Campeonatos interrompidos, restrições no transporte internacional, pressão de atletas e de parte da população japonesa, faz com que o organizadores aceitem o adiamento dos jogos
Tano Aso, em declaração para o The Guardian, disse que as Olimpíadas de Tóquio está amaldiçoada. “É um problema que acontece a cada 40 anos. É a maldição das Olimpíadas, isso é um fato”, Tano Aso fazia referência as jogos de 1940 em Tóquio, cancelado devido à Segunda Guerra Mundial, e de 1980 quando o evento na União Soviética foi boicotado por 66 delegações.
Já o vice-primeiro ministro e ministro das finanças do Japão demonstrou cautela e ressaltou que o país-sede quer realizar as Olimpíadas em um ambiente tranquilo, mas que esta não é uma decisão que o Japão pode tomar sozinho.
Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Organizador Internacional), no início de março, também adotou um tom cauteloso, mas ainda manteve que o cancelamento ou adiamento nunca foi uma possibilidade. E acrescentou que o comitê internacional dos jogos tem consciência das adversidades, por isso, levará em consideração os conselhos da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Até então, a organização do evento demonstrava total otimismo, enquanto realizava uma corrida contra o tempo para as Olimpíadas ocorrerem de 24 de julho a 9 agosto de 2020. Quando Maruyuki Takahashi, membro executivo do Comitê Organizador do Japão, no dia 10 de março, sugeriu que a Olimpíada ocorresse em 2021 ou 2022, teve sua declaração definida como absurda pelo chefe do mesmo comitê, Yoshiro Mori.
No entanto, o COI e o Comitê Organizador do Japão no último domingo (22), em uma reunião de emergência, consideraram pela primeira vez a possibilidade de adiamento dos jogos. Mesmo o Japão sendo um dos exemplos no combate do novo coronavírus, o número de casos no país ultrapassa a marca de 1600 contaminados.
Na circunstância presente, e baseados na informação providenciada pela Organização Mundial da Saúde, o presidente do COI e o primeiro-ministro do Japão concluíram que os Jogos da 32ª Olimpíada em Tóquio devem ser reagendados para uma data para além de 2020.
COI confirma o adiamento, em um comunicado com o governo japonês
Como a economia será afetada
O governo japonês, assim como o COI, parecia ignorar a pandemia. Shinzo Abe, sustentou o discurso de que a propagação da infecção seria superada e os jogos seriam sediados como o planejado.
Porém, o primeiro ministro do Japão confirmou que, na quarta-feira (24), pediu ao COI o adiamento por um ano das Olimpíadas. Segundo SMBC Nikko, o adiamento terá um impacto negativo de 0,9% no PIB.
O setor mais afetado da economia será o turismo, que já estava em baixa antes da pandemia. Além disso, a confiança do consumidor japonês será abalada, pois o país receberia 2 bilhões de euros da receita gerada pelos espectadores de outras partes do mundo neste ano.
Mesmo assim, uma enquete realizada com mil habitantes do Japão, publicada na agência de notícias Kyoto, mostrou que quase 70% não acredita que Tóquio poderia sediar os Jogos. E muitos ressaltaram que não gostariam de receber milhares de estrangeiros em meio à pandemia de coronavírus.
Consequências do adiamento para os atletas
Da mesma forma pensava a maioria dos atletas, que tiveram sua rotina de treinamento paralisada e eventuais testes preparatórios adiados. Além disso, apenas 57% das vagas olímpicas foram preenchidas até o momento, dessa maneira, o COI precisaria adotar novos princípios para a distribuição de vagas. Por isso, vários atletas fizeram apelos ao COI para o adiamento e comemoraram a decisão final da organização dos jogos.
Bruno Fratus, nadador olímpico brasileiro que está sem treinar por conta da pandemia chegou a pedir publicamente para Kirst Coventry, líder da comissão de atletas do COI, para adiar as Olimpíadas.
Além de Fratus, Bruno Rezende, campeão olímpico de vôlei que defende o clube Civitanova na Itália, e também está sem treinar, já havia se manifestado a favor do adiamento.
Os comitês organizadores do evento ainda não deram muitas informações sobre como vai ocorrer os jogos em 2021, somente que será realizado até o verão do próximo ano. E que, por razões comerciais, o nome da competição permanecerá Tóquio 2020.
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Por Camila Nascimento – Fala! Cásper