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Como é casar com alguém que fala uma língua diferente?

Com o avanço da globalização, casamentos interculturais são cada vez mais frequentes – e em muitos desses casos, os parceiros têm línguas nativas diferentes. Isso não necessariamente é uma barreira intransponível para o relacionamento, já que casais bilíngues podem se tornar mais próximos compartilhando suas línguas e culturas. Mas e quando os idiomas nativos são tão diferentes que a comunicação só é possível em inglês?

Para responder isso, conversamos com a Safire Godoy, uma jovem brasileira que se casou com um suíço! Safire, ex-estudante de publicidade no Mackenzie, ex-aluna da Cultura Inglesa por mais de 5 anos e uma das primeiras colaboradoras do Fala!, conheceu o marido, Lenny Berger, em Abril de 2014, pelo Instagram. Como Lenny não falava português e Safire não falava suíco-alemão, a história deles, como tantas outras, teve início na língua franca do ocidente – o inglês. Confira:

Como vocês se comunicam no dia-a-dia? O idioma impõe alguma barreira?

Safire: Em casa, conversamos em inglês. As vezes rola um português e um alemão perdido, mas é muito difícil. Eu ainda consigo desenrolar um alemão, mas ele não tem muita prática com o português, então ficamos com o inglês mesmo.

O complicado é que existem palavras em português que não tem tradução para o inglês, aí às vezes ficamos tentando explicar coisas um para o outro na própria língua, e acaba que ninguém entende nada.

Vocês planejam ter filhos? Se sim, em que(uais) língua(s) pensam em criá-los?

Safire: Planejamos no futuro sim. Como moramos na Suíça, é muito difícil dizer em qual língua a criança será criada. Com certeza terá muito inglês envolvido, muito português e definitivamente muito suíço-alemão, que é a língua oficial de onde moramos, e diferente do alemão falado na Alemanha.

Entre vocês é muito forte a diferença cultural? Além da língua, a quais costumes do seu parceiro você teve que se adaptar, e vice-versa?

Safire: Não muito. O Lenny é uma pessoa muito mente aberta, temos muito em comum, mas mesmo assim existem algumas coisas. Por exemplo, nós brasileiros estamos acostumados a falar alto, e aqui nem em bar você ouve gente falando alto, chega a ser engraçado.

E o que vocês têm em comum de maior afinidade?

Safire: Em comum, nós dois somos muito espontâneos. É normal chegar no final de semana e nos perguntarmos o que vamos fazer, ou saírmos dirigindo sem rumo. Na última vez, fomos parar na Itália, em uma cidadezinha na fronteira com a Suíça, para jantar, sem nenhum planejamento. Fazemos bastante isso e temos sempre boas histórias para contar sobre nosso final de semana!

Vocês tiveram dificuldades para conversar com familiares?

Safire: Nem um pouco, nem eu com a família dele, nem ele com a minha. Ambas as famílias conseguem se comunicar em inglês, e caso alguém não entendesse alguma coisa, sempre dávamos um jeito de nos comunicarmos.  Nosso casamento foi aqui na Suíça, meus pais vieram e, claro, não falam alemão. Também tínhamos amigos dos EUA que vieram e acabamos com uma cerimônia em 3 línguas diferentes. Mas no final, todo mundo conseguia entender o inglês.

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