sexta-feira, 29 março, 24
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Crônica : De vagão em vagão

Uma crônica por Manuela Miranda – Fala!Mack

Essa crônica não vai ser sobre mim mas vou contar a minha visão da história.

Todo dia milhares de pessoas pegam o metrô, mas nem todos percebem a arte entrando pelas portas em forma de música e poesia

De músicas clássicas a rimas da pessoa sentada, da pessoa comendo ou da pessoa desligada. Um talento desconhecido com frases de alegrar seu dia.

Alguns entram com violão, caixinha ou apenas com a própria voz.

Duas mulheres de sorrisos contagiosos no vagão Winnie e Isabel   entram com o violão e com um teclado de sopro. Um instrumento que traz a doçura em formas de melodia.

A maioria dos olhares são de simpatia mas elas já avisam:‘Se alguém se sentir incomodado com a nossa música é só levantar a mão que nós paramos e seguimos para o próximo vagão.’

Nenhuma resposta e elas começam a canção.

 Elas cantam uma música gostosinha, clássicos que dá vontade de sair dançando…

Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só

Aposto que você leu cantando!

 Olhares desconfiados mas sorrisos arrancados. O senhor que está do meu lado abre um sorriso ao poder ouvir uma das suas canções favoritas; “ Asa Branca”

‘Eu adoro essa música’

E assim a maioria do vagão vai cantando.

“Quem puder ajudar com uma moedinha no nosso chapéu, um elogio ou uma palavra positiva, nós agradecemos.”

Uma última melodia é tocada e elas saem pela estação Consolação.

Ao fechar as portas os aplausos são ouvidos.

Winnie e Isabel sentam com os seus instrumentos próximas a saída da Augusta (centro), estão arrumando os instrumentos e contando o dinheiro do chapéu.

  Ei essa história não é pra ser triste!

Mas elas contam a parte negativa dessa jornada

“Muitas vezes nós somos retiradas do vagão, infelizmente o Brasil não valoriza a arte.Não só nós mas muitos artistas não retirados.’’

“Tem pessoas que são a favor de uma regra e não questionam, mas no meio disso existem muitas reações positivas e nós continuamos o nosso trabalho”.

Talvez você encontre muitos artistas como Winnie e Isabel pelas linhas coloridas do metrô ou pelas ruas. Artistas com histórias e com algo diferente para contar. Em um Brasil que a arte não é tão bem vinda assim, nós precisamos de cultura para lutar cada dia mais contra as injustiças e tornar algumas realidades mais suportáveis.

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