Como recuperar um pasto? Melhores práticas

Recuperar pasto degradado é uma tarefa essencial para garantir a sustentabilidade da produção agropecuária e a saúde do solo. Pastagens bem manejadas não só oferecem alimento de qualidade para o gado, mas também desempenham um papel crucial na preservação do meio ambiente, no entanto, a degradação das pastagens é um problema comum que pode ser causado por diversos fatores, como sobrepastoreio, compactação do solo e erosão. 

Neste texto, exploraremos as melhores práticas para recuperar pastagens, abordando desde a avaliação inicial do estado do pasto até as técnicas mais eficazes de recuperação.

Importância de Recuperar o Pasto

A recuperação das pastagens é uma prática viável e crucial, tanto do ponto de vista técnico quanto econômico, além de melhorar a produtividade agropecuária, ela desempenha um papel fundamental na preservação ambiental.

Do ponto de vista ambiental, a recuperação de pastagens é extremamente importante porque ajuda a evitar o desmatamento de novas áreas para a formação de novas pastagens. Em um cenário ideal, se cada hectare de pastagem degradada fosse submetido apenas às primeiras etapas do processo de recuperação, a média de lotação animal no Brasil poderia dobrar, passando de cerca de 1 para aproximadamente 2 UA/ha (UA = unidade animal, equivalente a 450 kg de peso vivo). Isso significaria a possibilidade de dobrar o rebanho nacional sem a necessidade de derrubar uma única árvore.

Além de aumentar a capacidade de suporte animal, a recuperação de pastagens envolve princípios fundamentais, como a conservação do solo, a recomposição da fertilidade do solo, a manutenção da cobertura do solo, a preservação da matéria orgânica do sistema e a retenção de água. Esses fatores são essenciais para a preservação do ambiente, garantindo a recuperação da infraestrutura ambiental mínima necessária para que as funções ecológicas sejam reativadas.

A recuperação de pastagens também é crucial para a sustentabilidade das atividades agropecuárias. Sem a infraestrutura ambiental adequada, é impossível manter a produtividade e a viabilidade econômica a longo prazo, portanto, adotar práticas de recuperação de pastagens é não apenas uma questão de melhorar a eficiência produtiva, mas também de assegurar a preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade das atividades agrícolas e pecuárias.

Como identificar pastagens degradadas?

A degradação das pastagens é um problema sério que, se não tratado, tende a piorar com o tempo e identificar a degradação logo no início é crucial para garantir melhores resultados na sua propriedade. 

Pastagens degradadas comprometem a produtividade e a sustentabilidade da agropecuária, por isso, conhecer os sinais de alerta é essencial.

Sinais Visíveis de Degradação

Um dos primeiros indícios de uma pastagem degradada é a presença de solo exposto, sem vegetação e é geralmente acompanhado por uma infestação de plantas daninhas, que competem com a forragem disponível. Quando a vegetação desejada é suprimida, a eficiência do pasto diminui significativamente.

Tipos de Degradação

O processo de degradação pode ser dividido em duas causas principais: degradação agrícola e degradação biológica.

Degradação Agrícola: 

• Infestação de Plantas Daninhas: Um aumento expressivo de plantas daninhas é um sinal claro. Essas plantas competem com a forragem, levando a uma redução na produção de forragem e, consequentemente, na eficiência do pasto.

Degradação Biológica: 

• Esgotamento da Fertilidade do Solo: A queda da produtividade forrageira está diretamente relacionada ao esgotamento da fertilidade natural do solo. Solo pobre em nutrientes não suporta o crescimento saudável da vegetação.

Classificação do Grau de Degradação

Nem toda pastagem degradada pode ser recuperada. É essencial classificar o grau de degradação para tomar decisões informadas sobre a melhor abordagem a seguir. 

A tabela, a seguir, retirada da cartilha da Embrapa, demonstra os quatro níveis de degradação:

Caso existam grandes áreas de solo exposto ou uma predominância de plantas daninhas, a recuperação da pastagem pode não ser indicada. Nesses casos, a melhor abordagem é a nova implantação ou reforma do pasto.

