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Como lidar com improdutividade e inutilidade em tempos de quarentena?

A Covid-19 é uma doença nova causada por um vírus cujo comportamento ainda não foi completamente compreendido, é natural que despontem inúmeras dúvidas, perguntas e hipóteses em volta desta questão.

Como uma das medidas preventivas frente ao coronavírus no Brasil e no mundo, foi instaurado o isolamento social, que consiste basicamente numa forma de os indivíduos evitarem aglomerações, permanecendo em suas residências. Com isso, as pessoas em suas casas, durante um longo período (desde o dia 19 de março), tendem a desenvolver um sentimento de improdutividade ou inutilidade frente à sociedade.

Pensando nisso, tais sentimentos tem tomado o psicológico de muitos e, por isso, é importante saber diferenciá-los.

Sentir-se improdutivo, por vezes, está relacionado ao sentimento gerado no indivíduo em situações na qual ele não consegue alcançar os objetivos criados pela sociedade ou impostos por ele mesmo. Enquanto que o sentimento inutilidade se dá para aquele que não tem nada para fazer e, por esse motivo, não se sente útil, nem para si, nem para alguém.

A questão é: Qual o motivo dessas sensações serem tão frequentes e tão fortes?

O cérebro do ser humano possui capacidades cognitivas que, muitas vezes, associam a ideia do estar em casa a momentos de descanso e lazer. Para algumas pessoas, a rotina de trabalhar em home office já era uma prática comum, porém, para a maioria da população, a rotina foi alterada em decorrência do distanciamento social e isso diz respeito tanto ao trabalho, como aos estudos, cuidados com os filhos, lazer e tarefas domésticas.

Para os que tinham o hábito de trabalhar fora de casa, o distanciamento social tem se mostrado um processo dificultoso, porque, assim como o corpo físico, a mente do ser humano também necessita passar por um processo de adaptação. Desta forma, requer um tempo para que o cérebro entenda que, neste momento, todas as atividades serão realizadas em casa, bem como é necessário ressaltar que, para muitos, o número de afazeres também aumentou e, em decorrência de toda essa complexidade, muitas vezes, o indivíduo pode sentir que não tem produzido tanto quanto desejado, gerando um sentimento de improdutividade.

De acordo com a Psicóloga Clínica e Especialista em Terapia Familiar e de Casal, Karoline Peixoto (CRP: 06/125071), o sentimento de improdutividade tem maior recorrência e se intensifica em pessoas que sofrem de quadros de ansiedade, que correspondem a cerca de 18,6 milhões de brasileiros, e depressão que, no Brasil, corresponde a 5,8% da população, segundo dados da OMS.

improdutividade na quarentena
Com a pandemia e o isolamento social, muitas pessoas se sentem improdutivas. | Foto: Reprodução.

Soluções

Para combater a improdutividade e a inutilidade, a psicóloga Karoline traz algumas dicas que são essenciais e podem ajudar tanto no período de isolamento quanto fora dele.

1. Primeiro de tudo, reconheça os seus sentimentos e respeite os seus limites. Não é sempre que é possível dar conta de tudo. E está tudo bem. Por trás de um corpo físico, existe um ser humano e é importante compreender que não há nenhum problema, um dia ou outro, não conseguir realizar tudo o que foi programado. Respeite seus limites e, quando estiver melhor, continue.

2. Crie uma rotina, estabeleça horários para cada atividade que pretende fazer durante o dia, é importante que a mente e o corpo se adaptem com uma rotina para facilitar a qualidade de vida.

3. Estabeleça ambientes. Como dito anteriormente, o cérebro associa estar em casa com momentos de descanso e lazer. Logo, é importante estabelecer onde será seu local de estudo ou trabalho e onde será o local de descanso. Dessa forma, a mente associa os ambientes com as atividades e há um foco maior para realizar o que precisa.

4. Nunca se compare ao outro. Cada pessoa é única e tem uma forma especial de ser e se relacionar. O uso de redes sociais, como, por exemplo, os stories do Instagram, nos quais, todos postam o que estão fazendo a qualquer momento do dia, pode dar a sensação de que o outro pode estar sendo mais produtivo do que você e isso, muitas vezes, não é verdade.

Redes sociais se limitam a pequenas coisas e somente ao que o outro quer mostrar, e fazer comparações é dar mais importância ao outro do que a si próprio. Estar sendo produtivo não necessariamente é estar envolvido o tempo todo em atividades voltadas a estudo e trabalho, por exemplo, mas o próprio autocuidado, bem-estar e momentos de relaxamento e tranquilidade são formas de produtividade. Ser produtivo consigo mesmo!

No que se refere ao sentimento de inutilidade perante o momento de isolamento social, é interessante que a pessoa busque atividades que para ela façam sentindo, como algo que possa complementar na carreira, nos estudos ou, até mesmo, coisas que sempre teve vontade de fazer, mas que antes, talvez, não conseguia pelo fato de não ter tempo, como ler um livro, fazer cursos on-line ou tocar um instrumento que goste. No entanto, é importante que faça sentido para a vida da pessoa realizar esses complementos e atividades.

A partir dessas dicas, sentimentos como ansiedade podem ser amenizados durante essa fase de isolamento, contribuindo para passarmos por esse distanciamento com mais leveza e mais saudáveis emocionalmente. É sempre necessário estar em busca do nosso autoconhecimento e cuidado, visando o bem-estar da saúde física e mental.

Devemos usar conhecimentos que nos são conhecidos neste novo contexto desconhecido.

McNamee, 2001
saúde mental
Solucionar problemas, como a ansiedade, ajudam a manter a nossa saúde mental. | Foto: Reprodução.

Para mais informações, a psicóloga Karoline Peixoto atende em Santana, zona norte da cidade de São Paulo, em consultório particular.

Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar e de Casal
Karoline Peixoto
CRP: 06/125071
Contato: 11-959973678

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Por Leonardo Camargo – Fala! UFMG e Nicole Cantagallo – Fala! Cásper

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