Há anos questiona-se a falta de anticoncepcional masculino no mundo e, devido ao avanço da ciência nas últimas décadas, novas soluções para essa alternativa estão sendo pensadas. Esse é o caso do novo anticoncepcional masculino criado pela designer alemã Rebecca Weiss, juntamente com pesquisadores americanos – o COSO. Diferentemente de todos os anticoncepcionais femininos, o Coso é um aparelho baseado no ultrassom, que representa uma revolução nos métodos contraceptivos.
Conheça COSO, o anticoncepcional masculino
Conforme explicado por Weiss, ao site UPI, o contraceptivo consiste em um dispositivo que proporciona algo como um “banho” nos testículos, neutralizando os espermatozoides. O Coso age como uma pequena banheira, onde coloca-se os testículos a cada dois meses, e, dessa forma, as ondas de ultrassom afetam diretamente a cauda dos espermatozóides, o que compromete sua movimentação. Além de levar poucos minutos, esse processo causaria apenas a sensação de um “banho” morno e seria totalmente indolor.
Assim como milhares de mulheres, que sofrem com os efeitos colaterais e os riscos a longo prazo dos anticoncepcionais tradicionais, Rebecca Weiss teve um câncer cervical, com suspeita médica de origem relacionada ao frequente uso de pílulas anticoncepcionais – o que a inspirou a desenvolver novas formas de contraceptivos masculinos.
O artefato criado pela alemã recebeu o prêmio James Dyson Awards, o qual busca encorajar novas ideias de designers que possam solucionar problemas. Testado apenas em animais, a designer pretende utilizar o valor do prêmio para financiar testes clínicos, a fim de confirmar a eficácia do dispositivo e registrá-lo em agências científicas reguladoras. Na apresentação de seu projeto no Dyson Awards, Weiss destacou a falta de métodos anticoncepcionais masculinos quando ela e seu companheiro foram avaliar as alternativas e relatou: “Esse problema não é só meu. Ele afeta muitas outras mulheres e torna evidente que se discuta publicamente alternativas”.
A realidade dos anticoncepcionais
Assim como pontuado pela designer, muitas mulheres questionam a intensa responsabilização da contracepção aos corpos femininos. Desde a criação da pílula anticoncepcional, na década de 1960, as mulheres convivem com diversos efeitos colaterais e, atualmente, já são 214 milhões de usuárias da pílula anticoncepcional em todo mundo. Apesar de grande parte dos efeitos colaterais terem sido amenizados ou solucionados pela ciência, muitas ainda sofrem com consequências paralelas e a maioria dos métodos podem ser bastante inacessíveis.
Além disso, por mais que a variedade de opções contraceptivas femininas seja uma realidade, a falta de educação sexual e de informação sobre o assunto, como acontece no Brasil, por exemplo, são determinantes para a manutenção dessa realidade. Apesar de novidades científicas, como o próprio Coso, a opção de anticoncepcionais masculinos ainda é uma realidade muito distante e que abre espaço para muitos questionamentos, como a funcionalidade desses métodos, o comprometimento dos homens, a adesão do mercado farmacêutico, entre outras incertezas.
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Por Jovana Meirelles Soares – Fala! UFMG