Com proposta da BRF, a carne cultivada em laboratório através de célula animal pode chegar ao mercado brasileiro já no próximo ano.
O projeto da BRF, uma das maiores empresas do setor de alimentos do mundo, aguarda aprovação da Anvisa para inserir a carne cultivada no Brasil. A promessa é de que a aparência, a textura e o gosto sejam os mesmos da proteína animal, porém sem a necessidade do abate.
Em parceria com a startup israelense Aleph Farm, a empresa cultiva carne em laboratório com o objetivo de suprir a demanda por proteína animal sem impactar o meio ambiente. A possível aprovação da Anvisa pode incluir a comercialização da carne cultivada no mercado brasileiro já no ano que vem.
O que é a carne cultivada em laboratório?
Esse é um processo que vem ocorrendo ao redor do mundo. Em 2020, Singapura foi o primeiro país a aprovar a comercialização da carne cultivada. No ano passado, o mesmo processo se adiantou na Europa e a tecnologia já foi implementada no Reino Unido. Mas afinal, o que é a carne cultivada?
A produção da carne cultivada em laboratório é possível através da coleta de células bovinas, processo feito em animais saudáveis e que não traz nenhum tipo de prejuízo para a sua qualidade de vida.
A partir disso, se inicia o cultivo das células em laboratórios. Em condições controladas, as células são cultivadas e nutridas até que formem um tecido. É através da regeneração deste tecido que o resultado aparece: Uma carne com a mesma aparência, textura e gosto da proteína que estamos acostumados.
Redução nos impactos ao meio ambiente
O Brasil é o país que mais consome proteína animal no mundo, com uma média de 30kg de carne por habitante a cada ano. Em 2020, por exemplo, foram produzidas 8,7 milhões de toneladas de carne no país.
De acordo com uma pesquisa da World Resources Institute, a pecuária é responsável por gerar 7,1 gigatoneladas de CO2, o que representa 14,5% das emissões de gases de efeito estufa. Já segundo estudos da Universidade de Oxford e da Universidade de Amsterdã, a carne cultivada traz uma grande redução dos impactos ao meio ambiente.
Os estudos apontam que essa tecnologia é capaz de suprir a proteína animal com 96% a menos de emissão de gases de efeito estufa. Além disso, a indústria da carne cultivada exige um gasto muito menor de água e energia: entre 82% a 96% a menos no consumo de água e 45% menos gasto de energia.
Vista como uma boa alternativa de suprir a demanda por proteína animal sem impactos ao meio ambiente, a tendência é que o processo de inserção da carne cultivada seja cada vez mais presente ao redor do mundo.
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Por Murillo Bedoschi – Fala! Cásper