Desde a primeira convenção sobre o assunto até os chatbots de autoatendimento, a inteligência artificial percorreu um longo caminho. Conheça um pouco dessa história de como surgiu a inteligência artificial.
A ideia de objetos entidades artificiais com inteligência própria já pairava no imaginário dos seres humanos muito antes da inteligência artificial (IA) como conhecemos existir. Na mitologia grega, por exemplo, há personagens como Talos, um gigante autômato de bronze forjado por Hefesto para vigiar a ilha de Creta.
A concepção de inteligência artificial também já marcava presença na filosofia séculos antes do termo ser cunhado, como indica o cientista da computação Bruce G. Buchanan em seu artigo “A (Very) Brief History of Artificial Intelligence”. Segundo Buchanan, filósofos como René Descartes utilizavam a ideia para escrever reflexões sobre o que significa ser um humano e como pensamos.
Ele também destaca como os escritores de ficção científica empregavam a possibilidade de máquinas inteligentes em seus livros para desenvolver a fantasia relacionada a não-humanos inteligentes e para nos fazer pensar sobre nossas próprias características.
Como surgiu a inteligência artificial?
Embora as primeiras considerações sobre inteligência artificial apontem para tempos longínquos, os acontecimentos mais importantes começaram a ocorrer somente na segunda metade do século XIX. Podemos considerar que o primeiro grande passo em direção ao surgimento da IA foi dado por John Von Neumann e por Alan Turing – conhecidos por sua participação na Segunda Guerra Mundial decifrando códigos nazistas.
Eles foram figuras essenciais para a tecnologia por trás da IA. No inícios dos anos 50, conforme explica o portal do Council of Europe:
Eles realizaram a transição dos computadores com lógica decimal do século XIX para as máquinas com lógica binária. Os dois pesquisadores formalizaram a arquitetura dos nossos computadores contemporâneos e demonstraram que eles são máquinas universais, capazes de executar aquilo que é programado.
Ainda em 1950, Alan Turing publica o artigo “Computing Machinery and Intelligence”, marco da ciência computacional no qual Turing reflete se é possível que máquinas pensem. Nesse mesmo texto, está o “Teste de Turing”, cujo objetivo era determinar se uma máquina pode demonstrar a mesma inteligência que um ser humano.
Surgimento do termo e dos estudos
Para entender sobre como surgiu a inteligência artificial é necessário voltar no tempo, exatamente ao ano de 1956, para uma conferência sediada no Dartmouth College. O termo inteligência artificial foi criado por John McCarthy nessa reunião acadêmica organizada para permitir uma discussão aberta de ideias entre os melhores pesquisadores de campos variados.
Além disso, na conferência, Allen Newell, Cliff Shaw e Herbert Simon apresentaram o Logic Theorist, um programa desenvolvido para imitar as habilidades de solução de problemas de um ser humano. Ele é visto por muitos como o primeiro programa de inteligência artificial.
A conferência foi um verdadeiro divisor de águas e influenciou os trabalhos futuros no campo de IA, que hoje já é vista em soluções de atendimento multicanal, na área financeira, nas casas e carros inteligentes, além de uma infinidade de aplicações.
A era de ouro da IA (1956-1974)
As duas décadas que sucederam o evento no Dartmouth College foram marcadas por muito entusiasmo, investimentos e avanços científicos. Elas compreendem os anos de 1956 até 1974, chamados de era de ouro da IA.
Um exemplo dos estudos dessa fase é o Mark 1 Perceptron, elaborado por Frank Rosenblatt, em 1965. Trata-se do primeiro computador capaz de aprender por meio de tentativa e erro graças à aplicação de rede neural.
No mesmo período, surgiu o primeiro chatbot, ELIZA. Elaborado por Joseph Weizenbaum, ele foi uma demonstração das descobertas relativas à comunicação em linguagem natural.
O “boom” (1980-1987)
Durante o intervalo dos anos 1974 até 1980, o campo da inteligência artificial vivenciou uma fase de escassez em termos de investimentos para realização de pesquisas. Em adição, outros problemas como limitações computacionais dificultam os avanços no setor. Devido ao conjunto de desafios, esses anos receberam o nome de “inverno da IA”.
Na década de 80, essa realidade mudou graças às inovações nos algoritmos, à ampliação do uso das técnicas de deep learning e ao aumento do financiamento das pesquisas.
A inteligência artificial nas última décadas
Após 1987, a IA experimentou outro período de inverno. Felizmente, ele logo passou e deu lugar a uma série de estudos e conquistas fundamentais para o desenvolvimento da inteligência artificial. Elencamos alguns exemplos abaixo:
- Em 1997, houve a vitória do projeto Deep Blue da IBM contra o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov;
- Já em 2011, Watson, também da IBM, venceu Ken Jennings e Brad Rutter no Jeopardy! (jogo de perguntas e respostas tradicional da TV norte-americana);
- Recentemente, em 2016, o programa AlphaGo do DeepMind ganhou as partidas que disputou contra Lee Sodol, campeão de Go (um jogo de tabuleiro).
Essas demonstrações de perspicácia da IA atestam o quanto a área avançou desde seu surgimento em 1956. A presença constante dos frutos da IA no nosso dia a dia conectado também evidencia isso. Afinal, diversas ações que tomamos envolvem ou são possibilitadas pela inteligência artificial.
Os chatbots que permitem o autoatendimento em sites, as assistentes virtuais que nos auxiliam a organizar a rotina, o monitoramento de marca, as sugestões de palavras fornecidas enquanto digitamos e tantas outras facilidades não existiriam sem os esforços dos cientistas e pesquisadores da área de IA.
Do campo da imaginação, mitologia e até ficção científica até as aplicações em numerosos aspectos da vida moderna, a inteligência artificial percorreu um longo caminho. Mas isso é só o começo, um futuro promissor de inovações nos aguarda.
Depois de conhecer melhor como surgiu a inteligência artificial, você pode se interessar também por entender como ela influencia a educação moderna e o mercado de trabalho.
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Por Mayk Souza – Fala! Anhembi