Time ganhou notoriedade durante o mês de outubro
O Bahia vem obtendo bons resultados nesse ano de 2019. O time é o atual bicampeão baiano e os comandados de Roger Machado estão fazendo uma boa campanha no Brasileirão, lutando por uma vaga na Libertadores do ano que vem. Além disso, o centroavante titular do time, Gilberto, é o vice-artilheiro do ano no Brasil, com 26 gols marcados em 49 jogos. Mas, o clube foi destaque nas mídias durante todo o mês de outubro por motivos que não estão em campo.
Desde o começo do mês, o clube passou a disponibilizar em seu aplicativo para celular, o “BBMP”, uma aba chamada “Denuncie aqui”. Através dela, as mulheres que forem assediadas durante os jogos poderão fazer suas denúncias em tempo real. Elas devem deixar um depoimento, dizendo o que houve e em que local do estádio, para que o Bahia possa acionar a Ronda Maria da Penha, da Policia Militar.
A ação é a continuação da campanha “#MeDeixeTorcer”, realizada pelo clube contra o machismo no futebol, que começou em maio desse ano. Nessa época, foi criado um site onde as mulheres podiam contar as situações que passaram e se informar sobre a Ronda Maria da Penha. A plataforma ainda está disponível.

Outra situação que ganhou evidência ocorreu no dia do jogo contra o Fluminense, pelo Brasileirão, onde Roger Machado e Marcão, técnico do clube carioca, vestiram uma camisa do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, pois os dois são os únicos técnicos negros na série A do campeonato.
Durante a entrevista coletiva dada após o jogo, a derrota do time baiano ficou em segundo plano, pois o discurso de Machado sobre o racismo no futebol brasileiro mereceu todos os holofotes: “Não deveria chamar atenção dois treinadores negros na área técnica, depois de serem protagonistas dentro do campo. Essa é a prova que existe o preconceito, porque é algo que chama atenção. Na medida que a gente tem mais de 50% da população negra e a proporcionalidade que se representa não é igual.”
O técnico comentou também sobre as diferentes formas pelas quais o racismo se apresenta na nossa sociedade: “O preconceito que sofri não foi só de injúria racial. O que sofro é quando vou a um restaurante e só tem eu de negro. Fiz uma faculdade onde só eu era negro. As pessoas podem falar que não há racismo porque estou aqui e eu nego: há racismo porque só eu estou aqui.” Ao longo da entrevista, Machado deu diversas declarações que viralizaram na internet e despertaram vários debates sobre o tema.

Por último, o time baiano novamente foi destaque ao utilizar uma camisa manchada de óleo durante o jogo contra o Ceará, válido pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. A ação foi um protesto contra o óleo encontrado nas praias do nordeste, do Maranhão à Bahia, afetando a vida marinha e as pessoas que vivem ao redor.
O time vai leiloar as camisas e doar o dinheiro para organizações sem fins lucrativos que estão ajudando na limpeza das áreas atingidas e lutando para impedir que o óleo se espalhe mais. Além disso, o tricolor baiano publicou um manifesto exigindo a investigação e punição dos envolvidos no desastre ambiental. O Ceará também participou da ação, utilizando luvas pretas em alusão a cor do petróleo e as pessoas que estão ajudando a limpar o mar com as próprias mãos.

Através dessas ações, o Bahia foi noticia não só no Brasil, mas também na imprensa internacional. Isso se deve ao fato de que o envolvimento de clubes de futebol com questões sociais vêm se tornando algo raro, mesmo que a influência exercida por essas instituições seja enorme.
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Por Geovanna Dourado Hora – Fala! PUC