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A paralisação dos estaduais por conta do coronavírus

A bola parou de rolar em 18 dos 27 campeonatos estaduais ou regionais devido à pandemia de coronavírus que chegou ao Brasil. Sendo que outros oito estão sendo disputados de portões fechados, com exceção ao tocantinense. Enquanto o mundo segue suspenso, o futebol, sua indústria e os torcedores tentam lidar com os impactos causados pelo Covid-19 nas competições iniciais do calendário brasileiro.

Arena do Grêmio vazia. | Foto: Lucas Uebel/Getty Images

Na sexta-feira (20), representantes da Comissão Nacional dos Clubes realizaram uma reunião on-line para formalizar uma série de propostas à Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) e demais sindicatos de atletas. As propostas, que podem ser conferidas na íntegra em matéria do Globo Esporte, visam lidar com a dificuldade dos clubes em gerar receitas para pagar os jogadores integralmente.

Os jogadores, principalmente os que disputam a Série A, contudo, não receberam bem a primeira proposta dos clubes, segundo reportagem do portal Uol na segunda-feira (23). Em matéria do O Globo, publicada no mesmo dia, foi divulgado que os clubes já atualizaram a proposta.

A preocupação vai dos dirigentes dos grandes clubes aos pequenos, que temem consequências econômicas. As mais significativas são a suspensão da cota de transmissão da televisão, a ausência do lucro vindo das bilheterias e da venda de produtos licenciados e a rescisão de contrato de patrocinadores. Como é o caso da Azeite Royal, patrocinadora dos quatro grandes do Rio, que comunicou aos clubes no sábado (21) a rescisão dos contratos. Segundo o jornalista da ESPN e do Yahoo, Jorge Nicola, o valor investido no total girava em torno de R$ 10,9 milhões por temporada.

Os clubes e os jogadores, contudo, não são os únicos extremamente afetados. Toda a indústria do futebol, sobretudo a informal, sofrem os impactos. Desde a fornecedora de material esportivo que planejava lançar novas camisas, como o caso da Umbro, que planejava lançar o novo uniforme do Fluminense no dia 22, ao vendedor de balas em dias de jogo na Fonte Nova, estádio do Bahia.

O torcedor, preso ao sofá, tem que lidar com a falta do seu entretenimento favorito às quartas e aos domingos. Para ocupar o espaço que era do futebol ao vivo, algumas emissoras têm reprisado alguns jogos históricos. O Premiere, por exemplo, exibiu, no sábado, um compacto do jogo de volta entre Cruzeiro e Atlético Mineiro válido pela Copa do Brasil de 2014.

Essa tem sido a saída para o fanático não deixar a bola rolar ao menos na sua televisão. Outra opção, é claro, são os documentários e filmes relacionados ao esporte disponíveis nas plataformas de streaming, como a Netflix.

Em contramão à consciência demonstrada pelos clubes em suas redes sociais, estão as federações estaduais, que não abrem mão das rodadas finais dos seus campeonatos. Por mais que o principal campeonato do país seja o nacional, Michelle Ramalho, presidente da Federação Paraibana de Futebol, disse em entrevista ao Globo Esporte que, em reunião com Rogério Caboclo, presidente da CBF,o mandatário garantiu o término dos estaduais.

Rogério Caboclo poderá convocar um novo arbitral e poderá mudar o formato, caso essa onda do vírus venha a se alargar. Com certeza alguém vai ter que espremer seu campeonato. E antes eles (o Brasileirão) do que os estaduais.

Afirmou a presidente da FPF

Essa declaração indica que os estaduais voltarão após a paralisação e o Campeonato Brasileiro sofrerá alterações significativas no seu calendário de jogos. Ainda que para isso o fator técnico seja preterido em função do jogo político, já que são as federações que elegem o presidente.

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Por Carlos Vinícius Magalhães (UFRJ)

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