Professores da rede pública e particular do Rio de Janeiro comentam sobre o retorno presencial das aulas em 202o e Secretário Estadual de Educação discute metas para o novo ano
Sem aulas há 7 meses, a volta presencial para os alunos do terceiro ano do Ensino Médio e do EJA (Educação de Jovens e Adultos) teve início no dia 30 de setembro de 2020, para os colégios particulares, e no dia 19 de outubro, para os colégios da Rede Estadual do Rio de Janeiro. De acordo com o Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/RJ), apenas 20% dos colégios privados reabriram às portas. Já segundo a Secretária Estadual de Educação, 16 dos 92 munícipios do estado do Rio aderiram à reabertura dos colégios estaduais, dentre eles: Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Nilópolis e Niterói.
A autorização do retorno dos colégios estaduais foi anunciada em outubro do ano passado, quando o governador em exercício, Cláudio Castro, comunicou o retorno às aulas presenciais para 126 mil alunos inscritos nessa série. Na ocasião, ficou definido que os demais anos letivos só teriam a opção de aulas presenciais este ano.
O retorno das aulas presenciais em 2021
Em meio a mais de 100 mil mortes pelo novo coronavírus em outubro, o Governo do Estado estabeleceu normas de infraestrutura para o retorno das aulas nos colégios públicos e particulares. Além das normas de distanciamento, o ano nos colégios estaduais foi dividido em um bloco único chamado “Ciclo de Aprendizagem“, foi feito de forma optativa e os estudantes não puderam ser reprovados. O calendário de 2020 teve cerca de 35 dias letivos, terminando apenas no dia 22 de dezembro. Na rede particular, a presença dos estudantes e o calendário letivo dependeu do planejamento de cada escola.
Segundo as instituições de ensino públicas e particulares, a retomada das aulas presenciais visava preparar os alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ocorrerá nos dias 17 e 24 de janeiro deste ano. No entanto, as expectativas dos professores são baixas com relação à prova, além da baixa adesão de alunos da rede estadual que retornaram às aulas – apenas 5% no primeiro dia de aula, ainda há um déficit educacional preexistente.
A professora de sociologia do Colégio Estadual Visconde de Cairu, localizado na Zona Norte do Rio, Priscila Telles, comenta sobre essa defasagem:
As chances são pequenas, eles carregam uma defasagem muito grande desde a primeira série do ensino médio por questões de infraestrutura, falta de professores, de disciplinas. E o que a pandemia neste ano de 2020 acabou acentuando essa desigualdade.
Para o professor de História do Colégio Qi, Thiago Hanashiro, em meio ao aumento da curva do coronavírus, ele confessa não ter se sentido seguro e achado precipitada a reabertura dos colégios privados. No entanto, para o professor, a rede particular foi pressionada a voltar: “Eu trabalho em uma escola particular voltada para o vestibular, majoritariamente, e sinto que a galera voltou por uma pressão fundamentalmente econômica, os pais fazendo pressão, percebendo que o Enem aconteceria de uma forma ou de outra. A escola foi obrigada a retornar”.
Tratando-se das medidas sanitárias prometidas pelo Governo do Estado, o professor de História, Rafael Bastos, alega que a higienização da Escola Estadual Barão de Macaubas, no Rio de Janeiro, só foi feita no dia anterior ao retorna das aulas, além disso, muitos alunos estavam sem máscara, o que o fez desistir de retornar a lecionar.
Na verdade, foi tudo baseado em improviso. Na minha escola do estado, os diretores mandaram fotos dias antes com aqueles homens de roupas brancas fazendo a higienização da escola com produto químico. Só que isso (a higienização) é o seguinte: quando você ocupa um ambiente, ele tem que ser higienizado todo dia. Só que o Estado não tem condições de fazer isso. A escola fez isso uma vez e reabriu e depois era paninho na mesa sabe-se lá com o que. Nas escolas do estado, a gente não tem nem sabão nos banheiros, essa é a verdade.
No entanto, o retorno das aulas presenciais de 416 escolas públicas do estado não durou dois meses. Com o aumento do número de casos em quatro regiões, 12 municípios fecharam suas escolas novamente, a partir do dia 30 de novembro do ano passado. A informação foi divulgada pelo Secretário de Educação do Rio, Comte Bittencour. Sobre os colégios particulares que reabriram, os dados não foram divulgados.
O que esperar da educação pública em 2021
O Secretário Estadual de Educação, Comte Bittencourt, apresentou, na Assembleia Legislativa (Alerj), dois planos para este ano no Rio de Janeiro. A previsão para o início das aulas é no dia 1º de março.
O primeiro plano busca intercalar aulas presenciais e remotas. Já o segundo plano, prevê apenas aulas remotas. A decisão vai depender dos rumos da pandemia no estado. As matrículas estavam abertas pelo site Matrícula Fácil até o dia 22 de dezembro. Segundo o Secretário, até agora, 88% dos estudantes da rede pública já renovaram a matrícula para este ano.
A Secretaria de Educação começou a fazer as reuniões com o corpo docente e os servidores da Educação a partir do dia 11 de janeiro, para traçar os trabalhos em 2021.
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Por Maria Júlia Melo – Fala! UERJ