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Cesta para a solidariedade: o trabalho voluntário da NBA Cares na pandemia

O jogo de basquete vai muito além dos quatro cantos da quadra e dos 24 segundos do cronômetro. As jogadas continuam sendo feitas do lado de fora das arenas com outros propósitos, no entanto, com uma cesta que pode valer muito mais que três pontos. As ações voluntárias têm sido recorrentes depois que a Liga Americana de Basquete (NBA – National Basketball Association) criou, em 2005, a NBA Cares, um programa que promove trabalho voluntário em comunidades necessitadas visando melhorar a vida das pessoas. Além das ações solidárias, a organização utiliza a imagem do basquete, dos times e dos jogadores para despertar sobre a importância de discutir as problemáticas sociais, como, por exemplo, os meios de garantir educação de qualidade para todos e a manutenção de escolas e hospitais. 

A força-tarefa esportiva ganhou muita importância e notoriedade devido à crise sanitária vivida atualmente no mundo: a pandemia de Covid-19 mudou drasticamente a rotina das pessoas e dificultou ainda mais a realidade de algumas comunidades.

O time Utah Jazz, situado no estado americano de Utah, realizou uma ação conjunta entre o “Utah Jazz Doing Good”, projeto voluntário do time, e a NBA Cares, promovendo a distribuição de alimentos para a também organização local “Utah Food Bank”, que produz refeições e distribui alimentos para as pessoas necessitadas. Ao todo, eles receberam cinco mil dólares de doações e arrecadaram cerca de 10 toneladas de alimento, o que equivale, aproximadamente, segundo Frank Zurg, organizador do evento e vice-presidente de comunicação do time do Utah Jazz, a 36 mil refeições.

assistência social
Organização Utah Food Bank. | Foto: Reprodução.

Além disso, Zurg reconhece as dificuldades em ajudar todas as pessoas e planejar a estrutura dos centros de doação, uma vez que é preciso ter controle da quantidade de voluntários e todos os cuidados higiênicos. O apoio dos jogadores do time também se mostra essencial nesse período:

O basquete é uma parte importante da comunidade. Os jogadores usam as redes sociais para se aproximarem das pessoas e levarem mensagens de esperança. Além disso, Ruby Gobert e Donovan Mitchell também contribuíram fazendo doações financeiras para os funcionários do time e doando refeições para crianças carentes. Toda ação é muito importante nesse período de crise de saúde. 

Conclui

Segundo Juana, frequentadora do projeto, “As doações são muito importantes, pois meu marido é o único que trabalha e nós temos quatro filhos. Devido à pandemia de Covid-19, também estou fazendo a minha parte compartilhando minha comida extra com um casal mais velho do meu bairro que está doente e, por isso, não pode sair de casa agora”, revela.

A dificuldade também está presente dentro das entidades voluntárias, que dependem de contribuições e parcerias. De acordo com Heidi Cannella, diretora de comunicação do Utah Food Bank, apesar das doações da NBA Cares, ainda existe um  aumento da demanda de pessoas precisando de assistência: “Desde o início da pandemia, o Utah Food Bank registrou um forte aumento na necessidade de arrecadar alimentos, porém, a flexibilidade necessária para atender a essa crescente é extremamente desafiadora, tanto do ponto de vista financeiro quanto do ponto de vista das operações. Nós precisamos de parcerias e doações para que nosso trabalho seja exercido em sua plenitude e nem sempre isso é possível”, afirma. Além disso, Cannella também teme sobre os futuros impactos sociais e econômicos que podem atingir a instituição e a sociedade.

Utah Jazz Doing Good
Assistência fornecida pelo time Utah Jazz. | Foto: Reprodução.

A organização BGC Houston (Boys and Girls Club), projeto que promove a educação para crianças e adolescentes, foi outra beneficiada pela NBA Cares em parceria com o time Houston Rockets. Juntos, eles doaram kits escolares e refeições para as crianças, que foram distribuídos pelos voluntários e pelo mascote do time, já que todas as atividades presenciais e grupos de estudo foram suspensos devido à pandemia.

Segundo Mari Bosker, colaboradora do projeto e diretora de comunicação da BGCH, existem muitas adversidades a serem superadas nesse momento, como a logística para atender todas as pessoas necessitadas e a falta de recursos: “Junto com o resto do mundo, temos lidado com muitos desafios. Isso trouxe incerteza e perturbação para as comunidades que servimos. Com mais e mais pessoas desempregadas, sem licença ou trabalhando com horário reduzido, muitas famílias estão no limite financeiramente e nós precisamos redobrar as doações. Ademais, também precisamos de recursos para pagar todas as despesas e arrecadações para conseguir atender todas as famílias”, diz.

A realidade atual pode não oferecer uma perspectiva positiva para o futuro e as adversidades, apesar de recorrentes, precisam ganhar relevância para que, assim, sejam solucionadas da melhor forma possível. Porém, assim como no basquete e mesmo diante desse cenário incerto e desafiador, é preciso fintar todos os adversários, infiltrar na defesa e, no final, chegar até a cesta para marcar o ponto para a solidariedade. É certo que as pequenas ações fazem a diferença e são cruciais para que os indivíduos recuperem a esperança por dias melhores e ajudem uns aos outros. 

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Por Maria Luiza Lima Andrade – Fala! Cásper

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