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A influência da presença dos pais na educação dos filhos na pandemia

O Presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Eliseu Gabriel, acredita ser fundamental o envolvimento das famílias na educação das crianças e jovens.

Um dos grandes problemas que temos na educação no Brasil é o fato das famílias não terem esse compromisso com os seus filhos, porque não têm essa cultura de necessidade ou não pode, por estar trabalhando o dia inteiro vendendo pipoca ou fazendo outra coisa, não estou falando no sentido depreciativo, mas na necessidades que eles têm.

Afirma ele.

Larissa Penteado educa a sua irmã, de 8 anos, do 3º ano do ensino básico da rede pública de São Paulo durante a pandemia, pois os seus pais precisam trabalhar. Moradora da região de Carapicuíba e bolsista no curso de Ciências Contábeis da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ela está entre as muitas famílias da cidade com problemas de exercer a educação em casa. Afirma não ter preparo pedagógico e precisa criar paciência para ensinar usando os materiais distribuídos pela prefeitura.

Nesse material, Larissa mostra em vídeo um gibi da Turma da Mônica, uma ficha de leitura, provas de português e matemática, livros didáticos – de poucas páginas – e material para orientação do Centro de Mídias, que mostra como usar o aplicativo e tem um guia do canal da TV educativa pública, conforme a região e cidade. Entretanto, o sinal da sua casa não sintonizou nesse canal, o aplicativo não acessa e “o site do governo não é eficiente, mesmo com todos os dados corretos, ele não faz o cadastro”, afirma ela.

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Desigualdade na educação durante a pandemia. | Foto: Reprodução.

Educação na pandemia

Escolas públicas

A Secretaria da Educação tem oferecido recursos para ajudar os estudantes de escolas públicas durante a pandemia. Nessas medidas, destaca-se a distribuição de materiais para as crianças estudarem em casa, um canal na televisão para assistir às aulas, um portal de videoaulas, a doação de cestas básicas nas escolas e a criação de um cartão em parceria com a empresa Alelo, com dinheiro correspondente às merendas.

Porém, a famílias com dificuldades, como a Penteado, em receber os auxílios da prefeitura por morarem em regiões distantes, sofrem problemas estruturais. Para eles, que não chegam à distribuição de entregas, não tem sinal de TV em casa, Internet e outros problemas. Logo, a pandemia destaca as desigualdades sociais e a importância do ensino presencial para mais pessoas poderem estudar.

Escolas particulares

Na realidade de alunos de escolas particulares, na situação do ensino em casa, ocorre com maior suporte da escola, como no caso da bióloga Ana Paula Depernardo, 52 anos, moradora do Alto da Lapa e mãe da Maria Clara, de 6 anos, do 1º ano do fundamental no Colégio Santa Clara. Na idade da menina, não ocorre provas e aulas com matéria, apenas aos alunos mais velhos.

Além da escola mandar um e-mail toda semana marcando encontros em dias diferentes com professora principal e depois com os professores de música, artes e educação física, de 30 a 40 minutos no máximo. Essas aulas, depois, são disponibilizadas no site da escola e, na semana passada, foi distribuído um material para o período de pandemia.

A instituição adotou essa metodologia por acreditar que, crianças por serem novas, não conseguiriam ficar muito tempo no computador. Além de afetar o trabalho home office dos pais, a mãe relatar que todo começo da semana todas as professoras do primeiro ano ligam para saber do desenvolvimento da filha e se apresenta alguma dificuldade. Apesar do próprio blog do colégio, os pais podem relatar dúvidas e observações.

Porém, caso precisar de alguma informação, a mãe tem contato direto com os familiares de alunos em classes diferentes da mesma escola da filha, somando ao grupo do WhatsApp com os pais dos colegas de sala da Maria.

Desigualdades na educação

Diferente de Ana Paula, Larissa não tem contato com os pais da escola da irmã, as informações para receber o material foi por meio de uma professora que mandou mensagem no WhatsApp e a cesta básica pelo “boca a boca”, ao qual a escola distribuiu e a sua família decidiu não pegar e nem o cadastro do cartão da merenda das crianças, devido à família não estar precisando. 

A estudante de contábeis não sabe se a escola pública vai disponibilizar um novo cronograma, ao qual conseguiu cumprir em uma semana. Ela tem usado os livros dados pela escola no início do ano e o material feito para a pandemia, organizando uma rotina de estudos. “Ela faz duas páginas de atividades, mas, no máximo, conseguiu fazer quatro páginas, pois ela se cansa e eu me canso. Então, prefiro fazer pouco com qualidade do que fazer muito e ser ruim”, relata Penteado.

Apesar de dois anos de diferença entre Maria Clara e a irmã de Larissa, ambas não conseguem ficar muito tempo fazendo a atividade, têm auxílio da família e material para estudar. A discrepância está no amplo acesso de contatos da primeira para pedir ajuda, com a mãe disponível no tempo do horário da aula para orientar e o pai para ajudar no inglês, por ter fluência no idioma.

A mãe percebeu a dificuldade da filha em escrever a letra B, que já entrou na escola sabendo ler e escrever, achou melhor ajudá-la. “Eu busquei algum material na Internet, com auxílio da professora, como ela pode começar a mudar essa escrita, eu imprimo e dou para ela fazer. Então, pelo menos 3 vezes por semana, ela faz e já está melhorando”, conta Ana Paula.

Ela é a favor a educação a distância, inclusive já fez vários cursos, mas não para crianças pequenas, pois ainda não dá para deixar na frente do computador. “Então, sempre precisa estar com alguém do lado, mas claro que não vai deixar direto no computador alguém de 5º a 6º ano, mas você não precisa ficar o tempo todo no lado”, afirma.

Outra diferença de Ana com Larissa é a primeira ter formação em biologia e ter experiência como professora na sala de aula. Apesar da licenciatura, conta não concordar com o fato dos pais educarem os filhos, serem apenas um suporte, por causa do lado emocional e nem todos os pais terem educação pedagógica. “Eu não consigo separar o lado mãe para o de professora, acho mais fácil dar aula para outra pessoa que não seja a minha filha, pois, como pais, cobramos muito.”, relata ela.

Apesar de todo o aparato on-line, a educação presencial tem a sua vantagem por possuir o espaço físico e as relações humanas.

O contato que nós estamos tendo aqui, hoje, não substitui a escola, um território dos afetos, da sua formação como ser humano, formação das amizades, dos seus relacionamentos, dos seus amores, dos seus olhos e tudo isso a escola é fundamental; e pela Internet a gente não consegue desenvolver essa parte humana.

Conta o presidente da comissão.

Quando as aulas voltarem ao presencial, as escolas precisarão tomar uma série de precauções. O vereador descreve os cuidados, com distanciamento social, uso de máscara e higienização intensa nos corredores, corrimãos, salas de aula. Somando a preocupação emocional dos alunos, professores e pais e a necessidade de estratégias pedagógicas para ajudar os alunos que estiverem com defasagem por não terem conseguido estudar em casa ou estiverem com dúvidas no conteúdo. 

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Por Carina Gonçalves – Fala! Mack

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