Ontem, segunda-feira (14), o grupo sul-coreano BTS lançou o projeto “Connect, BTS” na renomada galeria Serpentine, em Londres.
A iniciativa tem o intuito de colaborar com a propagação da arte pelo mundo e o lançamento da exposição Catharsis, do artista dinamarquês Jakob Kudsk, foi apenas o primeiro passo do projeto, que passará por mais quatro cidades no decorrer do ano: Nova York, Seoul, Berlim e Buenos Aires. Cada local terá a apresentação de um novo artista e uma nova exposição gratuita para o público.
Connect BTS
Segundo o site oficial do Connect BTS, o projeto é “uma curadoria coletiva praticada por curadores de diversas partes do mundo os quais ressonam com a filosofia do BTS”.
A iniciativa irá envolver 22 artistas e ocorrerá em diversos locais do globo. O líder do grupo, Kim Namjoon, conhecido como RM, afirmou estar feliz pelo projeto ganhar vida durante a live de lançamento.
Como meu hobby favorito tem sido visitar galerias de arte, sempre me dá uma outra noção de emoção, choque e inspiração. Eu espero que mais pessoas possam acreditar no poder da arte, em como ela pode ajudar e mudar o mundo.
disse Kim Namjoon.
A tática visa atrair a atenção do público jovem e engajado da banda para o mundo artístico contemporâneo. Segundo declarações de fãs nas redes sociais, atravessar as barreiras culturais têm sido o carro chefe do grupo. O rompimento com as fronteiras musicais do k-pop, mostra a importância que o BTS vem dando ao lugar ocupado de influenciadores dessa geração.
BTS e projetos que vão além da música
Ana Ribeiro, 29, é uma advogada e fã, ela destaca como as pessoas que gostam do grupo estão sempre engajadas nos projetos produzidos e divulgados por eles.
A advogada complementa ao dizer que fica claro o propósito dos membros da banda como artistas que buscam divulgar todos os tipos de arte. A discussão sobre tópicos atuais e as referências nas músicas e videoclipes foram tópicos apontados em entrevista.
Eu soube que, quando a notícia sobre Connect BTS foi publicada, muitos fãs de Londres foram imediatamente à exposição de arte. Os que não puderam ir, compartilharam suas experiências em outras exposições, seus artistas favoritos. Lançamentos de músicas novas e projetos da banda dão uma sensação de estarmos todos juntos, mesmo que cada um esteja em uma parte do mundo. Quem presta atenção nas músicas e conteúdos do grupo sabe que eles sempre tentam gerar discussões, levar os fãs a fazer perguntas. Não é o tipo de arte para apreciar de forma passiva.
Ana Ribeiro, 29 anos, advogada e fã da banda BTS.
Além disso, é possível encontrar influência de outras áreas no trabalho musical dos sul-coreanos, como por exemplo a presença da psicologia junguiana no álbum mais recente “Map of The Soul: Persona”.
Julia Laurindo, 18, estudante de Jornalismo da FURB, ressalta que o grupo demonstra admiração pelas artes clássicas e que tenta de engajar o público em outros tipos de produções artísticas.
O grupo BTS desde sempre se baseou em artistas, músicos e filósofos clássicos. Um dos maiores exemplos é o videoclipe de Blood Sweat & Tears onde esculturas, pinturas e até o trecho de Demian são abordados. Acho que isso mostra uma admiração do próprio grupo e da equipe de criação por esses artistas e traz uma certa riqueza e diferença para os videoclipes.
Julia Laurindo, 18 anos, estudante de Jornalismo.
O resultado dos esforços deles é, de acordo com a estudante, um público que faz de tudo para entrar no universo do BTS. As amys – fãs assíduas do grupo – chegam a traduzir por conta própria o conteúdo das canções e procuram pelos artistas que fizeram parcerias com a banda.
Além disso vi várias pessoas combinando pelo twitter de se encontrar nas exposições. Acho que isso é uma maneira interessante de juntar as fãs. A tentativa deles é de levar arte para um público mais jovem e que pode se concentrar apenas em consumir a música deles.
Conclui Julia.
Confira o calendário de exposições e outras informações
Em Berlim será apresentado Rituals Of Care na galeria Gropius Bau, no dia 15 de janeiro. A exposição contará com uma apresentação de um grupo de candomblé brasileiro com denúncias contra intolerância a minorias e à arte, além de outras 16 performances.
Já em 21 de janeiro será a vez da capital argentina, Buenos Aires, apresentar as instalações Fly With Aerocene Pacha do artista Tomás Saraceno.
E em Seoul serão duas apresentações, das artistas Ann Veronica Janssens – Green, Yellow, Pink – e Yiyun Kang – Beyond The Scene – , a partir do dia 28. Nova Iorque, sendo a última cidade, apresentará uma uma instalação de 18 km feita de metal, do artista Antony Gormley chamada New York Clearing.
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Por Raquel de Jesus – Fala! UFRJ e Gustavo Magalhães – Fala! PUC-RIO