Principais fatores que originam ou intensificam os processos de degradação 

A degradação das pastagens é um problema comum que pode ser causado ou intensificado por diversos fatores e conhecer essas causas é essencial para implementar medidas corretivas e manter a saúde do solo e a produtividade das pastagens.

1. Excesso de Lotação (Superpastejo): A sobrecarga de animais no pasto leva ao consumo excessivo da vegetação, impedindo a regeneração natural das plantas e resultando em áreas de solo exposto.
2. Falta de Correção do pH e dos Nutrientes do Solo: A ausência de correção do pH e dos nutrientes necessários durante a formação e manutenção das pastagens compromete o crescimento saudável da vegetação.
3. Técnica Inadequada de Preparo do Solo e Semeadura: Práticas inadequadas de preparo do solo e semeadura, como aração e plantio incorretos, podem levar à compactação do solo e à redução da germinação das sementes.
4. Ausência de Práticas de Conservação do Solo: Sem medidas de conservação do solo, como a construção de terraços e a manutenção da cobertura vegetal, o solo fica suscetível à erosão e à perda de nutrientes.
5. Uso de Espécies Forrageiras Não Adaptadas: Plantar espécies de forrageiras que não são adequadas ao clima e ao tipo de solo local resulta em baixa produtividade e resistência às condições ambientais.
6. Uso de Sementes de Baixa Qualidade: Sementes de baixa qualidade têm menor taxa de germinação e vigor, comprometendo a formação de uma pastagem densa e saudável.
7. Pastejo Prematuro: Introduzir animais no pasto antes que a vegetação esteja suficientemente estabelecida impede o crescimento adequado das plantas, contribuindo para a degradação do pasto.

Melhores práticas para recuperar um pasto

Recuperar uma pastagem envolve a aplicação de técnicas específicas para restaurar o vigor e a produtividade em áreas classificadas com degradação de grau 1 e 2. 

Aqui estão algumas das melhores práticas para alcançar isso:

Restaurar a Fertilidade do Solo

Utilize dados da análise do solo para realizar calagem e adubação conforme a necessidade da forrageira. Aplique calcário e adubo no início do período chuvoso, distribuindo-os de maneira uniforme sem incorporação ao solo.

Utilização de Adubação Verde com Cordões ao Nível

Plante espécies leguminosas como feijão guandú (Cajanus cajan), crotalária (Crotalaria juncea), calopogônio (Calopogonium mucunoides) e estilosantes (Stylosanthes sp). Essas plantas melhoram as condições físicas do solo e fixam nitrogênio.

Controle de Plantas Invasoras

Controle as plantas invasoras utilizando dessecantes químicos seletivos e/ou práticas de controle cultural, para evitar a competição com a forragem desejada.

Manejo da Altura de Pastejo

Gerencie a altura de entrada e saída dos animais no pasto de forma adequada. Use uma régua de pastejo para medir a altura ideal para cada espécie forrageira, garantindo a entrada e saída dos animais no momento certo.

Rotação de Pasto

Divida os pastos para permitir melhor manejo e rotação, otimizando o aproveitamento e a uniformidade da rebrota. Apesar do custo com cercas, esse sistema pode aumentar a capacidade de suporte animal por hectare quando bem manejado.

Realização de Risco com Subsolador

Faça sulcos ao nível com o subsolador em áreas com compactação do solo e pouca infiltração de água. Essa prática quebra a estrutura do solo, facilitando a infiltração da água e melhorando a umidade, favorecendo o desenvolvimento da forrageira nas proximidades.

Adotar essas práticas para recuperar o pasto pode transformar uma pastagem degradada em uma área produtiva e saudável, garantindo a sustentabilidade da produção agropecuária.Quer saber mais sobre como recuperar pasto e melhorar a produtividade da sua propriedade? Visite O Pecuário e descubra técnicas e práticas essenciais para revitalizar suas pastagens!