautas e fãs-clube reuniam provas ou rebatiam as acusações, com a hashtag #WeAreSorryDoja – Sentimentos muito Doja, traduzido.
O argumento seria de que a rapper entrou no grupo e não fez nada do que a acusam. “Ela entrou nessa sala e de conversa estranha e foi flagrada. O grupo não é nada racista. Muitos rumores foram inventados. Ela foi ameaçada pelos usuários. Alguns desses caras estão bravos com ela e inventaram coisas que ela teria feito lá antes de ser famosa, mas ela não é racista”, defendeu um internauta.
Os tuítes, no entanto, foram excluídos pela conta @dojobat no Twitter. O usuário ainda explicou a intenção da polêmica música, Dindu Nuffin. Segundo ele, a canção não ironiza em momento algum, e sim critica a violência policial nos Estados Unido. “Artistas frequentemente usam termos do tipo para acordar as pessoas”, alegou a conta fã-clube.
Novas acusações
No entanto, a ‘treta’ não acabou por aí. Mais uma vez, Doja Cat se envolveu em acusações de racismo, dessa vez, por conta de um vídeo postado por ela mesmo na plataforma TikTok. Na manhã do domingo, 23, a gravação publicada no último dia 13 da cantora veio à tona. Nas imagens, a rapper cita várias vezes um trecho da música Flawless, de Beyonce.
“I woke up like this” – eu acordei assim, em tradução livre -, diz a cantora nas imagens, com aspecto desarrumado. Ao fim do vídeo, ela questiona os fãs: “What’s your favorite Beyonkey song?”. A fala gerou polêmica e Doja Cat foi acusada de racismo mais uma vez, já que muitos alegaram que ela uniu as palavras Beyoncè e ‘monkey‘ – macaco, em inglês.
Essa nova acusação também foi rebatida na web, já que envolve uma gíria norte-americana. Lá, “Beyonkey” se refere a “uma garota que acha que soa como a Beyoncé, mas quando ela canta, parece mais o Burro do Sherk”, de acordo com o ‘Urban Dictionary’. Em inglês, o Burro do Sherk se fala ‘Donkey’.
Pronunciamento
Com a extrema repercussão negativa, Doja Cat foi às redes sociais explicar o suposto erro. Na noite do domingo, 24, a cantora publicou uma carta aberta no Instagram falando sobre as acusações.
Eu quero falar sobre o que vem acontecendo no Twitter. Eu tenho usado salas de chat público para socializar desde quando eu era uma criança. Eu não deveria estar em alguns daqueles chats, mas pessoalmente, nunca me envolvi em nenhuma conversa de teor racista. Me desculpe a todos aqueles que eu ofendi.
Doja Cat ainda reiterou que, como uma mulher negra, tem orgulho das próprias raízes. “Metade da minha família é negra da África do Sul e eu tenho muito orgulho de onde vim”, rebateu. A rapper ainda explicou sobre a polêmica canção ‘Dindu Nuffin’, lançada há cinco anos.
Quanto à música antiga que ressurgiu, não era de maneira alguma ligada a nada além da minha experiência pessoal. Ela foi escrita em resposta às pessoas que frequentemente usavam aquele termo para me machucar. Eu fiz na tentativa de mudar seu significado, mas reconheço que isso foi uma péssima decisão, de usar aquele termo na minha música.
No fim do comunicado, Doja Cat reconhece sua fama e o impacto que ela tem sendo uma figura pública. Ela ainda pediu desculpas aos fãs e a quem se entristeceu ou magoou com tais atitudes. “Esse não é o meu caráter, eu estou determinada a mostrar isso para todos e seguir em frente. Obrigada”.
Confira o pronunciamento na íntegra, clicando aqui:
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Por Samantha Oliveira – Fala! UFPE