Entrevistamos a fisioterapeuta Agnes Moura (@agnes.moura), também praticante de CrossFit há vários anos, para falar um pouquinho mais sobre o esporte e a sua relação com a prevenção e o reparo das dores articulares, queixa principalmente do público acima dos 60 anos de idade.
“Mente e corpo caminham juntos. Depressão é a somatização de emoções. Medo, insegurança, falta de autoestima, todas essas emoções são descarregadas no seu corpo e geram a dor.”
De acordo com a profissional, a dor crônica tem fases de calmaria e de agudez: “Na fase de calmaria é tranquilo, o paciente veio semana passada tranquilo, feliz, evoluindo, chega essa semana mal consegue andar por conta de uma discussão com o filho e no dia seguinte acorda com mais dor ainda.”
Dor articular x dor muscular
Uma dor articular clássica, como a artrite de joelho, é na articulação. Uma dor muscular é facilmente descoberta quando se pode apalpá-la e naquele músculo é sentida uma tensão. É interessante ressaltar que uma dor muscular pode se tornar uma dor na articulação.
É necessário sempre avaliar o paciente individualmente para descobrir de qual dor se trata. Lembrando sempre que músculo forte é mais difícil de ficar “doente”.
Mas por que o CrossFit?
O idoso costuma ser solitário e a atividade em grupo é duradoura, fazendo com que ele tenha mais constância no método. Na maioria das vezes, exercitar-se individualmente gera desistência. De acordo com Agnes, o ser humano hoje tem a necessidade de se socializar e o Crossfit propõe isso, além do fortalecimento e da melhoria da autoestima.
“O Crossfit é dinâmico, não é monótono.”
Entretanto, é preciso ter cuidado porque a fisiologia do idoso é diferente da fisiologia de um jovem. Por isso, os exercícios serão adaptados para cada condicionamento físico. Mas isso é diferente de discriminação, o idoso não é um “coitadinho”. Ela diz que onde treina teve uma idosa de 66 anos que ganhou a competição de maior tempo na prancha.
Exercícios que melhoram a postura
O CrossFit fortalece a musculatura e contribui na melhora do posicionamento das costas. A dor em si não atinge apenas o idoso, ela está relacionada ao estresse, que está intimamente ligado com a postura, não tem diferença entre o idoso ou o jovem.
Um ponto positivo é que a pessoa de idade costuma ter mais tempo para cuidar da saúde do que o adolescente, que trabalha e estuda durante o dia e à noite. Ou seja, ela pode, e deve, movimentar-se.
“O movimento é o que melhora a dor”
As principais queixas de dor nos idosos são na lombar, no ombro e cervical. A fisioterapeuta alertou que uma das grandes causas da dor lombar é a fraqueza do músculo transverso do abdômen, trabalhando e fortalecendo este local a dor melhora.
Dores no ombro e na cervical
O ombro está muito relacionado ao movimento do braço e o movimento do braço está relacionado ao movimento da escápula. Ao você aprender a movimentar o braço junto com a escápula usando a “cintura” escapular a dor pode melhorar. De acordo com profissional da saúde, com a dor na cervical é a mesma coisa: “O trapézio é um músculo muito ingrato”.
Trabalho interdisciplinar
Durante todo o nosso bate- papo ela enfatizou a importância de se avaliar o todo, ou seja, de uma maneira mais holística. Disse que não dá para “fatiar o bolo”.
“A fisioterapia deve estar junto com o médico, com o treinador físico, o com o nutricionista, com o psicólogo. Todos trabalhando juntos em prol do paciente. É um trabalho multidisciplinar, ninguém trabalha sozinho.”
Por: Izadora Del Bianco (@izadbr)