Por Karolyne Oliveira – Fala!Cásper e Thiago Dias – Fala!Anhembi
Bolsonaro no centro do Roda Viva
O programa Roda Viva, da TV Cultura, é o programa mais antigo de debate da televisão brasileira. Neste ano de eleições presidenciais o Roda Viva vem fazendo uma série de debates com candidatos à presidência da república, na segunda feira dia 30 de julho, Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), foi o candidato escolhido para se sentar no meio da roda de debate.
O Debate inicia com o entrevistador Ricardo Lessa fazendo sua primeira pergunta como de praxe a Jair Bolsonaro: ”A primeira pergunta que eu costumo fazer para todos os pré-candidatos que estiveram aqui é: Qual a obra e qual a realização que o senhor seria lembrado na história se eleito como uma marca sua, seu nome ligado”.
O presidenciável responde a Ricardo ”O redirecionamento do Brasil no tocante a sua política. Nós cansamos da esquerda, queremos um Brasil liberal que faça comércio com o mundo todo, se o viés ideológico que respeita a família, valorize o homem do campo, jogue pesado contra o MST”. O apresentador reforça a pergunta a Bolsonaro, explicando que suas colocações são ideias gerais para um possível governo, e que a pergunta se refere à ”um projeto/realização ou obra que o senhor tem em mente que gostaria que passasse na história pelo seu nome”. Bolsonaro responde que sua marca seria que a economia brasileira passasse a ser liberal.
O ex-militar também fala abertamente que não entende de economia, e que se for eleito esse trabalho será delegado à Paulo Guedes, seu amigo de longa data. Quando questionado se existe um plano B para os assuntos econômicos do País – se algo acontecesse com essa amizade, o País ficaria sem alguém para cuidar dos assuntos deste cunho – o candidato assegura que isso nunca ocorrerá.
Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal valor econômico, perguntou para Jair Bolsonaro sobre o fato que aconteceu na votação do Impeachment da ex presidenta Dilma Rousseff, em que o candidato do PSL fez homenagem ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado no tribunal de segunda instância por tortura. Maria Cristina perguntou: ”Como o senhor define tortura e se o eleitor deve esperar, caso o senhor seja eleito presidente da república, aceitar a tortura como uma prática das forças policiais do estado?”
Jair Bolsonaro declara que acredita que a maioria das torturas não aconteceu, e comenta que maior parte da população tirava ”proveito” do período militar: pessoas que afirmavam que tinham sido torturadas no período da ditadura militar faziam isso para conseguir benefícios do Estado.
Enquanto rolava o debate, o que realmente chamava atenção era a genialidade do cartunista Paulo Caruso, que desenhava todo o programa, inclusive brilhantes caricaturas de Bolsonaro com frases do tipo “Nós cansamos da esquerda’’.
Sobre o assunto cotas, ele bradou que não tem nenhuma dívida com qualquer pessoa negra, afinal não escravizou ninguém, e solta a frase de mais impacto da noite, algo como “os portugueses quase não pisavam no continente africano, mas os negros negociavam os próprios africanos e os entregavam aos portugueses”.
É de conhecimento de grande parte da população que Jair, em 27 anos como deputado federal pelo Rio de Janeiro, criou pouquíssimos projetos que foram aprovados. Ele disse que apresentou mais de quinhentos projetos, ao que o jornalista Bernardo Mello Franco, colunista do O GLOBO, negou rebatendo que foram apenas 120, e que somente dois foram aprovados. O candidato a presidente rebate que o que importa não é o números de projetos propostos, mas que infelizmente qualquer projeto criado por ele é visto de forma diferente pela câmara e dificilmente é aprovado.
Jair Bolsonaro declara que seu melhor projeto era a volta do voto impresso, mas infelizmente não foi aprovado, e afirma que eleição sem voto impresso fica a eleição sob suspeita. Agradece ao ex-deputado Eduardo Cunha por ter votado a favor do seu projeto e afirma que gostaria de ter convivido mais com o mesmo.
”Qual o outro caminho, entregar pro PT ou PSDB?”, pergunta Bolsonaro.
Leonêncio Nossa, repórter do Estado de S.PAULO, pergunta ao candidato sobre as críticas feitas aos refugiados, afirmando que os mesmos são a escória do mundo. Ironicamente, ao mesmo tempo Bolsonaro pede votos em igrejas evangélicas, e se apresenta como cristão. “O senhor sabia que o Jesus Cristo foi refugiado?” perguntou um repórter.
“Olha só… Eu nunca generalizei no tocante a refugiados e à nova lei de imigração, é um absurdo, o Brasil agora não tem fronteiras. Entra bem quem entender pra cá e junto com essas pessoas não interessa de onde se veio, vem gente que não presta pra cá temos que tomar cuidado’’, responde Jair Bolsonaro.
O candidato a Presidência ainda afirma que, “na sua casa você não deixa qualquer um entrar nela, por que na nossa casa que é o Brasil qualquer um pode entrar?”. O presidenciável ainda reforça que isso não é xenofobia, “é apenas a maneira de cada um cuidar do seu país”. Nos últimos anos no nosso país vizinho, cerca de 1 milhão de pessoas já deixaram o território venezuelano, de acordo com a pesquisa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Mais de 200 mil venezuelanos já entraram no Brasil em busca de uma vida melhor.
O Colunista do Estado de S. Paulo, Leonêncio Nossa, também perguntou sobre o desemprego no campo. Bolsonaro, sobre o desemprego no campo , cita que a “culpa” é da tecnologia, e que as máquinas estão substituídos as pessoas.
Ricardo Lessa finaliza o debate perguntando sobre seu livro de cabeceira, Bolsonaro responde “A Verdade Sufocada”, de Brilhante Ustra, famoso general acusado de torturar pessoas na ditadura.